Vem aí um novo imposto?

Havia rumores. Especulava-se sobre essa hipótese nos corredores do Senado. E alguns blogs começaram a noticiar.

Aconteceram, no entanto, enfáticos e peremptórios discursos na última semana, na Câmara dos Deputados, quando da votação da Emenda 29, a famosa emenda que regulamenta a destinação de recursos para a saúde. Todos contrários à ideia. Mas agora é oficial. E pela palavra da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti . Parece não haver mais dúvida. Vem aí, sim, um novo imposto para substituir a CPMF e garantir mais recursos para a saúde.

Isso na teoria, porque aquela contribuição acabou usada para outros fins. É bom lembrar que o então ministro da Saúde, Adib Jatene, mais de uma vez denunciou a diversa utilização daquele dinheiro, quer dizer, o dinheiro da CPMF não foi para a saúde. Ideli Salvatti é muito clara em entrevista ao “Estadão”, nesta segunda-feira: o governo precisa de R$ 45 bilhões anuais para financiar investimentos em saúde no país.

Disse Ideli: “O governo tem clareza de que precisa de novas fontes para a saúde. Nós já colocamos o dedo na ferida.”

E a uma nova pergunta, respondeu que sim:

” É um novo imposto, que poderá ser de uma forma ou de outra. A questão é que essa nova fonte tem de ser adequada à conjuntura econômica e só pode ser criada com uma discussão de caráter federativo e em consonância com o Congresso”.

Palavrório à parte, vamos ser claros: está sendo gestado mais um encargo para o contribuinte.

Mas é hora para isso?

Não sei, não.

Os políticos deveriam pensar muito bem antes de propor alguma coisa do gênero.

A população não suporta mais o ônus de impostos multiplicados, sobrepostos, abusivos.

E ser empresário, hoje, no Brasil, pagando toda a carga tributária estabelecida (37%, uma das maiores do mundo), é tarefa para gigante. Com exceção, é claro, daqueles beneficiados por incentivos.

Veio-me à lembrança a recente passeata/protesto contra a corrupção, em Porto Alegre, no dia 20 de setembro e o grito de guerra entoado: “O povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”.

Em seu site, a OAB gaúcha, uma das líderes do Movimento “Agora Chega!”, junto com a Associação Rio-grandense de Imprensa, registra alguns dos cartazes empunhados pelos participantes: “O Brasil exige dignidade”, “Brasil mostra a tua cara”. E este: “Não alimente a corrupção, é você quem paga esta conta”.

A passeata de 20 de setembro foi a segunda. Repetiu a do dia da independência, esta em todo o Brasil, e o movimento continua, agora pelo site www.agorachega.org.br e pelas redes sociais.

Não estarão os senhores senadores – na “ilha da fantasia” que é Brasília – distanciados demais dessa realidade?

Vale repetir o alerta feito aqui: as redes sociais estão derrubando governos.

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