Buck Rogers não previu o ciclone

Seriado televisivo famoso de 1979 a 1981, Buck Rogers foi um personagem criado originalmente para história em quadrinhos por Philip Francis Nowlan em 1928. A história trata do congelamento acidental de um militar astronauta nos anos 80, e que desperta no século 21, assumindo a função de patrulheiro. Na ficção, tempo onde existem espaçonaves, naves de caça, e as viagens interplanetárias são corriqueiras.
No último dia dezenove, tive experiência que nem mesmo Buck Rogers poderia prever, muito menos, vivenciar. Devido ao ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul, com formação a partir do Uruguai, e rajadas próximas à marca de 100 km/h em pontos isolados, boa parte de nós gaúchos de diversas localidades ficamos sem luz, sem internet e com linha telefônica deficitária; e celular, quando se conseguia sinal, pegava ma… ma… mal.
Fiquei pensando na diferença entre a ficção idealizada e a realidade quanto a tempo e geografia proposto quando um escritor/roteirista imagina uma época e a traduz numa obra. E que, embora tudo pareça evoluído a partir do advento da internet e celular, ainda dependemos da luz como fonte de energia; e que essas tecnologias que foram desenvolvidas, além dos benefícios, nos tornaram dependentes, visto que, pouco ou quase nada podemos fazer em termos comerciais e mesmo pessoais sem a tecnologia que dispomos na atualidade.
É provável que algum escritor esteja criando neste momento roteiro baseado em fatos que acontecerão no próximo século, talvez com espaçonaves que se movimentam através de comando de voz, ou mental; ou pílulas coloridas que extinguirão a fome na Terra; ou ainda alojamentos de único ambiente em poucos metros quadrados otimizados com tudo que uma família necessite: a mesa que se transforma em cama que se transforma em computador e por aí vai… ; mas talvez não se escreva que um ciclone ainda poderá nos remeter ao passado, a atemporalidade da vida sem luz, internet e muito menos, naves espaciais.
Escrever esta crônica em manuscrito à luz de velas, em pleno século 21, me fez ter uma certeza: ainda temos muito que evoluir, e talvez sempre sejamos pequenos frente às forças da natureza.

*Ana Cecília Romeu
*Publicitária e escritora

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1 Comentário

  1. Luciana Santa RIta

    Ana Cecília,

    Parabéns pelo texto! Concordo com a sua análise, pois nada garante que as inovações tecnológicas não nos levem ao passado em um simples piscar de olhos ou falta de luz. Imagine uma guerra nuclear em que qualquer tecnologia seria insignificante frente as consequências. Então será sempre o George Jetson  terá que conversar por meio de telefone sem fio com  Fred Flintstones .

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