Onde alguns enxergam sobra, eles veem arte

Falta de couro e lã pode comprometer uma das mais importantes atividades do município  

Uma das mais antigas, senão a mais antiga, forma de vestir o homem, aquecer sua residência, embelezar ambientes ou, simplesmente, reaproveitar o couro que é extraído de bovinos e ovinos que cederam sua carne para servir como base de alimentação para a espécie humana é o artesanato feito com esse material. Sant’Ana do Livramento ocupa um lugar de destaque no cenário do Rio Grande do Sul

quando o assunto é qualidade nesse tipo de trabalho, experiência e capacidade de produção. Na vanguarda e com mercado farto, basta cruzar pela BR 158, logo na entrada da cidade, para perceber todo o potencial dos profissionais que trabalham com couro e que ajudam a fomentar um setor importante da economia santanense. A forma de garantir o sustento, que se transformou em meio de vida para alguns, resiste ao tempo, e agora também precisa encontrar meios para resistir à falta de matéria prima. Para o artesão Derli da Silva Galvão, 68 anos de idade e há 35 anos trabalhando com couro, o mercado existe, é carente de material, mas precisa que os produtores entendam a necessidade de fornecer aqui a matéria prima. “Comecei a trabalhar com couro aos 18 anos, ainda quando

Derli da Silva Galvão trabalha há 35 anos com artesanato em couro

estava prestando o serviço militar. De lá para cá, muita coisa mudou, é verdade. Surgiram mecanismos para curtir o couro, que facilitaram a nossa vida, mas essa é uma paixão que não termina”, diz o chefe da família, que tem ainda os dois filhos e a esposa como
parceiros na arte de curtir o couro para preparar tapetes, pelegos, ponchos, e outras peças. Natural de São Vicente do Sul, há mais ou menos trinta anos morando em Livramento, Derli é enfático ao dizer que clientes existem em abundância, mas falta material. “Tendo matéria prima, ou seja, a lã da ovelha e o couro, temos muitos clientes que esperam na fila para comprar o artesanato que nós produzimos.

Os turistas vêm para a cidade e fazem questão de parar aqui e levar as peças que produzimos como uma lembrança da sua passagem pela Fronteira, e também porque muitos deles sabem que a cidade tem uma tradição muito forte nesse setor”, explicou.

Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com 

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