Incessante busca pelo resgate à brasilidade

- Qual o significado de Pátria?
- É… É… Quando Dom Pedro proclamou a República…

A reprodução literal acima foi a pergunta e a resposta ouvida, ontem à tarde, em um educandário. Pior. Em outro, a resposta foi semelhante: “quando descobriram o Brasil nessa data…”

O assustador é que toda a base de civismo, patriotismo, noção de cidadania, brasilidade, perdeu-se totalmente. Ficou no passado. Impressionante e surpreendente, pois isso não é novidade, porém, não há, sem ouvir os hoje estudantes, como saber quais os parâmetros dessa realidade.
Culpados?

Não. Não pense o leitor que devem ser culpados os estudantes, os professores, os pais, ou mesmo, as instituições.
A responsabilidade é de todos. Da sociedade e de seu conjunto de atores nos mais diversos cenários. Está visto que se confunde governo com Pátria; corrupção com Nação; escândalos com povo brasileiro. Desinteresse. Desdém.

Bandeira? Hino Nacional? Fogo Simbólico? Para que tudo isso? O que é isso tudo?

Relato o caso, contado por uma professora, ontem, de uma estudante que, escalada para a guarda de honra da Chama Pátria, perguntou o que ganharia se fosse, quantos pontos (?!)… Vale confessar: perguntar a letra do Hino ou pedir para cantar um trecho esteve fora de cogitação. Raros são os que sabem!

Essa é, com raras e honrosas exceções, a realidade do entendimento jovem em relação ao Brasil. Estudantes que não conhecem História, ignoram Civismo, desdenham do passado, não entendem Pátria.

O resgate desses valores e princípios, em muitas instituições escolares, vem sendo feito. A muito custo, pois a base – outrora fornecida pela família – já não existe mais, na significativa maioria das situações. Pelo menos, a tentativa de resgatar a brasilidade, com espírito de embate contra uma realidade de alienação anticívica; de desconhecimento por desinteresse, vem sendo realizada, mesmo que tida como luta inglória.

Fica a conclusão de que depende da cidadania apoiar, envolver-se e trabalhar, ativamente, por esse resgate; se assim for seu entendimento. O Estado não fornece muitos recursos e meios para tanto, restando a professores abnegados a tarefa de empreender esforços hercúleos para transmitir os fundamentos que permitam aos alunos tirarem suas próprias conclusões sobre civismo, Pátria e Brasil.

A BANDA DO ALCEU WAMOSY

Em registro fotográfico da escola no ano passado, a banda realizando ensaio

Diretora do turno da tarde do Colégio Estadual Alceu Wamosy, a professora Sandra Cristina Silveira Carvalho é uma abnegada. Ela comanda a Banda do educandário, desde que incentivou a reativação.

Atualmente composta por 25 alunos do Ensino Fundamental e Médio, a banda foi reativada em 2010.

“Na banda, os alunos têm a oportunidade de expressão, por intermédio da música, pois é importante que percebam que as práticas artísticas são parte da cultura da humanidade; tão importante quanto os outros campos do saber” – diz.

“Tentamos resgatar a banda do colégio visando integrar os alunos em uma proposta que objetiva desenvolver a responsabilidade, a disciplina e o espírito de equipe, tão importantes nos dias atuais, em que as crianças e jovens estão mais voltados à internet, video-game e ações em que interagem individualmente” – sintetiza. Segundo ela, a banda escolar é um meio encontrado, mesmo com imensas dificuldades de manter o interesse dos alunos em um projeto que envolve não só a dedicação em aprender a tocar os instrumentos, como o esforço de cada um para arrecadar fundos para a aquisição de uniformes e renovação dos instrumentos.

“Nos ensaios, observa-se o interesse e a motivação das crianças e dos adolescentes em realizar um trabalho em conjunto para valorizar a escola” – refere. Explica que o ingresso na banda é voluntário e os ensaios foram intensificados na semana. Quanto ao sentimento pátrio, revela que é uma busca constante por resgatar essa convicção nos alunos, os quais estão distantes dela. A Banda do colético Alcey Wamosy abre o desfile, dia 7, concentrando a partir de 8h na frente da Unipampa, com previsão de entrada às 9h. Para os alunos, como Karen, Carolina, Raul e Renata (todos com idades entre 12 e 14 anos), algumas palavras são chaves quanto o tema é Pátria: “liberdade e respeito pelo País e pelas pessoas, orgulho, povo trabalhador, humildade”.

PROFESSOR DIAS, O PRIMEIRO A DESFILAR

Os preparativos para o desfile, a exemplo do que ocorre na maioria das escolas, eram intensos ontem, na Escola de Ensino Fundamental Professor Dias – que é a primeira escola a desfilar no dia 7.

A vice-diretora do turno da tarde, Cynara Oliveira Barrios, confirma que participarão da parada Pátria entre 70 a 80 alunos, lembrando que não há mais obrigatoriedade dos alunos desfilarem. Agora, eles são convidados, enquanto os professores são convocados.

Sobre as noções e o sentimento de Pátria, a professora é enfática: “eles vêm de casa sem nenhuma base; tratamos de todos os modos de passar a eles os significados desses valores para que os assimilem. Afinal, é a escola que dá essa bagagem cívico-cultural”. A facilitação desses caminhos depende, sobretudo, da boa vontade dos professores interessados em passar esses valores e da aceitação por parte dos estudantes. “Procuramos fazer esses resgates, trabalhamos cidadania” – diz ela, que afirma ser plenamente possível resgatar o civismo do que se pode chamar de ostracismo onde se encontra.

A concentração será na frente da Unipampa às 9h30 de quarta. A escola está trabalhando os temas estabelecidos para este ano: ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), LBV (Legião da Boa Vontade) e Padre Landell de Moura.

Os estudantes Allisson Iago Braz Pereira, Júlia Duarte Silva, Natália dos Santos Gutierrez e Gianne Soares Aranda, questionadas, enfocam alguns aspectos de cidadania em relação à Pátria, sintetizando em respeito aos direitos individuais, seu pensamento a respeito do assunto. Em uma das salas da escola, um atelier foi improvisado, para a preparação de faixas, cartazes, entre outros elementos decorativos que poderão ser conferidos no desfile.

O SIGNIFICADO DA DATA

Denomina-se independência do Brasil o processo que culminou com a emancipação política desse país do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início do século XIX. Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado Grito do Ipiranga. De acordo com a historiografia clássica do país, nesta data, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe-regente D. Pedro de Alcântara bradou perante a sua comitiva: “Independência ou Morte!”. Historiadores, porém, contestam essa versão.

SÍMBOLOS PÁTRIOS

Os Símbolos Nacionais do Brasil foram instituídos através da Lei 5.700 de 1º de setembro de 1971. Devem ser respeitados por todos os cidadãos brasileiros. Os Símbolos Nacionais são:  a Bandeira Nacional; o Hino Nacional; as Armas Nacionais e  o Selo Nacional.

 

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