Prefeito diz que não promoverá a intervenção da Santa Casa

Aos ex-integrantes da Mesa Diretora do hospital, Wainer Machado disse, em reunião na manhã de ontem, que espera por uma solução interna no hospital antes de pensar em intervir

Da esq. para a dir.: Eder Fialho, Ingrid Zorzella, o Prefeito Wainer Machado, Jorge Pedra e Nelson

Hospital à beira de um ataque de nervos. Nos últimos dias, o clima no setor administrativo da Santa Casa de Misericórdia deixou ânimos acirrados e fez com que a instituição se visse envolta em decisões judiciais, pedidos de demissão, destituição da mesa diretora, além de outros atos. No fim da tarde da última quarta-feira, a notícia de que os integrantes de mesa teriam tomado decisão de deixar os cargos para que desta forma o provedor, Roberto Azevedo, deixasse de gerir a Santa Casa, soou como uma bomba nos veículos de comunicação.

Em audiência realizada na última quarta-feira no Fórum de Sant’Ana do Livramento, quatro dos cinco integrantes da mesa entregaram os cargos de forma estratégica. Após o ato, os mesmos anunciaram que fariam o pedido de intervenção da Santa Casa de Misericórdia pelo prefeito municipal, Wainer Machado, por entender que esta seria a atitude capaz de afastar o provedor da instituição. Conforme anunciado na edição de ontem do Jornal A Plateia, os ex-integrantes da mesa mantiveram audiência com o Prefeito para esclarecer a situação e formalizar o pedido de intervenção

Manhã agitada

Passava das 9h da manhã quando o Prefeito de Sant’Ana do Livramento, Wainer Machado, o secretário interino de Saúde, Eder Fialho, e a advogada da Secretaria Municipal de Saúde, Ingrid Zorzella, receberam dois representes da Mesa Diretora da Santa Casa de Misericórdia. Nelson e Jorge Pedra, falaram ao Prefeito sobre as dificuldades enfrentadas ao longo do tempo, questões estatutárias, além de temas diretamente relacionados à relação da municipalidade com a instituição.

“Nós temos o direito e a obrigação de participar como membros da mesa, até porque o estatuto diz que a Santa Casa será administrada por uma mesa com seis membros, e não apenas por apenas um, no caso o provedor.

O estatuto diz, em seu artigo 18, que no último domingo de cada mês, a mesa se reunirá. Em um outro artigo, está claro que a maioria se manifesta e a minoria se submete. Fizemos isso no último domingo do mês de dezembro e o encontro foi remarcado três vezes sendo informado que o provedor, que foi convidado para participar da reunião, não compareceu”, informou Jorge Pedra. “Tudo o que queremos é que a mesa tenha transparência. Por exemplo, foi construído um ambulatório que custou pouco mais de R$ 40 mil reais, mas a mesa não foi consultada. De repente, não passa na Vigilância Sanitária e agora está lá. Pelo que sabemos, extraoficialmente, o local será entregue aos traumatologistas, naquilo que combatemos a vida inteira que é a entrega de fatias do hospital. A mesa teria que discutir essa cessão para saber como ficaria a despesa e demais bases dessa negociação. Agora, sentimos um desrespeito em função do estatuto. A mesa delibera e um integrante da mesa não concorda. Faz uma assembleia de sócios e sabemos que andou circulando uma pessoa, cargo de confiança, pegando assinaturas. Teve médico que ia saindo na frente e saiu a enfermeira correndo atrás pedindo que assinasse. De uma lista de 42, acho que 30 eram médicos”, afirmou Jorge Pedra. Ainda de acordo com ele, o problema foi gerado através de uma convocação para assembleia convocada para o último dia 29 de dezembro, sob a alegação de que os sócios não estavam satisfeitos. “Essa assembleia não foi legítima, porque não foi uma adesão, mas sim uma imposição velada. Hoje, sabemos que o clima dentro da Santa Casa é de medo entre os funcionários. Coisas que aconteceram em função de tudo isso, por exemplo, na reunião do dia 25 com a Provedoria fechada e, portanto, não tínhamos livro ata”, relatou Pedra.

Sem intervenção

Durante uma hora de reunião, o Prefeito Wainer Machado fez diversos questionamentos e deixou claro que o grande interesse na questão é pelo bem estar da comunidade e pela garantia de manutenção de atendimento aos santanenses. Wainer disse, ainda, que esta é uma questão interna do hospital e, portanto, acredita que a solução para o impasse, antes de qualquer atitude por parte da municipalidade, deverá se dar nas instâncias previstas pelo atual estatuto. Ao Prefeito foi informado que, de acordo com o estatuto da Santa Casa de Misericórdia, no caso da ação que foi tomada, de saída da maioria dos membros da Mesa Diretora permanecendo apenas um, o que torna inviável a permanência deste também à frente do cargo, o Conselho Fiscal é que tem o poder de decidir questões relevantes do hospital. “Sabemos que o Conselho Fiscal da Santa Casa raramente é consultado para participar de questões importantes”, afirmou, ainda, Jorge Pedra. Ainda sobre o pedido de intervenção, Wainer disse esperar que o Conselho Fiscal execute a sua função antes de pensar em tomar qualquer atitude no sentido de nomear um interventor para a Santa Casa de Misericórdia. “Não vou fazer isso agora. É preciso esgotar todas as possibilidades anteriores e acho que ainda existem outras formas de resolver a situação”, disse o Prefeito. Wainer agradeceu a visita dos ex-integrantes da Mesa da Santa Casa e disse que permanecerá atento aos fatos, uma vez que a Prefeitura aporta recursos significativos no hospital para que este garanta o efetivo atendimento no Pronto-Socorro para a comunidade santanense.

Por Cleizer Maciel
cleizer.geral@aplateia.com.br

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