Conhecidas como aeromoças, comissárias de voo comemoram hoje o seu dia

Em homenagem à data, duas profissionais santanenses contaram suas histórias

Shana Castro

Quem viaja ou já viajou de avião deve ter reparado naquela moça que passa todas as instruções de segurança durante o voo e está sempre preocupada com o bem estar dos passageiros. A aeromoça, ou comissária de bordo, é o tripulante de aeronaves comerciais responsável pelo bem estar e segurança dos passageiros, dando o conforto necessário durante todo o voo e, acima de tudo, garantindo o cumprimento das normas e procedimentos de segurança no avião.

A profissão de comissário de bordo, ou aeromoça, surgiu em 1930 por sugestão de uma mulher, Ellen Church. Apaixonada por aviação, mas sem poder pilotar uma aeronave por ser mulher, a enfermeira sugeriu à Boeing Air Transport – atual United Airlines – que colocasse enfermeiras a bordo dos aviões para cuidar da saúde e segurança dos passageiros durante o voo. A ideia fez muito sucesso, pois as mulheres a bordo passavam muita segurança aos passageiros.

Como forma de homenagear os profissionais dessa área em seu dia especial, duas comissárias de bordo santanenses cederam uma entrevista contando suas experiências nos céus, em viagens pelo Brasil e pelo mundo.

A primeira delas chama-se Shana Sant’Ana de Castro, que trabalha como comissária de voo para a US AIRWAYS, nos Estados Unidos. Aos 27 anos, ela atua na profissão há um ano e meio.

A Plateia: Como você conheceu essa profissão e decidiu seguir a carreira?
Shana: Desde pequena, sempre tive o sonho de ser aeromoça, sem nunca ter voado. Sinceramente, não lembro exatamente como esse sonho começou, talvez pelo fato de nossa família ser muito ligada ao aeromodelismo, pois nosso pai, o Carlão, sempre teve aeromodelos e nós íamos para o aeroclube todos os fins de semana.

Depois que me mudei para os Estados Unidos, com tantas oportunidades que se tem aqui, parece que o meu antigo sonho foi deixado de lado, até que meus pais vieram me visitar pela primeira vez aqui em Miami e me falaram de todas as aventuras e o sucesso que minha irmã estava tendo como comissária de voo na GOL. Então eu me animei toda e, assim que eles voltaram para o Brasil, na mesma semana eu comecei meus estudos!

A Plateia: Como foi a preparação para se tornar uma comissária?
Shana: Aqui nos Estados Unidos não se precisa de todos esses cursos de nível federal que se precisa aí no Brasil. Só precisa mandar o currículo, que deve ser muito bom, e a companhia aérea, depois de contratar, é que prepara para a carreira. O mais importante do meu currículo para ter sido contratada, foi o fato de eu ser brasileira e falar português e espanhol fluente, e é claro, inglês. O treinamento foi em uma base no deserto, no estado do Arizona. Parecia um treinamento militar, foi extremamente difícil. Foram 50 mil currículos recebidos pela companhia e eu consegui uma das 180 vagas.

A Plateia: Quais lugares que você conheceu quando viajou a trabalho, que na sua opinião foram os mais incríveis?
Shana: No pouco tempo que estou voando, sou muito afortunada de somente fazer voos internacionais. Já conheci 13 países, e cada um tem seu encanto, principalmente para mim, que vim de tão longe. Definitivamente, os lugares que mais me fascinaram foram Tel Aviv, em Israel, Atenas, na Grécia e, é claro, Paris!

A Plateia: Quais são suas atribuições durante cada voo?
Shana: Meu cargo principal na companhia é ser tradutora de português nos voos para Lisboa, em Portugal, durante o verão. Nos outros seis meses e até mesmo durante o verão, a US AIRWAYS pode me mandar para qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, dia ou noite, com, no mínimo, uma hora e meia de aviso, às vezes é uma correria! Eu sou treinada para qualquer posição, passageiro ou situação. Posso um dia servir caviar em primeira classe ou salvar alguém de uma parada cardíaca no outro dia.

A Plateia: Você já passou por alguma experiência curiosa durante um voo?
Shana: Passo por situações interessantes todo “santo” dia! Pessoas se sentindo mal, desmaiando, turbulências de todos os tipos.

A Plateia: Onde você reside atualmente?
Shana: Eu moro em Miami, na Florida, mas minha base é na Filadélfia, perto de Nova Iorque, bem longe de Miami. Trabalho 20 dias e tenho 11 de folga, nada mal né? Moro com meus pais, o Carlão e a Fafá, que se mudaram para cá 3 meses atrás. Foi a minha maior conquista, trazê-los para morar comigo e retribuir um pouquinho do que eles trabalharam a vida inteira para criar, essas duas filhas que se tornaram aeromoças. Quero levá-los para conhecer o mundo inteiro!

A Plateia: Você sente saudade de Livramento? Pretende voltar a morar aqui algum dia?
Shana: Sinto muitas saudades de onde eu nasci e morei até os meus 17 anos de idade. Foi a cidade que me formou e moldou quem eu sou hoje. Saudades das amizades que fiz e das pessoas que conheci. Mas não, não pretendo voltar a morar em Livramento. Quando eu era menor, queria casar aí e morar em campanha, mas não mais, meus sonhos se tornaram grandiosos, que nem no chão encontrei espaço suficiente e tive que VOAR.

