A QUINTA DE DEMÓSTENES

Nesta quinta-feira, o senador Demóstenes Torres deverá depor na CPI do Carlinhos Cachoeira, mas o seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, adiantou que seu cliente poderá ficar em silêncio, a exemplo de outros depoentes que já estiveram na Comissão e permaneceram calados.

Talvez não tenha havido qualquer combinação e o silêncio seja apenas um desejo tático de seu advogado, mas será difícil para o senador Demóstenes não responder as perguntas dos deputados e de seus colegas no Senado, agora que seus sigilos (bancário, fiscal, telefônico, de e-mails, SMS e skype) foram quebrados pela CPI.

No depoimento dado na Comissão de Ética, o senador Demóstenes revelou que seus dias tem sido trágicos, de grande sofrimento moral e que nessa situação “reencontrou Deus”. Talvez seja importante para ele manter-se espiritualmente confiante no apoio divino, pois caso ele siga as instruções de seu advogado e fique em silêncio, seguramente será trucidado por manifestações cruéis de seus colegas parlamentares da CPI.

Convém não esquecer que o senador Demóstenes Torres sempre se destacou nas CPIs como um interrogador implacável quando os depoentes tinham culpa em cartório, valendo-se de sua condição de excelente parlamentar e, sobretudo, por dominar a técnica de interrogatórios já que de profissão é procurador de Justiça.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro alega que Demóstenes poderá ficar calado uma vez que já esclareceu tudo sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira na Comissão de Ética do Senado, mas não será uma tarefa fácil para o senador goiano negar respostas aos membros da CPI quando todos os presentes estiverem no jogo “olho no olho” e a imprensa registrando tudo, ao vivo.

Mas cá entre nós, o senador Demóstenes Torres quando aceitou os presentes de Carlinhos Cachoeira e cultivou uma amizade muito próxima com o contraventor sabia muito bem onde estava se metendo.

O senador, por tudo o que foi revelado, lembra aquele personagem interpretado por Jerry Lewis no filme “O Professor Aloprado” (The Nutty Profedssor) que tomava uma poção mágica e o feio e desajeitado mestre se transformava num galã irresistível. Um dia, em pleno esplendor de sua beleza a poção deixa de fazer efeito e ele volta a ser feioso.

Demóstenes Torres acreditou que a poção mágica de algum laboratório farmacêutico de Carlinhos Cachoeira lhe garantiria aquele perfil irresistível de um tribuno que mais parecia um paladino do lado decente do Brasil. Seu telefone Nextel acabou com a farsa.

A VERDADE E AS VERSÕES (1)

Contava o saudoso Pompeu de Sousa, então diretor de redação do “Diário Carioca”, haver almoçado com o ministro José Maria Alckmin e o empresário Antônio Sanchez Galdeano, no restaurante do Copacabana Palace. O ministro da Fazenda saiu mais cedo porque iria depor no plenário da Câmara.

A VERDADE E AS VERSÕES (2)

Quando Pompeu chegou à Câmara, uma hora depois, Alckmin ocupava a tribuna e respondia indagação de um deputado da UDN a respeito de suas relações com Galdeano, acusado de contrabandista. Dizia: “Jamais estive com esse senhor. Nunca o vi. Se passasse por ele na rua, não saberia quem é…”

A VERDADE E AS VERSÕES (3)

Os dois tópicos acima são da coluna eletrônica do jornalista Carlos Chagas. Ele lembrou o caso para mostrar que Demóstenes Torres também negou conhecer a atividade criminosa de Carlinhos Cachoeira, mesmo sendo amigão do contraventor.

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