MST fecha estradas por ações contra a estiagem
Protesto visa agilizar ações do governo por ações emergenciais contra a seca
Agricultores ligados ao MST decidiram fechar as estradas do interior do Estado, em boa parte das cidades atingidas pela estiagem, e também na capital, para pedir ao governo do Estado mais agilidades nas ações que visam reduzir os danos causados pela seca.
Atividade
Ontem pela manhã, e durante boa parte da tarde, cerca de 450 agricultores ligados ao MST, permaneceram às margens das BR’s 158 e 293 depois que, em protesto, fecharam o trevo que liga Sant’Ana do Livramento a Dom Pedrito e Rosário dos Sul por um período de aproximadamente 40 minutos.
A ação
Passava das 10h30 da manhã de ontem quando o trânsito foi interrompido em todas as direções. Famílias inteiras de agricultores, de forma pacífica, usaram pneus e galhos de árvores para fechar a estrada na altura do trevo da Faxina.
Em poucos minutos, um grande congestionamento se formou, enquanto os agricultores aguardavam pelo resultado da audiência que ocorria na capital do Estado.
Protesto ampliado
Até o meio-dia de ontem, não havia sido descartada possibilidade de um avanço dos cerca de 450 integrantes do MST, de rumar na direção do centro da cidade e tornar ainda maiores os protestos. Porém, por volta das 18h, depois de assembleia, os agricultores que pertencem a 25 assentamentos instalados em toda a região, decidiram voltar para casa.
Lideranças do MST pedem por medidas que resolvam o problema e não sejam paliativas
De acordo com os líderes do movimento, o pedido feito para o chefe da Casa Civil, na capital do Estado, é para que as ações a serem tomadas daqui em diante, sejam todas preventivas, uma vez que os períodos de seca são cíclicos e voltarão a afetar os produtores da região nos próximos anos. Ainda na manhã de ontem, momentos antes do desbloqueio da estrada, os líderes do movimento na região explicaram que tampouco querem permanecer recebendo as cestas básicas que estão sendo ofertadas pelo governo do Estado. “O que queremos é ter condições mínimas para produzir o alimento. Precisamos de poços e de condições melhores para enfrentar a estiagem. Agora estamos vivendo um período em que os produtores de leite mal conseguem sobreviver porque não há mais água nos assentamentos. Essa situação não pode persistir nos próximos anos, pois esse prejuízo não é apenas nosso, mas de toda a sociedade gaúcha que depende diretamente do campo”, explicou Jocerlei de Fátima dos Santos, integrante da coordenação do MST na região.
“Precisamos da perfuração de mais poços e limpeza de bebedouros para os animais. Acreditamos que é preciso atacar e resolver o problema. Precisamos da construção de açudes e barragens para que possamos produzir. A cesta básica é apenas um paliativo e precisamos criar a estrutura para enfrentar a seca. Essa mesma movimentação que fazemos em Livramento, acontece em outros dez pontos do Estado, para que o Governo se sensibilize do problema. A questão das dívidas também está na nossa pauta e foi entregue. Algumas coisas o governo já anunciou, como a cesta básica, que não resolve o problema, e resolvemos aguardar mobilizados pelo resultado da audiência”, disse a líder do movimento. Por volta das 16h, o trecho já estava completamente liberado. O tema deverá voltar à pauta nesta quinta-feira, quando chega a Sant’Ana do Livramento o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Luis Fernando Mainardi.
Cleizer Maciel
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