ÉTICA NOS NEGÓCIOS

Já vai longe o tempo em que se faziam negócios no “fio de bigode” ou apenas com a palavra. Ninguém levantava a mão para apanhar uma fruta no pé sem autorização do dono. Agora é diferente. Estamos todos impactados pela corrupção e a vantagem pessoal como referência das avenças e empreendimentos. A conduta e a ética eram pressupostos. Havia uma separação clara entre o que era negócio e o que era relacionamento pessoal. Não ocorria a confusão atual. Um presente era permitido, um almoço se encerrava em si mesmo, boa comida e camaradagem. Até viagens em conjunto eram permitidas. Mudaram, também as formas de fazer negócios. Antes todos se conheciam e as práticas tinham um ritual preparatório. Presentemente, tudo é global, desapareceu a fidúcia e as partes podem ser totalmente desconhecidas. Ademais, os negócios tem muita complexidade, especialmente no campo público. Os valores envolvidos são de grande monta. O risco se torna, uma constante. Estão aí os negócios via internet com instantaneidade.

As licitações por exemplo exigem competência administrativa para preparar propostas e sigilo absoluto. O desatendimento dos presupostos mínimos pode impor a derrota da companhia ou determinar a vitória da concorrente. É por esta razão que começam a se implementar Códigos de Ética para os negócios, reguladores destas situações complexas, que obrigam os integrantes a seguir um roteiro antes e depois do entendimento. É claro, todos sabem que mais do que regras, conta mesmo é conduta e atitude. E comportamento é algo que se incorpora numa sociedade. O Brasil ainda vai precisar investir muito na educação e valorizar o sentimento cívico para conquistar uma estrutura ética exemplar digna de um país que está se tornando um gigante no mundo dos negócios. Esta precariedade não é só nossa, mesmo nos países tidos como desenvolvidos, nos últimos anos tem ocorrido escândalos corporativos envolvendo empresas públicas e privadas, especialmente as de finalidade financeira. São milhões de poupadores de todo o mundo enganados que perderam os recursos obtidos com muito trabalho e esforço ao longo da trajetória. Basta a sinalização das crises cíclicas , para começar a reinar a insegurança. O que fazer com o dinheiro, é o que todos perguntam. Isto porque, também se insere no cenário ético e de conduta a falta de segurança e a imprevisibilidade. Uma coisa é o risco escolhido, outra é o risco inesperado por um embuste que deveria inclusive ser protegido publicamente.

Muitos entendem que esta realidade é estimulada pela falta de regulamentação e pelo desaparelhamento dos órgãos responsáveis pelas punições, mas não é bem assim. Na verdade é todo um conjunto que inicia pelo comportamento e a exemplaridade. Faltam referências cívicas. Só depois é que o regramento, reflexo da realidade se explicita e torna pública a conduta a ser seguida. E, por fim, as conseqüências do descumprimento se traduzem em penalidade. Ainda assim, mesmo tendo um sistema que funcione, são nos momentos de crise, de dificuldades em que os testes são aplicados que a sociedade pode ser avaliada na plenitude. Pode-se dizer por exemplo, que um país como o Japão, acostumado a eventos cíclicos de desventura e dificuldades, mesmo nas mais trágicas circunstâncias, mantém a sua conduta. É um povo ético, com grande espírito público. Já as sociedade mais sujeitas a uma visão consumista e com grande fluxo de capitais, ao menor solavanco não resiste e envereda para o caminho que contraria a ética e a boa conduta.

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