Presidente do Coren quer inovar com benefícios para a categoria

Ricardo Rivero cumpriu agenda na cidade visitando unidades de saúde e ouvindo profissionais

Ricardo Rivero - Presidente do Coren - RS

Dando continuidade ao seu roteiro de viagens pelo Estado, o enfermeiro Ricardo Rivero, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul, visitou Livramento na última quinta-feira, dia 21.

As visitas têm por objetivo apresentar “A Nova Cara do Coren-RS”, debatendo temas como a regulamentação das 30 horas semanais para a categoria e o impacto do dimensionamento correto de pessoal para a qualidade dos serviços de saúde ofertados à população. Expor suas propostas, aproximar enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem da instituição COREN-RS, recebendo suas reivindicações e sugestões são algumas das metas da nova gestão, presidida por Ricardo.

O Conselho Regional de Enfermagem é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. “Hoje, no Rio Grande do Sul, somos 130 mil profissionais e eu sempre digo que a enfermagem realiza um serviço fim, independente de onde ela esteja, seja na Saúde Pública, nos Postos de Saúde, ou também na área hospitalar”, destaca Ricardo.

A Plateia: O que é a “Nova Cara do Coren”?
Enfermeiro Ricardo: Nós, da enfermagem, necessitamos de um conselho atuante, participativo e presente. Hoje, se formos observar, todas as ações relacionadas à saúde possuem um enfermeiro envolvido. Na Secretaria Municipal de Saúde, por exemplo, é o enfermeiro quem coordena todos os projetos e programas. Então, nós enquanto Conselho, estamos buscando valorização como categoria, e que a comunidade se dê conta de que realmente é importante ter profissionais preparados, como nós, que realizamos cursos de capacitação e graduação e trabalhamos as 24 horas do dia com o paciente.

A Plateia: Existem propostas novas para os profissionais da enfermagem?
Enfermeiro Ricardo: O Conselho vem com uma proposta nova de aproximar o inscrito com a categoria, oferecendo bolsa de estudo para o enfermeiro, cursos de capacitação e qualificação. Inclusive, na semana passada, o nosso colega Hildebrando foi nomeado através de uma portaria para ser o nosso embaixador na gestão do conselho. Sendo assim, o Conselho está representado por ele em Livramento e cidades próximas.

A Plateia: Quais deficiências o Sr. percebe hoje em Livramento?
Enfermeiro Ricardo: Hoje, temos vários problemas relacionados à enfermagem. Sant’Ana do Livramento, para nós, é uma cidade muito importante, por ser fronteira com outro país. Por isso, temos que trabalhar muito criteriosa e cuidadosamente com o intercâmbio cultural através do MERCOSUL. Outra preocupação que temos é com os fins de semana e feriados, em que o número de pessoas na cidade dobra com a chegada dos turistas. Nesse aspecto, questionamos quais são as condições de saúde que o município oferece para esses turistas e como nossos colegas encontram-se à frente dessas ações. Já visitamos os hospitais Santa Casa, CHS, além da Prontomed, Unimed, Movilcor, para conhecer a realidade e condições de trabalho, estratégias da gestão da área hospitalar em relação à capacitação dos profissionais, entre outros aspectos. Existe, também, uma grande preocupação nossa em relação ao dimensionamento de pessoal. No interior, a gente vê que muitos dos nossos colegas acabam trabalhando em três ou quatro empregos para ganharem melhor. Em relação a isso, estamos trabalhando junto à Câmara Federal para que seja aprovado o projeto das 30 horas com piso salarial, pois há diferença de região para região e o que mais me preocupa é a falta de profissional. Acredito que devemos ter um novo olhar para a categoria e conscientizar os provedores, diretores de hospitais, gestores municipais, da importância do profissional de enfermagem que está à frente de todas essas ações e o reconhecimento enquanto categoria.

A Plateia: Quais suas impressões em relação aos locais visitados aqui na cidade?
Enfermeiro Ricardo: Fizemos uma visita mais abrangente, não fomos realmente de unidade em unidade, mas está vindo uma equipe de fiscalização para a cidade para fazer um trabalho em relação a isso. Do pouco que eu pude ver, é evidente o número reduzido de funcionários nas instituições de saúde, principalmente no hospital. Então, é um trabalho que temos que construir juntos, e esse desafio é da nossa equipe de fiscalização, juntamente com o Hildebrando e a gestão do hospital, a fim de montarmos estratégias para reverter essa situação. A nossa preocupação, também, é com a qualificação do pessoal que estará à frente da UTI recém-inaugurada pela Santa Casa, por exemplo. Vamos verificar como está esse andamento, se já foi feito treinamento, se tem funcionários suficientes, pois é inadmissível que um técnico de enfermagem assuma 18 ou 20 pacientes, isso é colocar em risco a vida do paciente e também as ações do profissional. Nós, enquanto Conselho, devemos trabalhar juntos nesta fiscalização e orientação e é isso que faremos em todos os municípios do estado do RS.

A Plateia: Na sua opinião, faltam profissionais ou eles estão mal distribuídos?
Enfermeiro Ricardo:
Eu não diria mal distribuídos, mas sim que faltam profissionais realmente. Eu vejo que há muitos colegas que acabam saindo da enfermagem para ir trabalhar outra função por causa da remuneração. Hoje, o indicado para uma instituição como a Santa Casa é que tenha um enfermeiro responsável pela área fechada e outro responsável pelas unidades abertas. Atualmente, nesta instituição, existe apenas um enfermeiro e é nossa intenção sinalizar e fazer o trabalho preventivo para não acontecerem problemas por falta de pessoal.

A Plateia: O Sr. Recebe muitas reivindicações em suas visitas?
Enfermeiro Ricardo: Recebemos muitas reivindicações, bem como denúncias pelo site do Coren. Temos um serviço de ouvidoria e esta gestão está trabalhando pela descentralização do Conselho, que está situado na capital, com o interior do estado. Então, as pessoas estão denunciando o assédio, falta de funcionários, e essas denúncias vêm não só dos profissionais, mas da sociedade em si. Nós recebemos 870 denúncias relacionadas aos profissionais de diversas áreas e a fiscalização já iniciou o trabalho de averiguação da veracidade dessas denúncias.

A Plateia: Que atitudes o COREN-RS está tomando para melhorar o processo de renovação da carteira do Conselho, para o qual os santanenses precisam se deslocar até a cidade de Uruguaiana?
Enfermeiro Ricardo: Existe este problema, pois temos uma subseção em Uruguaiana. Antigamente, tínhamos a carteira provisória, hoje ela é permanente. Estamos trabalhando para agilizar a entrega desta carteira definitiva e estudando a possibilidade da colocação de um escritório regional, aqui em Sant’Ana do Livramento ou em Rosário do Sul, inclusive o Hildebrando já está fazendo esta articulação com algumas instituições de saúde pública daqui do município para conseguirmos a cedência de uma sala e, a partir daí, criar um dia na semana para realizar estes encaminhamentos. Acredito que daqui a uns dois meses já esteja solucionado este problema.

O presidente conta, também, que o Conselho mantém seu site disponível para os profissionais que necessitem retirar certidões, segundas vias de documentos e outros serviços que sejam permitidos realizarem-se através da internet, sem o profissional precisar se deslocar até a cidade de Porto Alegre.

Segundo dados do COREN-RS, Sant’Ana do Livramento conta com uma média de 430 inscritos, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Na cidade vizinha de Quaraí, esta média é de 92 profissionais.

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