EUROPA ESFORÇO INÚTIL

O grande embate global do momento não é ideológico, mas de interesses e de hegemonia. A Grécia em chamas capitulou diante do determinismo do capital financeiro internacional. Ademais, não se tornou pública a situação precária de alguns Bancos Europeus. Com efeito, ao abrigo do “véu” de que o problema financeiro é dos países integrantes da União Européia a realidade vai ficando de lado por enquanto, até que a primeira etapa de capitalização dos Fundos para salvar os países se materialize e comece tudo de novo para proteger os Bancos. Está no ar algo muito maior do que parece. Como os ativos podres dos governos, que vão praticar calote de qualquer maneira e papéis super valorizados do setor privado constituem as carteiras daquelas instituições financeiras, serão necessários mais trilhões de recursos para equacionar e sustentar a representação do capital financeiro internacional. Também a credibilidade nas instituições, bem como a confiança da população está seriamente abalada. É difícil acreditar quando as medidas atingem frontalmente o bolso do cidadão. Já pensaram se do “dia para a noite” o salário mínimo fosse reduzido em 22% como aconteceu na Grécia? E o corte drástico nos vencimentos dos funcionários públicos e aposentadorias? E a diminuição radical da atividade econômica, atingindo todo o setor produtivo privado? É inaceitável que no dito mundo desenvolvido, com elevado descortíneo político, estejamos passando por esta situação. Na verdade, os governos e os Bancos Centrais estão dominados pela receita do capital financeiro internacional, que a qualquer custo quer submeter a população ao maior arrocho da história. Nem nos piores períodos de exceção que já viveram alguns países da Europa a situação foi tão severa. Querem ainda, que o Brasil e outros países emergentes venham a contribuir com fundos para esta insensatez. É inadmissível que possamos atender esta aspiração. Contribuir para o que não tem possibilidade de produzir resultado algum é negar a nossa visão democrática e anti-servil aos interesses destes grandes grupos. O Brasil não deve se submeter aos apelos do FMI, que por incrível que pareça já é nosso devedor. Nem tampouco a outros interesses, em nome dos valores maiores da comunidade global, que consideram o ser humano e o cidadão. Portanto, o esforço atual é inútil. Vão continuar as depredações e o desespero das populações. O desemprego vai ser ampliado, a exclusão vai se multiplicar e a auto-estima vai cair a níveis nunca vistos. Tudo por enquanto na Europa, vamos ver os respingos. O receituário esta errado. Não há solução sem crescimento e sem Estado que funcione. Depois do esgaçamento destas medidas, virá um novo caminho, com sofrimento e dor, mas que aprofundara as questões sobre o modelo de Estado e suas relações indutoras com o setor privado, regulando o capital financeiro para que cumpra o seu papel creditício e de fomento a atividade econômica. Não podemos aceitar uma alteração tão substancial de papéis. O capital financeiro submete ao seu poder os Estados e a população sofre as conseqüências com desemprego e perda na qualidade de vida.

 

Afonso Motta
Advogado, produtor rural eSecretário de Estado

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