Acidentes: de quem é a responsabilidade?

Depois de dois acidentes envolvendo táxis em dois fins de semana seguidos, fica o questionamento: de quem é a responsabilidadepela contratação dos motoristas? E de veículos envolvidos nos acidentes? Dá para reclamar no caso de má prestação dos serviços? Essas e outras questões foram respondidas pelos proprietários da empresa Rádio-Taxi, responsável por repassar as corridas aos taxistas

Em pouco tempo dois acidentes com táxias foram registrados na 158

Na busca por respostas para alguns acidentes ocorridos na cidade – envolvendo em particular táxis – a equipe de reportagem do jornal A Plateia foi atrás de informações para apurar de quem é a responsabilidade por cada um dos 172 táxis que circulam na cidade atualmente.

 

Como ficou constatado, mais da metade destes veículos, 90 deles, fazem parte de uma cooperativa que transporta pessoas, com solicitação do serviço telefônico, que imediatamente é repassado aos motoristas via sala de rádio. Carlos Henrique Zani Manes, que junto de Delco Suarez é proprietário da empresa Rádio-Taxi Livramento Ltda., destacou alguns pontos importantes que devem ser observados: conforme ele, a rádio-taxi é uma empresa prestadora de serviços, que possui 90 associados para os quais são repassadas as corridas em forma de informação. “As pessoas que trabalham aí fora, em cada carro, são totalmente independentes da nossa empresa. São pessoas que trabalham para os proprietários de cada carro associado à rádio–táxi, cada táxi representa uma empresa. Muitas vezes, a gente nem conhece o motorista do veículo. Temos algumas normas que eles devem obedecer, que são não gritar, assobiar ou falar palavras de baixo calão no rádio. Temos normas e elas devem que obedecer”, destaca Zani. Ele acresce que se os motoristas têm carteira remunerada, se estão em dia com a Prefeitura ou não, ou outras questões semelhantes, não é de interesse da empresa.

Quem contrata o motorista

A contratação do motorista fica a critério do proprietário do táxi, que além de ter que arcar com as responsabilidades sociais do empregado, deve exigir dele a capacitação para o transporte de passageiros, através de curso reconhecido junto ao Detran. “Eu tenho dois táxis, e se um dos meus motoristas se envolve em um acidente de trânsito, eu sou responsável por ele e pelo dano que ele causou a terceiros”, destaca Zani.

Mau atendimento

Se uma pessoa achar que foi mal atendida por um determinado motorista, pode entrar em contato com a central de rádio-táxi. Neste caso, sim, a empresa se encarrega em chamar o motorista em questão e tomar a atitude que considerar cabível, coforme o caso. “Se um motorista vai até a casa de um passageiro, e falta com o respeito, nós o chamamos até a nossa central e o suspendemos por 24h ou 48h, conforme tenha sido a gravidade do ato, pois nós temos sanções aqui. Se um motorista cobrou demais, faltou com respeito ao cliente, o mesmo pode contatar a central e uma solução imediata será tomada. Depois desta suspensão, o motorista fica em observação”. Zani destacou que, diariamente, são recebidas reclamações de motoristas, principalmente por dirigirem em alta velocidade, e constantemente é chamada a atenção dos mesmos. “Nós falamos diariamente para os motoristas que, se temos um limite de velocidade na cidade, a mesma deve ser respeitada. Se o limite é 40km/h todos têm que dirigir a 40km/h”, reitera o administrador.

Carlos Henrique Zani Manes

Renovação da frota

 

Quanto ao estado de conservação dos veículos, o mesmo é de responsabilidade de seus proprietários. Mas Zani destacou que, entre os associados, todos os veículos são praticamente novos, sendo que os mais velhos têm, no máximo, dois anos de uso. “Nós estamos praticamente com 100% da frota renovada, devido às facilidades que foram criadas para que os proprietários de táxis pudessem trocar seus veículos”. A legislação santanense, segundo o secretário executivo de trânsito, Adroaldo Barreto, permite que carros com no máximo 15 anos de fabricação estejam em circulação, realizando atividade remunerada como táxi. Porém, não é o que se nota em algumas paradas da cidade, onde certos veículos têm aproximadamente 20 anos de fabricação e, mesmo assim, circulam normalmente pela cidade, com a devida autorização dos órgãos fiscalizadores. Há relatos, inclusive, de motoristas que dirigem táxis sem estarem habilitados para exercer atividade remunerada ao volante e até casos de motoristas sem habilitação. Estas informações foram dadas por pessoas que reservaram-se ao direito de ter seus nomes preservados.

