EU QUERIA E NÃO SABIA

Uma das empresas mais inovadoras do mundo, a Apple, que até bem pouco foi liderada pela genialidade de Steve Jobs, constitui a sua estratégia de produtos a partir da máxima “eu queria isto e não sabia”. Conceituando, é tão rápida a evolução digital e as possibilidades dos aplicativos constantes nos aparelhos, que os consumidores não conseguem expressar os seus desejos. Apenas quando recebem os novos produtos constatam que era exatamente aquilo que queriam. Portanto, o exercício permanente nas experiências ligadas ao mundo digital, passam pela criação de produtos e alternativas que as pessoas poderão querer. Da possibilidade para a efetividade, o atendimento do desejo. O que importa é antes. É muito fácil depois dos acontecimentos emitir juízos de valor. Agora, diante de uma decisão complexa, fazer a escolha e assumir o risco é o que conta, mesmo que sejam grandes as possibilidades de não alcançar a melhor decisão. Sendo assim, muitas das indagações políticas e sociais que estão no ar a partir dos movimentos e da rede, consideram a mesma referência. As pessoas exercem a crítica com veemência, mas não sabem ainda explicitar alternativas. Sabem o que não querem. É um processo desconstitutivo. É certo porém, que a realidade institucional da ordem atual não representa a população. Com efeito, as alternativas para a representação política e para o funcionamento do Estado, no sentido mais amplo, passam por compreender o que os cidadãos desejam. Na rede, na vida digital, tudo é veloz. Ninguém se conforma com o “passo de tartaruga”, mesmo que na atividade pública, tenha de se observar determinadas formalidades regulatórias. É um processo com prática de atos até a publicação e liberação dos recursos. A política pública que se traduz em serviços para a população demora a acontecer. A celeridade é fator decisivo e os governos descuidam com o ritmo das demandas. Também é certo que a mensagem, por ser em rede, se vale de outras formas menos rebuscadas, mais pontuais e objetivas. De outra parte, como são inúmeras as questões e todos podem opinar será sempre necessário o exercício do que é prioritário. O interesse é público, mas não tem como atender a todos. Governar cada vez vai ser, dar prioridade e fazer escolhas políticas. Escolher aquilo que é programático ou compatível com a visão de mundo dos que ocupam o espaço público. Desta reflexão que expressa o contemporâneo no comportamento é que podemos construir alternativas em um momento de tanta ruptura nas instituições e na política.  

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