Notícias Que Agridem

Nós, homens e mulheres do nosso tempo,somos comandados por hábitos arraigados, adquiridos por livre escolha da vontade. E dificilmente nos livramos deles,sobretudo quando estamos dentro ou próximos do outono da vida.Eu tenho hábito salutares e outros nem tanto.E um deles está diretamente vinculado a profissão que escolhi ainda adolescente:não consigo passar um dia sequer sem a leitura de jornais e revistas.O tempo para isso varia conforme os compromissos do cotidiano. Mas não lembro do ultimo dia em que deixei a leitura dos jornais e revistas de lado. E não me queixo,embora concorde com o grande escritor argentino Jorge Luis Borges de que não há nada mais velho do que o jornal da véspera.Não é o caso dos livros.Uma obra de Aristóteles, o grego genial,é e será eternamente indispensável pelo seu conteúdo de sabedoria.Quanto mais eu me entregar à leitura dos jornais menos tempo sobrará para alargar minha convivencia tambem prazerosa com os livros.Mas o que se pode fazer,se os fatos do meu país e de outros distantes não podem passar ao largo da minha curiosidade, insatisfeita com o noticiário superficial dos canais de televisão? Mas não há como negar que muitas vezes me sinto agredido com notícias destacadas em manchetes ou não. E não se trata de agressão à inteligencia, sempre disposta a interpretar e compreender os maiores absurdos. Trata-se de uma agressão ao que me resta de sentimentos nobres e de compaixão pelos dramas alheios.

Canal de Separação

Não há um só dia sem o registro de matanças em algum lugar do mundo originadas por conflitos politicos que, com um pouco de boa vontade, seriam superados pacificamente.Mata-se com uma aplicação demoníaca, como se o mundo não pudesse existir sem o sacrifício diário de milhares de pessoas. Ou as mortes resultam de ordens expressas de ditadores,que se consideram eternos, ou de confrontos entre grupos sociais vitimados pelo contágio do fanatismo ideológico,racial ou religioso.E o fenômeno diabólico não se restringe às nações mais pobres,onde ainda não chegaram as luzes da civilização.Os grandes países já demonstram que são ocupados por sociedades doentes, em nada parecidas com um mundo fraterno imaginado por espíritos superiores.E nessa bagunça generalizada destacam-se medidas e atitudes repulsivas onde jamais imaginamos que pudessem existir.Agora mesmo o governo da Grécia,um país quebrado financeiramente, decidiu construir na fronteira com a Turquia um canal de 200 quilometros cercado em suas margens por arame farpado e eletrificado.E tudo para que imigrantes estrangeiros não atinjam o território grego através da Turquia. Justamente a Grécia dos filósofos, do humanismo, da vertente mais original da cultura humana propõe a divisão e a separação dos seres humanos,como se já não houvesse perspectiva de convivencia pacífica. Onde queremos e vamos chegar? A sociedade humana está ficando cada mais fragilizada pelo ódio, a exclusão e o egoísmo. Não creio que seja um bom momento para exaltarmos as virtudes da razão.

 

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