Estiagem provoca perdas que podem ser superiores a R$ 50 milhões em Livramento

Perdas maiores estão na pecuária, cuja estimativa é de que a redução do rebanho possa ter um impacto ainda mais profundo na economia do município

Para Mário Gonzales, somente o PIB rural deveria ser usado como parâmetro para o Decreto de Emergência

“Quando o Prefeito declara a Situação de Emergência, é preciso embasar os dados. Hoje, sabe-se que para que isso ocorra, as perdas precisam ser superiores a 5% do PIB – Produto Interno Bruto, sendo que o PIB da cidade fica em torno de R$ 800 milhões. Para a homologação, os órgãos competentes se baseiam em números, o que muitas vezes se torna complicado”, disse o técnico da Emater, Mario Gonzales, em entrevista ao jornal A Plateia, na tarde de ontem.

Os números traduzem a preocupação dos produtores rurais, que acumulam perdas em cada uma das suas propriedades e em quase todas as formas de cultura encontradas em Sant’Ana do Livramento. Mario Gonzales diz que a fase de coleta de informações em Livramento ainda é difícil, levando em consideração que em alguns itens houve redução da área, por exemplo, e não redução da produção. “No caso da soja, se colocássemos uma perda total, a cidade teria um valor razoável. Mas, como em toda a estiagem, a maioria dos produtores irá colher cerca de 25 sacos. Houve gente que colheu apenas dez, mas isso se dá por variedade, tipo de cultivo, enfim. Mesmo assim, as perdas com a soja estão em torno de 40%”, diz Mario.

O técnico da Emater de Sant’Ana do Livramento, diz que no caso do milho, a área estimada plantada é de 4 mil hectares. Segundo ele, o milho na cidade tem uma produção pequena e a perda deve ficar em torno de 50%. “Achamos que os produtores irão colher cerca de mil quilos. Como é milho de subsistência, a sua produtividade é baixa em função da tecnologia aplicada. Quando o milho é comercial, os produtores colhem duzentos sacos de milho. Aqui, colhemos cerca de 50 sacos. Apesar de não ser um milho comercial, dá sim uma perda para os produtores que usam essa cultura para alimentar os animais, consumo próprio e colocar um pouco no mercado”, revelou.

Leite

“A nossa perda no setor do leite está em torno de 40%”, disse Mário Gonzales, ao revelar que uma reunião na sede da Emater em Livramento contou com representantes de diversas entidades ligadas ao campo, além da Defesa Civil, Assistência Social, justamente para poder ser feita uma avaliação da real situação do campo com a estiagem.

“A questão da falta de água, por exemplo, é uma questão social. Os laudos que tem que ser feitos precisam de números. Aqui temos água, mas ela não chega em muitos lugares, o que é outro tipo de problema. Mesmo assim, temos que quantificar a perda, embora sabendo que não temos água em muitos pontos, uma vez que isso é necessário quando das vezes em que os relatórios são apresentados para o Decreto de Emergência. Acho que fazer os decretos em cima do PIB total do município é complicado, por isso esses Decretos, para que sejam mais rápidos, poderiam ser feitos em cima do PIB rural, com números mais exatos”, acrescentou Mário.

Cleizer Maciel

cleizermaciel@jornalaplateia.com

 

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