Shana tem uma irmã, Nathalia Castro, que também é comissária, só que pela empresa GOL. Sabendo da notícia, Shana comentou que a irmã é sua inspiração. “É por causa dela que hoje eu estou voando! Ela é meu orgulho! Eu voo para ficar mais perto dela, pois já fazem 7 anos que eu me mudei para os Estados Unidos, e só a vi uma vez. Sim, nem tudo são rosas nessa vida”.

Nathalia Castro, irmã mais nova de Shana, tem 21 anos e já é comissária pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes há um ano. “Foi o dia mais feliz da minha vida!”, conta ela. Nathália diz que o sonho de voar começou quando ela era criança, pois seus pais eram da diretoria do Aeroclube de Sant’Ana do Livramento. “Desde muito cedo, eu e minha irmã tivemos contato com aviões e pessoas que trabalhavam na área. Meu maior prazer era quando chegava o fim de semana e meu pai nos acordava já na função. É inexplicável expressar o meu desejo de estar ali, o meu sonho de um dia poder ser aqueles bonequinhos. Lembro perfeitamente!”, emociona-se Nathália.

O tempo passou, ela deixou de ser uma criança, mas o sonho ainda fazia parte de sua vida.

Com 16 anos, ela começou a focar no objetivo de ser uma cabin crew. Em abril de 2008, aos 18 anos, Nathália fez o curso de comissária de voo, homologado pela ANAC. “Dediquei-me tanto, que cheguei a estudar 16 horas por dia, dei o meu máximo por essa realização”, conta.

Nathalia Castro

Depois dos treinamentos teóricos (todas matérias exigidas pela ANAC) e práticos (sobrevivência na selva, mar e gelo), ela enfim se formou. “Foi uma época em que a aviação estava parada. Falências, compras, demissões. A crise no setor aéreo brasileiro. O verdadeiro divisor de águas na história da aviação. Quando tudo começou a melhorar, recebi uma ligação da TAM Star Alliance, convidando-me para participar de seus processos seletivos. Nesse meio tempo, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes também me enviou o convite para sua seleção de comissários de voo. Fiquei muito feliz e ansiosa”, diz Nathália. Tendo passado nas duas seleções, Nathália escolheu a Gol.

A Plateia: Para quais lugares a empresa a levou que você mais gostou?
Nathália: Nossa, todos. Cada lugar tem o seu diferencial, que é único. Mas meus preferidos são: os Lençóis Maranhenses (MA); Cordilheira dos Andes (Chile); Manzana Jesuítica, em Córdoba (Argentina), Bogotá na Bolivia, e o encontro dos rios Negro e Solimões (AM).

A Plateia: Quais são suas tarefas durante um voo?
Nathália: Temos posições, cada uma designa as funções. Essas posições são trocadas a cada dia, dependendo da chave do voo e da hierarquia. Todas são relacionadas à segurança de voo.

A Plateia: Onde é sua residência atualmente?
Nathália: Durante um ano, eu residia em São Paulo e em Porto Alegre. Mas fui beneficiada com a “escala dirigida para POA”. Benefício pelo qual, devo meus pernoites em maioria para POA e assim mais qualidade de vida e mais dias em casa.

A Plateia: Qual você considera a parte mais difícil da profissão?
Nathália: A “solidão”. Pois moro sozinha. Voo com pessoas que as vezes não conheço. Lugares, certas vezes, desconhecidos. Hotel: sozinha. Volto para casa e novamente estou sozinha. Mas eu não interpreto isso com dificuldade, mas sim como novas experiências a cada dia.

A Plateia: Quais são seus planos para o futuro?
Nathália: Sou muito decidida e segura. Eu foco em um objetivo e não desisto até alcançá-lo. Ou seja, um de cada vez. Meu foco agora é comando, estou começando meu curso de piloto. Todos meus planos me levam a um só ideal: minha família reunida novamente. Estamos batalhando por isso. Os grandes passos já foram dados, todos baseados no nosso lema: FAMÍLIA, FOCO, FORÇA E FÉ.

A Plateia: Sente saudade de Livramento? Pretende vir morar de novo aqui um dia?
Nathália: Tu não imaginas o quanto. Minha vida e minhas raízes estão aí. É muito difícil se desligar. Mas, sinceramente, não. Livramento, por enquanto, é pequena para a grandeza dos meus sonhos. A vida é feitas de ciclos, e o meu em Livramento já fechei.

Eu amo essa Fronteira e em cada céu e sol que piso, eu encho meu peito de orgulho para dizer que sou uma santanense! Sou filha dos pampas, e onde quer que eu vá, eu sempre levarei minha tradição, o campo e a Fronteira da Paz junto comigo. SEMPRE.

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2 Comentários

  1. XURECO

    BAH QUE LEGAL A GARRA E A DETERMINAÇÃO DAS IRMÃS COMISSARIAS DE VOO, PARABENS PELO DIA DE VOCÊS E GOSTARIA DE DEIXAR UM PARABÉNS TAMBEM A UMA AMIGA SANTANENSE QUE TAMBÉM ATUA NA AREA , A MARJORIE ALBUQUERQUE …… SUCESSO A VOCÊS TODAS ….

  2. Milton

    Lendo a reportagem acima, sobre as aeromoças, fique muito emocionado com a conquista desta duas meninas. Lembro delas quando eram crianças lá no aeroclube, pois eu fazia parte da turma dos aeromodelistas (turma do Moy). Quero transmitir meus parabéns a elas, ao Carlão e a Fafá. Que Deus continue sempre iluminando vocẽs e que esses voos se tornem em muitas conquistas.

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