O Rio Ibirapuitã…

O Rio Ibirapuitã, de que tanto se orgulha o povo alegretense, e que tem papel de destaque em seus atrativos e na canção-hino dos irmãos Fagundes (“Tem o Sol como uma brasa que ainda arde, mergulhado no Rio Ibirapuitã”), é cria destes pagos e nasce de uma pequena vertente d’água aqui no município de Sant’Ana do Livramento, mais precisamente, na Coxilha do Aedo.
Irmanados, portanto, pelo mesmo chão e pela mesma cultura regionalista, os municípios de Santana do Livramento e Alegrete também são unidos pelo Rio Ibirapuitã.
A partir daqui, qual um menino travesso, esguio, andando de arco, vai correndo e serpenteando por entre os pastos, campos nativos, capões, matos, aramados e propriedades, e abrindo o seu sinuoso canal num solo mais ou menos plano e às vezes rochoso, margeado também às vezes por matas ciliares, terras d’alguém, de todos ou de ninguém, como a chamada “Reserva Ambiental do Ibirapuitã”, com sua flora e fauna silvestre, que abriga desde ratos do banhado, até lontras, avestruzes, cervos, bugios, lobos e mais uma porção de espécies de animais silvestres em extinção.
E assim o Rio Ibirapuitã vai se encorpando até atingir proporções de adolescência e maturidade de um rio que já se preza e onde já é bastante largo e profundo, irrigando, por alagamento, extensas áreas na estação das chuvas e oferecendo excelentes condições de subsistência às atividades de lavoura, pecuária e agricultura, prestando-se ademais também ao turismo, a acampamentos, lazer, pesca, natação e navegabilidade, caso isto fosse, é claro, em sua área de preservação ambiental, permitido pelo órgão fiscalizador.
Não se atreva, portanto, quem quer que seja, a caçar, pescar ou capturar animais nativos às margens preservadas do Rio Ibirapuitã nem em seus arredores.
Com seu curso inicialmente estreito de águas rasas, límpidas e cristalinas no princípio, e até um bom trecho do seu leito pedregoso, depois vai se alargando e tornando suas águas mais profundas, densas, escuras e até mesmo poluídas por fatores ambientais circunstantes, decorrentes em grande parte da ação ou da atividade humana, sem descaracterizar, no entanto, a sua beleza natural, o Rio Ibirapuitã se une, como afluente, com os galhos hidrográficos dos rios Caverá, Santa Maria e Ibicui, que finalmente juntam suas águas às do grande Rio Uruguai.
Certa vez — e isto já faz quase meio século — o nosso amigo Benito Orlando Cademartori, que era um dos procuradores da empresa do seu grupo familiar aqui de Livramento onde eu também trabalhava, sendo ele piloto do aeroclube local, acalentou o propósito de ir sobrevoando e fotografando o Rio Ibirapuitã, desde a sua nascente local, até Alegrete, onde aí sim o seu leito atinge largas proporções. Não sei se algum dia o Benito chegou a realizar esse projeto, porque depois mudou-se para Porto Alegre e deixou de pilotar. Mas seria um importante documentário fotográfico. De qualquer modo, é sempre uma boa idéia fazer este registro alguém que se disponha a isto por conta própria – sobrevoar o rio Ibirapuitã ao longo de seu percurso e fotografá-lo.
Um defensor do Rio Ibirapuitã e de sua reserva biológica (A.P.A) é o ambientalista Ari Quadros, cidadão santanense honorário, natural de Quarai, que foi gerente da agência local do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. O professor Ari Quadros, meu amigo e também amigo do professor e ambientalista Juca Sampaio, é um conceituado estudioso de nossa hidrografia, flora e fauna, e autor de vários artigos, divulgados pela imprensa, sobre a área de preservação ambiental do Rio Ibirapuitã.

Luciano Machado

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