Todos na rede

A Internet passou a integrar o cotidiano das pessoas através do trabalho, vida familiar e amigos, que em tempo real, instantâneamente estão em rede, especialmente os adolescentes, promovendo a cultura das comunidades ou dos grupos online. São redes sociais de todos os tipos que produzem conteúdo diverso, livre, com ênfase na comunicação, mas também de natureza econômica, porque o volume de acessos e de internautas pode se transformar em ativo intangível, valorizado pelo mercado. Depois do uso da internet merecer o reconhecimento como nova tecnologia, a concepção foi produzir a extensão da vida em torno de valores e interesses compartilhados, criando vínculos entre as pessoas. No início apenas o computador era o veículo, depois os telefones celulares, notebooks e outros equipamentos passaram a abrigar e-mails, mensagens de texto e acesso a todos os conteúdos disponíveis. Verdade é que com a Internet as pessoas passaram a dedicar parte substancial de seu tempo a surfar na web. Mensagens, telefonemas, operações de consumo, leitura de livros, acesso à músicas, relações afetivas, coleta de informações em geral, instrumentos de segurança e proteção à saúde são apenas algumas das tantas utilidades proporcionadas. Com todo este espectro, a interação social vem crescente, passando também a produzir afetividade nos diferentes relacionamentos e política através do debate permanente sobre temas que tenham a ver com a vida das pessoas, como transporte, segurança, saúde e educação. Mais recentemente, desde 2008 com a crise financeira internacional, passou a ocorrer uma espécie de engajamento cívico na Internet com a participação pública por meio da rede. No Brasil em particular, a nova classe média, estimada na atualidade em 100 milhões de pessoas, emergentes e com crescimento na renda pelo trabalho, passou a incrementar este acesso, especialmente via telefone celular. Enquanto os mais velhos resistem sob a alegação do declínio da comunicação familiar ou pela criação de canais de comunicação fora do controle tradicional e sem limites, a ponto de transformar a sociabilidade em uma espécie de “vida dupla”, os jovens se integram cada vez mais às comunidades virtuais, com novas referências interpessoais. É claro que o sistema que se consolida é individualista, mas os contatos e escolhas são tão intensos que a prática determina um padrão de interação coletiva. É a sociedade em que todos estão na rede. Portanto, não é difícil compreender a capacidade de mobilização virtual que vem acontecendo no mundo, colocando multidões nas ruas, mas com participação simultânea de outros milhões de pessoas, invadindo a web com propaganda maciça sobre as mais diferentes causas, especialmente a crise dos governos e dos partidos políticos, contaminados pelos interesses e objetivos meramente eleitorais. Daí porque a ambiguidade está na rede, como a relação dura dos aparelhos com a alta dependência que desperta nas pessoas. Ou, a grande capacidade de mobilização com total ausência de líderes e ainda, a capacidade de produzir um conteúdo de formato sucinto e difuso, com a pauta da mídia tradicional, extensa e focada na sua grade de programação. Por fim, o movimento produzido pelas redes, como agora acontece no Brasil, levanta questões e cobra mudanças de atitudes. É movimento de poder do povo, sem eleições, mas direto e engajado na produção de uma nova sociedade. 

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