Livramento não registra casos confirmados, mas imunização é essencial no aspecto preventivo

Secretário Valmir da Silveira, da Saúde

A incidência da coqueluche no Uruguai, que registrou 44 casos em 2011, gerou uma série de boatos na Fronteira, a respeito de aumento na incidência da doença.

A Secretaria Municipal de Saúde, entretanto, alerta que não há surto, epidemia ou qualquer motivo para alerta. Ontem, o titular da pasta, Valmir da Silveira, fez um levantamento de dados, pela manhã, para verificar se havia casos notificados da tosse comprida (outro dos nomes da enfermidade) no município.

“Não há motivo para pânico, o que não significa que as pessoas devam descuidar” – afirma o secretário, destacando que o papel dos pais, no sentido preventivo, é extremamente significativo. “Levar os fihos menores para vacinação nos postos do município é de fundamental importância, tanto os de colo, para as doses específicas, quanto os reforços” – disse ele.

O Serviço de Vigilância Epidemiológica do município, que funciona junto à Unidade Sanitária – Ivonei Moreira Guedes (antigo Centro de Saúde, na avenida Daltro Filho) confirma que em 2012 recebeu a notificação de três casos de coqueluche, um deles já descartado e outros dois sob investigação.

A instalação, que atende das 7h às 13h, abriga a coordenadoria da UBS (Unidade Básica de Saúde), assim como o PAM e os postos de saúde nos bairros dispõem de vacinas para prevenção. Em que pese a não existência comprovada da doença, tanto a Secretaria, quanto o Serviço estimulam os pais a procederem a vacinação de seus filhos menores e, depois dos 7 anos, caso exista alguma suspeita, o menor deve ser levado a um pediatra.

Já em relação aos adultos, em caso de suspeita, devem procurar um médico para realizar o diagnóstico e prover o tratamento adequado, caso confirme-se a doença.

O diretor técnico da Secretaria de Saúde do município, médico pediatra Adalberto Rossés, confirmou que não houve nenhum caso confirmado em Sant’Ana do Livramento, até em função do trabalho preventivo que vem sendo realizado. Agrega que os casos registrados no Uruguai no ano passado e em 2010 estão localizados a uma distância muito significativa de Rivera.

Vale esclarecer, também, que tosse em função da baixa umidade relativa do ar, irritação na garganta em função disso ou da poeira, ou mesmo qualquer outra situação de tosse causada por um resfriado, não deve ser confundida com a doença.

Enfermeira Cândida Einloft, da Coordenação de Imunizações do município

A enfermeira Cândida Einloft, responsável pela Coordenação de Imunizações em âmbito municipal, deu algumas informações importantes, durante entrevista ontem. Segundo ela, no ano de 2011 ocorreram dois casos de coqueluche notificados, mas não confirmados e, em 2012, foi feita a notificação de três casos, um descartado e dois ainda em investigação. “Cabe ressaltar que os casos notificados foram os que chegaram ao conhecimento da Vigilância Epidemiológica do município, e que muitas das suspeitas não foram encaminhadas ao serviço de notificações” – esclarece Cândida.

A Plateia – Quando deve ser feita a vacinação contra a coqueluche?

Cândida Einloft - A vacina contra a coqueluche é feita aos 2, 4 e 6 meses de idade e, aos 3 meses junto com a vacina tetra valente – que imuniza a criança contra difteria, tétano, coqueluche, influenza, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B. Faz parte do calendário obrigatório de vacinação. Após essas imunizações, são feitos reforços aos 15 meses e aos 4 anos, com a vacina DTP (contra difteria, tétano e coqueluche, chamada vacina tríplice bacteriana).

A Plateia – Como os pais podem se orientar a respeito?

Cândida Einloft - O calendário de vacinação está disponível em todos os postos e não há falta de vacinas. Basta levar a criança, nos períodos adequados, com o cartão da vacina. É importante fazer um chamamento aos pais para que cumpram com esse calendário, levando seus filhos para vacinar, procurando os postos de saúde.

A Plateia – Qual o procedimento quando há suspeita de coqueluche?

Cândida Einloft - Quando há suspeita, a primeira providência é procurar o médico, que vai fazer a avaliação e o diagnóstico. É muito importante procurar o serviço de Vigilância Epidemiológica em caso de suspeita de coqueluche, pois somente assim temos como ter dados mais concretos a respeito dos casos. A criança, se estiver doente, não pode ser vacinada.

A Plateia – E em relação aos maiores de 4 anos e adultos?

Cândida Einloft- A primeira ação deve ser procurar o posto de atendimento – no caso, o pediatra para as crianças, e o médico da pessoa, no caso de adulta. Há tratamento e este deve ser feito exclusivamente mediante orientação médica.

A Plateia – Quais os sintomas básicos da doença?

Cândida Einloft- Basicamente, a tosse seca, febre, mal estar. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da gripe comum, também havendo coriza e olhos irritados.

Médico pediatra Adalberto Rossés

Saiba mais sobre a doença

A coqueluche, também conhecida pelos nomes pertussis, tosse comprida, tosse com guincho e tosse espasmódica, é uma doença bacteriana que atinge o sistema respiratório cujas complicações – convulsões, pneumonias e encefalopatias – podem levar o indivíduo à morte. Causada pelas Bordetella pertussis e B. parapertussis, é disseminada por meio de gotículas de saliva e, no organismo, lesa os tecidos da mucosa. Seu período de incubação varia entre cinco e vinte e um dias.

Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe e consistem em tosse, coriza, febre e olhos irritados: pertencentes ao estágio catarral. O próximo estágio, paroxístico, se desenvolve cerca de duas semanas após o anterior e tem como característica acessos de tosses sucessivas, com intervalos variáveis. Estas podem estar acompanhadas de muco, e a ocorrência de vômito é possível.

Tais eventos duram alguns minutos, a cada crise, e impedem que o indivíduo respire até que se encerrem. No término, o fôlego é retomado, geralmente por um “guincho respiratório”. As crises tendem a ser mais frequentes no período noturno. Cerca de seis semanas após o início da manifestação da doença, os sintomas começam a desaparecer, progressivamente, até seu término: estágio de convalescença.

Essa doença bacteriana é mais grave quando ocorre em crianças com poucos meses de vida, já que a resistência dessas é menor e a falta de oxigênio momentânea pode afetar o organismo. Desta forma, em alguns casos, a internação é necessária. Para diagnóstico, a observação do paciente e de seus sintomas é necessária. Exames de sangue e, em alguns casos, cultura das secreções a fim de identificar a presença da bactéria no organismo, complementam o exame.

O tratamento deve ser feito sob orientação médica e consiste basicamente no uso de antibióticos. Quanto à prevenção, o uso precoce da vacina é imprescindível.

 

 

 

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