Livramento em situação de emergência em função da estiagem

Prejuízo de R$ 48 milhões de reais e um déficit hídrico de 450 milímetros de chuva foram as causas do decreto assinado na tarde de ontem pelo Prefeito Wainer Machado

Prefeito Wainer Machado decretou situação de emergência após receber os números da seca no município

Seca ao extremo. Sant’Ana do Livramento bateu o recorde no déficit hídrico, com uma defasagem de 450 mm de chuvas em todo o período. Assim, segundo o coordenador da Defesa Civil, André Pereira, havia apenas uma alternativa a ser apresentada para o Prefeito Wainer Machado diante do quadro caótico e depois da reunião de dados com produtores que atuam no município: decretar Situação de Emergência. Contagem feita, dados apresentados e um prejuízo calculado em R$ 48 milhões de reais.

Ontem, pela manhã, reuniram-se no escritório da Emater todos os segmentos da agropecuária de Livramento, para levar os dados levantados e fazer um enfrentamento dos mesmos, a fim de chegar a um denominador comum sobre o montante do prejuízo acumulado na agropecuária.

O valor aproximado do prejuízo, segundo o coordenador da Defesa Civil no município, André Pereira, é de R$ 48 milhões, o que permite decretar a Situação de Emergência. Segundo o levantamento da Defesa Civil no município, o déficit hídrico está em torno de 450mm. O único mês que choveu um pouco acima da média histórica foi em junho do ano passado, quando a média é de 90mm, e atingimos 118mm.

“A média de janeiro histórica é de 115mm e até agora choveu somente 12mm na cidade”, explicou Pereira. Ainda de acordo com o coordenador, a primeira ação já foi desencadeada na tarde de ontem, quando o caminhão da Prefeitura levou as pipas de vinil aos assentamentos São Leopoldo, Fidel Castro, Coqueiro, Torrão e Nova Santa Rita. “A partir de agora, com a possibilidade de contarmos com outro veículo, cada caminhão irá fazer, em média, cinco rotas, uma vez que chegue o veículo da secretaria de desenvolvimento rural do Estado. Estamos aguardando, e agora vamos encaminhar todo o processo complementar para a capital e para Brasília. Falta apenas a apreciação, pela câmara, da verba de R$ 90 mil com contrapartida de R$ 22 mil do município em serviço. Com esse valor, vamos comprar bombas, caixas de água. O DAE entra com a instalação dos poços. Serão 8 caixas de água de 5.000 litros, para uso comunitário, 15 bombas de imersão, além de canos e cabos elétricos para fazer a instalação efetiva do poço. Desse convênio, os poços instalados serão nos assentamentos Roseli Nunes (01), Bom Será (01), Coqueiro (01), Cerro dos Munhoz (01), Pampeiro (01), Frutinha (01), Nova Esperança (01), Cerro da Liberdade (01), Santa Rita, Assentamento Madureira, São Joaquim (01) e Herdeiros do Oziel (01).

Prefeito

O prefeito Wainer Machado assinou, na tarde de ontem (23), o decreto 5.958, que declara Situação de Emergência em toda área rural e em partes do município afetadas pela estiagem. Wainer Machado disse que os prejuízos causados pela seca já ultrapassam 48 milhões de reais. “Há mais de 90 dias que não chove regularmente em Sant’ Ana do Livramento. Além da falta de água potável em algumas localidades da zona rural, a produção da safra de verão está profundamente afetada. Já há perdas significativas nas culturas de soja, milho e feijão. A criação de aves e de gado leiteiro, e, consequentemente, a produção da bacia leiteira também foram afetadas”, explicou.

Outro ponto destacado pelo Prefeito foi a necessidade de conscientização da população urbana no uso da água potável. “Estamos solicitando à população que racionalize o uso da água, para evitar o racionamento e os dissabores causados pela sua falta. Pedimos que os consumidores evitem lavar automóveis, pátios, calçadas, fachadas de prédios e a reposição ou a troca de água de piscinas”, comentou. “Esperamos, agora, verba dos governos federal e estadual para auxiliar a amenizar a situação da nossa população, e que, principalmente, seja feito um plano de ação de combate à estiagem, esteja ela presente ou não. Estamos à mercê do clima e precisamos nos prevenir e evitar, assim, os prejuízos”, concluiu Wainer Machado.

“Na realidade, estamos fazendo agora porque computamos os dados, mas não tínhamos, até o momento, a quantificação das perdas que são exigências legais que temos que cumprir, e técnicas. Não adiantava fazer um decreto da minha cabeça sem estar embasado. Fizemos isso agora com o respaldo das pessoas que nos passaram os valores que batem em 5% do PIB. Precisávamos desses dados para que o decreto possa ser homologado. Agora, vamos buscar junto ao Estado os valores que estão disponíveis, que giram em torno de R$ 50 mil reais destinados a ações humanitárias. A nossa realidade vai além disso, e chega à questão prática dos poços, pois somente agora chegou o dinheiro para compra de equipamentos (bombas, canos e material elétrico). Evidentemente que, quando o governo federal abrir programas especais para a seca, no plano de trabalho que vamos realizar, a nossa linha de ação vai desde abertura de poços, compra emergencial de material, contratação de maquinário, além de outras ações. Na zona urbana, estamos fazendo uma recomendação, não é como em outros lugares onde é feita uma imposição. Aqui, recomendamos o uso racional da água, evitando, com isso, a lavagem de carros, calçados, tapetes, etc. É uma recomendação, porque nós temos produção de água, mas também excesso de consumo. Estamos pedindo isso para que a pressão possa levar até o local mais longe da rede e mais alto. Sexta-feira, chegaram as pipas de vinil e estamos fazendo a entrega da água. Vamos comprar as bombas talvez já nessa semana, dentro de um cronograma estabelecido no plano de trabalho”.

Sobre o prejuízo

“Hoje, temos R$ 48 milhões que não serão recuperados. A demanda apresentada pelos produtores é pela abertura de poços e uma açudagem efetiva. Essa é uma questão de infra-estrutura. Temos que fazer um programa de reaproveitamento de água na zona urbana, captar água da chuva. Mas isso é um processo gradual que temos que ir desenvolvendo, inclusive culturalmente, não apenas nós, mas o mundo todo”, disse.

Futuro

“Aqui na cidade, já houve um movimento para construção de barragem que acabou não dando, porque não havia necessidade. De lá para cá, passaram-se alguns anos, e continuamos com o mesmo modelo de extração de água do solo, mas o processo de captação é oneroso. Uma barragem teria um controle de armazenamento e também daria energia elétrica mais barata. Hoje, não temos uma discussão em torno disso, mas é uma necessidade repensar, para uma nova estrutura que possa auxiliar e reduzir esses danos causados pela estiagem. Claro que não vai suprir a zona rural, mas poderíamos enviar águas para lugares mais distantes”, afirmou o Prefeito.

Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com

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