Viciados na Web

Com o crescimento da internet e o maciço uso dos telefones celulares muitas pessoas se tornam “viciados na web” e são objeto de transtornos psicológicos. A possibilidade de estarem virtualmente em todos os lugares, conversando com diferentes personagens, tem um fascínio. Entretanto quando estas relações se tornam quase exclusivas e não são compartilhadas com vivências sociais diretas, levam ao desequilíbrio e à dependência. As redes sociais colocam à disposição produtos digitais variados, em particular jogos que atraem os usuários para permanecer horas a fio obcecados diante da tela. Vários depoimentos colhidos sobre esta participação dão conta de jogadores que apostam entre 5 e 6 horas diariamente. Agora, não é mais só a competição e a emoção pelo jogo que desafia, mas a possibilidade ainda que remota do ganho de quantias vultosas. Está se consolidando a utilização de uma moeda virtual para esta finalidade. Para se ter a idéia da dimensão do problema, apenas um dos sites que explora o jogo via internet declarou possuir 24 milhões de jogadores cadastrados e 200 que já gastam U$ 10 mil dólares ao ano. A tendência portanto, é o crescimento do casino virtual, sem controle, alcançando todas as idades. Outro aspecto que caracteriza o vício é o fato de que grande parte destes contatos são realizados escondidos da família, as vezes sem conhecimento dos parceiros ou dos pais em se tratando dos filhos. No caso, chega ao ponto de em muitas circunstâncias caracterizar uma espécie de “vida dupla”. Parceiros virtuais, amigos virtuais e outros vínculos que nada tem a ver com a vida real. Se evidencia a perda total das referências e dos valores. O comportamento passa a ser amoral. Como todo o malefício, traz consigo outras transgressões. A mentira, falsidade, desvio de recursos e a ausência de vínculos afetivos. O lamentável, especialmente para os jovens, é que não se dão conta da dependência, como acontece com os vícios até então mais tradicionais. É tão grave a situação, que começam a se estruturar em todo o mundo instituições de ajuda especializada aos pacientes viciados, como é o caso aqui no Brasil do Centro de Estudos de Dependência da Internet, em São Paulo. Verdade é que devemos questionar até onde pode ir o vínculo das pessoas com as redes e como tratar a avalanche de informações e a produção de conteúdo colocado à disposição dos usuários. As virtudes do acesso à informação e o poder de escolha do cidadão são inegáveis. Até bem pouco era impossível imaginar que em segundos poderíamos ter referências sobre uma pessoa, localizarmos uma rua em qualquer parte do mundo, atualizarmos o nosso conhecimento científico, histórico ou profissional e realizarmos transações como nos proporciona a web. Entretanto, os excessos do uso de sites, desvirtuamento e dependência são problemas que precisam ser tratados. Por isso, na convivência diária com nossos filhos, mesmo entre “torpedos” e telas de todos tamanhos, que parecem nos excluir da conversa e do contato direto, cumpre forçar a barra, buscar o diálogo e a convivência para fazer prevalecer o mundo real ao virtual como essência da construção de relações e da vida das pessoas. De nada vai adiantar a impressionante evolução tecnológica do mundo digital se ela se tornar fim, se bastar por si mesma. Deve ser meio para aprimorar o conhecimento e proporcionar o lazer, melhorando a qualidade de vida.

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