BRASIL X EUA

O cancelamento da visita da Presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos expressou um abalo na confiança entre os países e o adiamento em tratativas de questões comerciais, vistos aduaneiros, subsídios agrícolas, investimentos e acordos bilaterais. Por outro lado, é evidente que de há muito o Brasil tem reiterado a sua posição de não aceitar qualquer intervencionismo ou dominação, até porque ainda restam na nossa memória as lamentáveis interferências que culminaram com o Golpe Militar de 1964, apoiado implicitamente pelos americanos que ceifou a democracia e comprometeu toda uma geração de brasileiros. Fato jamais admitido pelos Estados Unidos e nem poderia ser diferente, mas de notório conhecimento. Agora fica explícito todo o flagrante da espionagem via Internet, com provas cabais, que têm sido publicadas pela mídia. Não há argumento de segurança ou defesa, que possa justificar a invasão de privacidade e autorizar unilateralmente a coleta de informações sobre cidadãos e empresas brasileiras. Esta situação fica agravada quando os registros da espionagem alcançam grandes interesses econômicos de grupos privados norte-americanos em áreas estratégicas para o desenvolvimento do Brasil. Estas circunstâncias, indiscutivelmente justificam a atitude tomada pela Presidente Dilma. Especialmente quando o Brasil tem um novo papel no cenário global, liderando os países emergentes e cooperando na qualificação das relações internacionais. Tudo para não falar do protagonismo comercial brasileiro, hoje um dos maiores exportadores mundiais de alimentos e com ativos estratégicos decisivos para a sustentabilidade global. Por tudo isto, não podemos admitir o retorno ao velho colonialismo dominador, nem tampouco aceitarmos a exposição de nossa vida privada à “luneta” dos americanos que tudo pode e alcança. É a nossa dignidade e soberania que estão sendo afetadas. A questão agora é saber como se avança para superar essa quebra de confiança e recuperar as relações indispensáveis entre países como o Brasil e os Estados Unidos. É sabido que não podem ficar sem uma agenda que qualifique o ir e vir de cidadãos brasileiros e americanos, nem tampouco a necessária colaboração nas áreas de tecnologia, saúde e infraestrutura, bem como continuar avançando para a liberação do comércio entre os países. A resistência deve ficar apenas no mal estar, no abalo da confiança que o relacionamento diplomático deverá superar para que as oportunidades conjuntas não sejam perdidas. Certo é, entretanto, que não podemos nos apequenar mesmo diante da dimensão do país líder no contexto mundial, porque o Brasil não é pouca coisa não. Merecemos respeito e devemos defender o nosso povo e o patrimônio nacional.           

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