Morre “vô Fernandes”, um centenário comerciante da cidade de Livramento

Aos 102 anos de idade, Fernandes Ramos faleceu em casa, dormindo, no fim de semana

Fernandes Ramos e sua filha Cenira Ramos, que atendiam diariamente todos os clientes, desde às 7h da manhã, até o fim da tarde

Ele já foi tema de reportagem do jornal A Plateia, na edição do dia 8 de abril de 2011, quando, aos 102 anos de idade, foi citado como exemplo de dedicação ao que mais gostava de fazer – manter sempre ativo seu comércio, que vinha sendo o sustento, tanto pessoal, quanto de sua família. Fernandes Ramos, ou simplesmente vô Fernandes, como era conhecido por toda sua vizinhança, foi uma referência quando se fala em dedicação ao trabalho e à família.

Já era viúvo e morava com a filha mais nova, Cenira Ramos Larratea, de 56 anos de idade, a qual lhe acompanhava diariamente em seu armazém. Sempre disposto, às 7h da manha já estava de pé, à espera de seus clientes. Em seus estoque, sempre muitos doces, bolachas, refrigerante e, é claro, a famosa “barriga mole” – nome dado às garrafas de cachaça que são vendidas em embalagens descartáveis – “essa é a que mais vende”, garantia o simpático comerciante, que estava sempre aos risos junto com a filha.

A filha sempre fez questão de destacar que “desde que me conheço por gente, vi meu pai atender seus clientes”. Ela afirma que, pelo que lembra, o comércio da família tem mais de 70 anos de funcionamento. Atividade esta que a filha deve dar continuidade em memória ao pai, que dedicou toda sua vida à atividade. Os demais familiares moram todos em Farroupilha, entre eles netos e bisnetos do “vô Fernandes”.

“Vô Fernandes” em frente à sua casa e comércio, esperando pelos clientes na porta de seu armazém, uma cena comum nos últimos 70 anos, de alguém que dedicou a vida ao comércio e a fazer dos clientes, amigos

Segredo da Longevidade

Fernandes destacou, na época, que o segredo da sua longevidade foi sempre trabalhar com entusiasmo. Brincando, ele falou: “Ainda quero me casar com uma guria de 15 anos”. Apesar de toda a disposição, ele havia passado a morar com a filha há 17 anos. Modesto, quando de seu aniversário, pediu para a filha que fizesse para ele somente um prato de arroz com leite. Sua filha acha que a longevidade do pai se deu por viver longe de todos os problemas que a vida apresenta. Vô Fernandes morreu aos 103 anos de idade, na noite de sexta para sábado, dormindo, sem nenhum problema de saúde.

“Retomada será difícil, mas fiz esta promessa a ele”

Ainda ressentida pela perda do pai, Cenira Ramos destacou que vai aguardar mais uns dias para novamente abrir as portas do armazém para a comunidade local e fazer, assim, com que o último desejo de seu pai seja realizado. “Ele montou este comércio, e depois que vim morar com ele, há quase 20 anos atrás, ele disse que o local ficaria para mim, e me fez prometer que manteria o local aberto e é isso que vou fazer. Só estou dando um tempo, pois a presença dele ainda é forte em toda casa”, destaca. Sua única queixa foi ficar desamparada no momento em que precisou de uma ajuda, “não sabia a quem recorrer, chamei a Brigada e os Bombeiros, mas ambos disseram que eu deveria contatar direto uma funerária. Somente neste momento me senti desamparada, mas entendi, depois, que a situação não era para o serviço deles”, finaliza Cenira Ramos, filha de vô Fernandes.

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