Ampliação da frota

Para Zani, a frota atual de táxis de Sant’Ana do Livramento comporta bem a demanda de serviços. Em dias de grande movimento – como dias de chuva e de festas – são feitas em média 2.800 corridas, o que corresponderia a 31 corridas por carro. A média em dias normais é de 1.800 corridas por dia, o que resulta na média de 20 corridas ao dia por veículo. “Esses números levam em conta 100% da frota, mas se analisarmos friamente, veremos que dos 90 carros cadastrados, 60 trabalham diariamente, enquanto outros 30 estão em atividades como revisão, oficina ou mesmo uso pessoal de seus proprietários.

Segurança

Como o sistema de rádio trabalha em tempo real, os taxistas cooperados criaram um sistema que visa fazer um “pedido de ajuda imediato”. Através da manifestação do motorista que esteja em situação de risco, por meio de uma palavra chave, todos os veículos da cooperativa próximos ao colega em perigo se dirigem ao encontro do mesmo, surpreendendo os possíveis agressores. “Se acontece qualquer problema, basta falar no rádio, somente uma vez, o código de segurança, e na hora a base aciona todos os colegas nas proximidades e eles vão para cima. Já aconteceu várias vezes e a gente até cercou um cara. É um sistema rápido e pode valer a vida de um colega”, completa.

Passageira de táxi envolvido em acidente será auxiliada

Delco prestará toda assistência à passageira do veículo

Coincidentemente, o acidente mais recente envolveu um veículo de propriedade de um dos sócios diretores da empresa, o advogado Delco Suarez. Depois do ocorrido, mesmo ainda sem ter conhecimento de que maneira o registro foi realizado junto à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento, o advogado recebeu a equipe de reportagem do jornal A Plateia e manifestou-se sobre o ocorrido. Para ele, embora o veículo estivesse cruzando a BR – acesso ao Porto Seco – existem limites que devem ser observados. “Ali é um local que o tráfego de veículos deve ser no máximo de 40km/h. Como no local ficou evidente a freada que o carro que atingiu o táxi deixou, foi possível constatar que a mesma tinha mais de 16 metros de extensão. Para que isso ocorra, o veículo deveria estar a mais de 120km/h, em excesso de velocidade. O segundo ponto é o local onde ele abalroou o meu veículo. Se ele tivesse batido na frente do táxi, o meu veículo estaria entrando na via, mas como ele bateu na parte final do veículo, isso prova que ele já estava de saída da via e que, por isso, teria a preferência. Mas, na minha opinião, acho que o meu motorista deveria ter esperado, mesmo que achasse que teria tempo suficiente para cruzar”, declara. Para Suarez, a culpa é do motorista de fora da cidade, que vinha em alta velocidade. Ao fim da entrevista, ele destacou que prestará toda assistência à vítima do acidente, desde a entrega do valor de R$ 600,00 referentes ao rancho, além dos medicamentos e exames da passageira que, por exames preliminares, apontou ter uma leve lesão na bacia. “Mesmo achando que não tenho culpa, vou indenizar a passageira e depois buscar um ressarcimento, inclusive em relação ao meu veículo, que deve ter perda total, depois de ter capotado com o impacto. Só que essa ação deve demorar, aproximadamente, cinco anos para que se chegue a uma solução para o caso”, finaliza o advogado Delco Suarez.

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1 Comentário

  1. enio cesar

    o trânsito de nossa cidade esta se tornando um caos. alguns motoqueiros alem de andarem em alta velocidade, ultrapassam carros em qualquer local e tanto pela esquerda como pela direita, faixa de pedestre eles desconhecem. nos finais de semana temos mais o problema dos visitantes que não conhecem as vias preferenciais de nossa cidade, e ate porque temos ruas que são mão dupla e de repente deixa de ser. quem e de fora se confunde. quanto aos acidentes com taxi, o que vejo e que nem só os carros são velhos, tambem existem muitos motoristas com idade avançada onde os reflexos já não são os mesmos mas a experiência deles compensa, quero me referir aqui nos que são realmente barbeiros e nos abusados que param em qualquer lugar para pegar ou largar passageiros, e as vezes repentinamente sem ligar a seta indicando que vai parar, acho que na pressa de não perder a corrida, ou para voltar ao seu ponto fixo.

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