Livramento registra falta de gado de invernar
O mercado de reposição está calmo e registra poucos negócios. A oferta de terneiros é muito pequena, enquanto o mercado de gado magro quase não tem oferta significativa em algumas regiões. Há, entretanto, um fenômeno pontual que está sendo verificado nos últimos 30 dias: falta gado de invernar. Há relatos de negócios escassos, bem como eventos de venda, remates específicos, por exemplo, sofreram cancelamento pelo número reduzido da oferta. Também falta boi gordo em número significativo para venda aos frigoríficos. Não há disponibilidade de gado de invernar, nem terneiros, novilhos, vacas de invernar, gerando uma situação de demanda significativa e oferta muito restrita. O mais surpreendente nesse momento atípico é o fato do preço registrar achatamento e não valorização significativa, como seria possível esperar. A situação, conforme apurado ontem pela reportagem do Caderno Rural, vem ocorrendo em gravidade mais acentuada nos últimos 30 a 40 dias, e traduz uma incógnita para o fim do período invernal.
Por outro lado, a situação negativa de hoje pode significar oportunidade para o período primaveril, em função da necessidade de aquisições para sequência de ciclo dos negócios. A tendência é de que as feiras de primavera, novamente, registrem demanda acentuada por reprodutores.
As negociações têm se registrado apenas para pequenos lotes de animais. As chuvas, ainda consideradas insuficientes e irregulares no histórico dos últimos meses na região da Campanha e parte da Zona Sul do Rio Grande do Sul, afetaram de forma significativa o desempenho da atividade pecuária nos municípios de Bagé, Hulha Negra, Candiota, Dom Pedrito e Aceguá, localizados na Zona da Campanha, e de Jaguarão e Pinheiro Machado, na Zona Sul, bem como Alegrete, Quaraí, Sant’Ana do Livramento, na região da Fronteira Oeste.
A oferta de animais aptos para o abate nessas regiões continua bem abaixo do normal, segundo constatado pelos negociadores do setor. Em Bagé, houve ligeira queda no preço do gado gordo, provavelmente devido à externalidades. Essa situação deveria gerar a elevação da oferta de animais magros para invernar, mas aí também há carência. No entanto, os negócios não têm prosperado, pois a procura segue pequena. A situação, que era mais favorável na Fronteira Oeste, onde as chuvas foram mais intensas e abundantes em períodos anteriores, também começa a preocupar. Outro elemento nessa composição estabelece que a situação deriva do que está sendo considerada a mais rigorosa estiagem dos últimos anos, geradora de uma redução no índice de prenhez ao nível de 30%. Consequentemente, há menor oferta de terneiros.
Diante das circunstâncias, o mercado futuro setorial é uma incógnita na escala global, embora existam negócios de forma pontual, sendo realizados. Quem busca, por exemplo, grande número de bois, acaba frustrado.