Desigualdade e Emprego

O trabalho é fator essencial da produção que com a globalização e o acelerado avanço tecnológico vem resultando nos tempos atuais em crescimento do desemprego e o estímulo às desigualdades. Poucos desfrutam das oportunidades de maior reconhecimento material, escasseiam as vagas em tempos de recessão para os profissionais de formação média ou superior e falta a mão de obra chamada qualificada em alguns territórios onde a perspectiva econômica ainda é presente. O que acontece na realidade é um conjunto de alterações nas relações de trabalho que fogem do convencional. É a globalização, integrando mercados com repercussões instantâneas, novos setores da atividade econômica que de uma hora para outra surgem e desaparecem, mercado financeiro que se automatiza e movimenta em alta escala, mudanças na tributação e novas formas de remuneração. São apenas algumas das circunstâncias que oferecem complexidade e paradigmas diferentes nas relações sociais do trabalho. É claro que neste momento temos uma situação atípica na Europa e em particular na Espanha onde o desemprego alcança 22% dos trabalhadores e 40% dos jovens em idade de trabalhar. É preocupante o movimento que acontece no mundo, inclusive nos Estados Unidos, onde cresce o desemprego, aumenta a desigualdade e a atividade econômica é estacionária ou negativa. No Brasil, felizmente a realidade vem sendo diferente. Temos territórios onde ocorre o pleno emprego. Outros onde falta mão de obra qualificada e em regiões do país acontecem bolsões de desempregados e miseráveis. É com esta dinâmica, portanto, que cabe aos governos e setor privado gerenciar as políticas públicas relacionadas com o emprego e a renda no Brasil. Em primeiro lugar, estar atento às ameaças macro-econômicas, tudo que vem de fora a agredir a nossa economia, como tem sido tão comentado. Evidentemente, continuar estimulando a política inclusiva, garantia de obtenção do mínimo por famílias miseráveis. Isto poderá assegurar à milhares de crianças, pelo menos frequentar uma escola. De outra parte, buscar o crescimento econômico, desarticulando a especulação e valorizando os investimentos, especialmente os pequenos e médios que necessitam proteção. Não permitir a precarização da indústria brasileira. E por fim, superar a pauta dos grandes temas do trabalho e tributários que a sociedade tanto clama. É incompreensível que não se encontre uma equação tributária, ou a lógica que desonere a atividade produtiva em comparação com os ganhos especulativos, especialmente limitar os que têm vindo de fora para se apropriar desta vantagem e levar os benefícios para o exterior. Falta independência, vontade e competência para que isto aconteça efetivamente. Ademais, as relações sociais não compreendem só a visão sindical, seja patronal ou laboral, mas também a questão previdenciária, ônus que toda a sociedade suporta injustamente. Também a legislação trabalhista anacrônica em parte e a questão do resultado das empresas que deve ser insumo para consolidar um novo marco nas relações entre o capital e o trabalho. É num momento como este, em que parte do mundo passa uma séria crise, que o Brasil está diante de oportunidades até bem pouco imprevisíveis, que poderemos avançar, estabelecendo novos marcos regulatórios e concebendo um patamar mais qualificado para as relações sociais do trabalho. Não podemos permitir que o fosso das desigualdades se amplie e que oportunidades e empregos no Brasil não estejam disponíveis para todos.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.