Arborizar ou desarborizar: o “x” da questão novamente em discussão

Reposição das árvores ao longo da rua mais arborizada da cidade esbarra na falta de legislação específica para atender ao problema

Poda e retirada de árvores ao longo da Silveira Martins deverá durar, pelo menos, mais uma semana

Qual morador da Fronteira não lembra de ter descansado, pelo menos uma vez na vida, às sombras das chamadas Tipuanas Tipús, que ainda restaram ao longo da rua Silveira Martins, no centro da cidade. Alvo de constantes polêmicas pelos danos que causam às residências existentes ao longo da via, as árvores, trazidas por um ex-prefeito que se encantou com as espécies, na Argentina, estão passando por um novo processo de poda, para evitar que galhos caiam sobre a rede elétrica.

A ação provoca uma nova discussão, já que o município não possui legislação que defina um processo de rearborização, ou seja: as árvores que não são podadas, mas arrancadas, não são replantadas, por falta de legislação. Desde o dia 5 de março, trabalhadores da Secretaria de Serviços Urbanos e da AES Sul, concessionária que fechou parceria com o município através da cedência de profissionais e equipamentos, estão sob o olhar atento do DEMA – Departamento do Meio Ambiente, procedendo a poda das árvores que maior risco estavam causando, principalmente às residências. 

“Faço isso com pesar, mas sei que tem que ser feito…”

Para o Engenheiro Florestal do DEMA – Departamento do Meio Ambiente de Sant’Ana do Livramento, Fernando Bueno Simões Pires, atuando desde 2008, a razão da poda está diretamente ligada à rede da AES Sul, de baixa e média tensão. “Quando fizeram a primeira poda nessas árvores, em 2002, foi feita uma decepa e começaram, então, todos os problemas. Vocês olham as árvores por fora, mas por dentro elas estão comprometidas. Ainda temos marcadas 36 árvores, desde 2008, para serem retiradas, porque estão em situação de risco. Na medida do possível, estamos deixando. No lado direito, a poda é completamente diferente das outras árvores, que estão embaixo da rede, porque tem galhos que estão entrelaçados “, disse Fernando, ao justificar o trabalho feito pela AES Sul.

Ainda de acordo com Fernando, a rua, que já chegou a ter 160 árvores, atualmente, tem apenas 130, sendo que destas, muitas estão condenadas, apresentando riscos e precisam ser retiradas. “Sinceramente, não tenho prazer nenhum em fazer o que estou fazendo aqui. Sei que sob o ponto de vista ecológico é errado, mas a situação em que colocaram as árvores, a partir de 2008, nos deixou sem saída. Uma das alternativas, que já está no papel, é a rearborização da Silveira Martins, colocando árvores menores embaixo da rede elétrica, e árvores maiores no lado onde não há essa rede. Isso vem se arrastando, porque terminamos o inventário da parte central da cidade em maio de 2012. Caberiam 2.218 mudas e conseguimos com a eólica, através de uma compensação, 2.600. Já vieram 1.300. Agora, dependemos que seja aprovada a legislação para arborização urbana de Livramento, o que ainda não tem”, afirmou o Engenheiro Florestal. 

Para a AES Sul, o trabalho é necessário

Segundo o coordenador de Operações da AES Sul, Robert dos Santos, o trabalho se faz necessário e interessa diretamente à concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na cidade. Os cuidados com a rede precisam ser permanentes, principalmente no local onde já existem registros anteriores de danos ligados às árvores, em função dos temporais. “Nós temos uma licença de poda, que é emitida por um órgão estadual. Cada ano que essa licença é renovada, temos um compromisso de reposição florestal. Hoje, não temos como dizer quantas mudas essa poda da Silveira Martins irá gerar. A reposição é feita sempre na sequência. É uma ação conjunta com a Secretaria de Serviços Urbanos, responsável pelo manejo da vegetação, e o DEMA, e nós entramos com o recurso, porque temos interesse na segurança dos moradores. Temos os profissionais treinados para realizar essa ação. O risco de novos problemas com relação à rede elétrica se reduz significativamente, embora não tenhamos como quantificar isso”.

A AES Sul tem um plano de rearborização, e toda vez que são feitas as podas, novas mudas têm que ser emitidas. Porém, Livramento esbarra na falta de legislação que permita que seja feito o processo de rearborização. “Essa Lei Municipal é importante, e acho que o Legislativo e Executivo precisam dar essa resposta, uma vez que existem projetos de reposição na zona urbana”, finalizou.

 Comunidade expressa sua opinião

São positivos os depoimentos de moradores e comerciantes sobre a poda das árvores

A reportagem do jornal A Plateia conversou com mais de 30 pessoas na rua Silveira Martins, dos mais variados perfis, desde moradores, comerciantes, trabalhadores e pedestres.

A maioria dos depoimentos foram positivos, e as opiniões eram em torno do perigo com relação à altura das copas das árvores.

Dos vários comentários, os mais recorrentes foram relacionados às folhas caindo, representando problemas com sujeiras nas calhas das residências e dos locais de comércio, e a falta de energia elétrica, a cada temporal de chuva ou vento.

Das 30 pessoas ouvidas, somente 5 se dispuseram a externar seu ponto de vista com relação a uma questão que é de seu cotidiano e de sua realidade.

“Foi ótimo o trabalho de podas das árvores, principalmente pelos riscos apresentados. Agora, começa a época de temporais e ventos, e isso já estava dando sinais de perigo para qualquer pessoa: residentes, comerciantes e pedestres. Agora se tem mais tranquilidade”, declarou Zulema Vargas Malheiros.

 

 

 

“Essa rua apresenta muita umidade, as folhas caem muito nas calhas, mais o problema da rede elétrica. Para mim, foi 90% positivo em vários aspectos, o único ponto negativo é com relação à sombra, que perdemos, mas diante de vários problemas, isso nem tem muita importância”, comentou Rafael Pelaez.

 

 

 

“Foi muito importante essa limpeza, por causa da rede elétrica. Já tivemos muitas experiências de ficar sem luz, com temporais de chuvas e ventos. Sem falar das folhas que caem nas calhas, entupindo tudo. O que acontece é que essas árvores são muito antigas, e isso traz riscos de acidentes para a população, principalmente por causa dos ventos e temporais”, ressaltou Hamilton Machado Braz.

 

 

“Ficou muito melhor, a rua ficou mais aberta, limpa, desapareceram os problemas de sujeira nas calhas, falta de energia elétrica por causa de ventos e temporais, e as árvores que foram cortadas já estava mortas”, avaliou Irineu Antunes.

 

 

 

“O trabalho ficou excelente, uma equipe extremamente profissional, trabalhando em parceria, principalmente o pessoal da AES Sul e da Prefeitura Municipal de Sant’Ana do Livramento. Eles iam cortando e limpando, não ficou nenhuma sujeirinha. Para quem mora e trabalha aqui, na Silveira Martins, é uma preocupação o risco que se tem de um acidente, por causa das árvores. Agora vem inverno, tempo de mais frio, vento e chuva, tinham que realizar isso, no mínimo, uma vez por ano. Como cidadã, eu parabenizo essa ação e o trabalho que o Prefeito está desenvolvendo na cidade”, declarou Iara Peralta.

 

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