GOVERNISMO

Governismo é a ocupação incondicional do governo. Estar sempre no governo ser a base de sustentação, como forma de sobreviver através do voto na vida política brasileira. Tudo o que vale é o poder. Fazer disto a grande causa. A razão do existir. Neste sentido, não é por acaso que um expressivo número de partidos tem como estratégia política estar sempre no governo e usufruir das benesses dos cargos. No Brasil, com a proliferação de partidos, muitos dos quais a população sequer conhece o conteúdo programático, o objetivo tem sido ocupar os espaços públicos e a partir daí promover o funcionamento dessa estrutura partidária de caráter meramente eleitoral.

Mas é bom que se diga, que esta realidade de certa forma também alcança os partidos maiores, que geralmente lideram as coalizões partidárias tão comuns nos dias atuais. Acontece, que o conteúdo ideológico que até bem pouco dominava o debate público, na atualidade se traduz em afinidades, “visão de mundo” e um precário direcionamento da política pública. As forças se agrupam, estabelecem princípios, compartilham os espaços de governo, direcionam os recursos e assim fazem o governo funcionar. É necessário distinguir nestes procedimentos os grupos que se alinham com propósito públicos e que na construção visam prioritariamente contribuir para o desenvolvimento local ou regional.

Neste caso, estão abrindo mão do seu reconhecimento ou legitimação em nome de um valor maior, ao contrário daqueles que pensam e almejam governar para distribuir cargos e recursos para os seus. Daí porque esta perspectiva que tem se tornado a tônica da maioria dos governos no Brasil precisa ser qualificada por uma dimensão política. Os partidos cada vez são mais limitados porque sua legitimação só acontece pelas alianças e a capacidade que tiverem de convencer e obter o apoio de outros setores sociais.

Com efeito, mesmo que o debate ideológico tenha arrefecido, tem questões políticas imprescindíveis que cabem aos governos explicitarem para que os eleitores definam suas prioridades. Por exemplo, como os recursos são escassos, ao efetivar as aplicações o governo está fazendo uma escolha e dizendo que vai investir mais em educação, saúde, segurança e de que forma. Ao definir um tratamento ao funcionalismo, também estará tornando pública a sua visão sobre a gestão pública. Ao dar prioridade ao desenvolvimento e a distribuição de renda, manifesta preocupação com a qualidade de vida das pessoas.

Enfim, estas explicitações, as escolhas, demonstram o caráter e o sentido das coalizações. Portanto, é bom que se critique o governismo pelo governismo, patrocinador dos interesses menores, mas que se compreenda a possibilidade coletiva de direcionar a política pública em benefício da população, através de uma articulação que valorize o consenso e busque o bem comum, aspiração maior de qualquer sociedade

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