Troca de experiências marca II Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil

Autoridades e técnicos do Estado e convidados compuseram a mesa coordenadora dos trabalhos

Troca de experiências. Essa foi a tônica do primeiro dia do II Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil, que começou na última terça-feira, em Porto Alegre. Aproximadamente 400 pessoas, entre agricultores, técnicos e pesquisadores, acompanharam as palestras e depoimentos que abordaram a diversidade dos queijos artesanais no Brasil e suas diferentes formas de produção.

Valdir Magri é produtor de queijo colonial em Chapecó, SC, e falou das características que predominam na produção deste tipo de queijo, como a ordenha manual e a fabricação em pequena escala. Magri também comentou a inspeção dos produtos. “Hoje, todas as formas de inspeção são ruins e não servem para o nosso produto”. Já Rafael Medeiros, de Bom Jesus, RS, produtor de queijo artesanal Serrano, trouxe a experiência da família que já está na quarta geração de produtores. “Minha avó morreu aos 100 anos fazendo queijo de maneira artesanal. Como posso deixar essa história terminar?”, também fazendo referência às exigências legais. Todos os participantes foram unânimes ao destacarem a importância deste tipo de produção para o agricultor familiar. “A produção de queijos artesanais gera inclusão social e a garantia de enraizamento do produtor. Mostra que o conhecimento empírico tem validade”, afirma Paulo Henrique de Matos Almeida, de Minas Gerais, que produz o queijo Canastra.

No painel O que explica a diversidade dos queijos artesanais?, a antropóloga Renata Menasche, professora da Universidade Federal de Pelotas, falou sobre o alimento como referência familiar. Em uma pesquisa sobre hábitos alimentares, realizada com famílias em diferentes continentes, Renata observou que a diversidade alimentar está diretamente vinculada aos hábitos. Já Juliana Santilli, promotora de Justiça, do Distrito Federal, abordou a diversidade alimentar diretamente relacionada à preservação ambiental – quanto mais preservado o espaço, maior é a diversidade alimentar existente. Em constantes viagens pelo Brasil, o mestre queijeiro Fernando Oliveira já encontrou mais de 80 variedades de queijos diferentes. Oliveira credita esta quantidade às diferentes culturas e famílias que formaram e compõem a sociedade brasileira. 

Abertura

A abertura oficial do Simpósio ocorreu na sede da Fetag, e contou com a presença dos secretários da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (SEAPA) e do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), respectivamente, Luiz Fernando Mainardi e Ivar Pavan, do presidente e do diretor técnico da Emater/RS, Lino De David e Gervásio Paulus, do vice-presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, entre outras autoridades, produtores, técnicos e pesquisadores de todo o Brasil.

O engenheiro de alimentos da Emater/RS-Ascar e um dos coordenadores do evento, Renato Cougo, ressaltou o desafio de promover um amplo debate sobre os queijos artesanais, considerada uma das cadeias produtivas mais significativas no País. “Somente no Rio Grande do Sul, 7.000 agricultores familiares produzem algum tipo de queijo”.

O presidente da Emater/RS, Lino De David, falou da importância da discussão sobre o tema para que produtores, pesquisadores e técnicos avancem em qualidade tecnológica para a produção dos queijos artesanais, mas sem perder a qualidade característica de cada um. “O Simpósio tem se consolidado em nível nacional como ferramenta para uma articulação política para fortalecer esse processo”, afirmou De David.

“Precisamos defender a qualidade, a identidade e a diversidade”, disse o secretário Mainardi. O secretário também abordou a sanidade como fator fundamental para a consolidação deste tipo de produção. “Temos que evoluir fortemente no que diz respeito à sanidade animal. Precisamos nos estruturar para oferecer melhor os nossos serviços. Temos a responsabilidade de garantir ao consumidor um produto com qualidade.”

Seguindo a mesma linha de pensamento, o secretário Ivar Pavan falou na evolução da produção dos queijos artesanais que antigamente eram comercializados entre conhecidos que atestavam a procedência dos produtos. Hoje, não há mais espaço para isso, e “é preciso alguém que garanta a qualidade e isso se dá através da inspeção sanitária”. Segundo o secretário, o consumidor está mais exigente hoje e, se o produtor quer fazer do processo artesanal de queijo um negócio de futuro, ele tem que se preocupar com o certificado de garantia. “Temos um produto com alta qualidade. O desafio é garantir que ele tenha também sanidade”, destacou. 

Assinatura

Durante o evento, o secretárioLuiz Fernando Mainardi assinou a Portaria 263/2013 para a instalação e funcionamento de microqueijarias.

Na sequência, o secretário adjunto da SEAPA, Claudio Fioreze apresentou aos participantes do evento as principais diferenças entre microqueijarias e Micro Usinas. Atualmente, o RS possui regulamentação apenas para queijarias de grande porte, que conseguem ter acesso à inspeção estadual através da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa). A publicação dessa portaria ajudará na formalização das microqueijarias já existentes no Estado e das que pretendem se instalar, possibilitando que os empreendimentos tenham inspeção estadual e possam comercializar seus produtos fora de origem.

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