O fim da pré-história

Alguém comentou e outros repetiram: “As pessoas, agora, querem falar de política”. O tom de surpresa, mesclado com eventual estranheza e, em alguns casos, até decepção, de alguns agentes políticos e até mesmo de cidadãos céticos deixa transparecer o que pode significar, em Livramento, o começo de uma revolução sem armas. Branda como as transformações que perduram e geram mudanças para melhor.

A questão é mais densa, do ponto de vista político. Pode significar que os sáureos tapinhas nas costas, os ptero-sorrisos falsos, os tyranossáuricos me ajuda que eu te ajudo estão começando a entrar em extinção na fauna que faz da política uma arte do engodo e não a arte da melhoria para uma população. Essa suposta nova política está alicerçada em algumas posturas diferenciadas, as quais podem ser traduzidas na rigidez da legislação eleitoral (que ainda precisa ser flexibilizada em alguns pontos e dotada de mais rigor em outros – como na concorrência entre quem detém mandato legislativo e aqueles que não detêm, em que os últimos, naturalmente, acabam tendo menos condições, em que pese o desejo de equidade), na lei da ficha limpa, entre outros instrumentos e diplomas legais.

Porém, acima de tudo, o rumo para extinguir o que pode ser qualificado como má política está dado pela verdadeira essência do processo democrático: o povo no poder, fiscalizando, exercendo seu direito (e dever) de cidadania, cobrando soluções, respeitosamente dos detentores de mandatos.

O fato é que quanto mais cidadãos manifestarem interesse pela discussão e o debate político, quanto mais questionamentos forem feitos aos postulantes a uma vaga, menos espaço terão os vigaristas, os picaretas, os que fazem da política e do cargo eletivo uma forma de ganhar dinheiro sem trabalhar. Lógico que, ao natural, o filtro estará sendo aplicado, porém, nunca é demais acelerar sua ação e, nesse ponto, tem papel fundamental o cidadão, mesmo que suas ferramentas sejam, em tese, poucas, precisa utilizar. Uma delas é o voto, outra é a opinião, outra a coerência, outra a consciência. Elas estão diretamente relacionadas se for o caso de refletir a respeito.

O cidadão coerente vota conforme sua crença e convicção, não sem antes trocar opiniões, sabendo ouvir e, sobretudo, manifestando-se com o que pensa e o que entende como necessário. É um conjunto aliável à consciência, palavra tão propalada e tão difícil de definir no espaço de cada um.

Esse cidadão não se deixará corromper, mesmo passando por necessidades. Não irá pedir carcaça de galinha nem aceitará que qualquer candidato vá lhe ofertar; não permitirá que entrem em sua casa oferecendo cesta básica ou dinheiro para pagar a luz em troca do voto. Esse cidadão, em sua simplicidade, exigirá que sua situação seja resolvida quando seja resolvida a situação de seus semelhantes e imaginem se todos os semelhantes entenderem assim.

Forja-se aí a verdadeira força do povo.

Fica então estabelecida a união entre os semelhantes em prol de conquistas para eles próprios, mesmo que diferentes em suas semelhanças.

Se a batalha é contra o aspecto negativo (corrupções, compra de votos, favores, etc..) a partir da união e da manifestação opinativa e questionadora das pessoas, evidencia-se o fim da pré-história política da vigarice.

Ruma-se para a modernidade, construindo aquilo que essencialmente o povo, por suas representações, deseja.

Consolida-se, então a democracia.

Sonho? Realidade distante?

Até pode ser. Aos adeptos do “nunca muda”, fica evidenciada uma máxima: “o ser humano evolui e a sociedade também”.

Comece a debater, questionar, discutir sobre política e perceba.

 

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