Contar até não poder mais

No Apocalipse temos uma frase ou duas que fariam cair em pegadinha qualquer bisonho candidato ao ENEM ou Vestibular. Veja-as no Capítulo sete. Cento e quarenta e quatro mil, doze mil de cada tribo de Israel, e depois uma multidão imensa que ninguém podia contar. Faça como os estudantes, leia-as mais de uma vez, não chute e responda à pergunta com acerto. São os que se salvam, salvaram-se, salvar-se-ão. Quem são os salvos pela misericórdia de Deus? Quem são os de vestes brancas, que alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro? Que sangue é esse? Jesus Cristo não é só Jesus Cristo. O Cristo, filho de Deus, somos nós todos, batizados ou convidados ao batismo na sua morte, incorporados a Cristo de tal maneira que Jesus pôde dizer na Última Ceia, João, capítulo quinze: Sem mim nada podeis fazer; leia por que, no mesmo capítulo. Somos todos irmãos, e eu digo irmãos de sangue, irmãos pelo sangue de Cristo, derramado por nós, derramado para lavar nossas vestes, derramado em nossos corações como espírito e vida para todos.

Não sou eu que vivo, capítulo primeiro de Filipenses, primeiros versículos de Efésios. No Antigo Testamento a imensa multidão, ainda pode ser contada; conte-a no Livro dos Números, procurando alguma síntese no fim do capítulo vinte e seis. Mas a previsão do número dos eleitos é mais dinâmica imediatamente antes do capítulo sete: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz. Por mais linda que seja esta bênção, nada se compara à bênção que Jesus dá a todos, como conselho e programa de vida, no capítulo sete de Mateus: Nós todos somos santos canonizados, Jesus mesmo nos canonizou no Sermão da Montanha, na suposição, é claro, por supuesto dizem nossos irmãos do Uruguai, que levemos a sério o que ele disse ali. Leia e perceba que num dos itens você vai deixar a sua marca para convalidar sua canonização: Pobre no espírito (não de espírito como dizem alguns para contrafazer o Evangelho) – os que choram – os mansos – os que têm fome e sede de justiça – os misericordiosos (gosto desta felicidade que Cristo nos prometeu, porque Deus é misericordioso, e se eu também for, serei igual a Deus, puro, sem pecado apesar dos meus pecados; isto se consegue dando esmola como dizia São Leão Magno, o Papa que defendeu Roma de Átila, lá pelos anos quatrocentos) – continuando: os puros de coração – os que promovem a paz – os perseguidos por causa da justiça de Deus, que é maior do que a que nós humanos conhecemos.

Minha admiração por todos esses santos que Jesus proclamou: um por um se os encontro, identifico, elogio, encareço, entusiasmo para que façam mais, encaminho, ensino, encorajo – procuro imitar algum aspecto que não é o meu forte, digamos a minha praia, mas que os outros por força do amor e da amizade querem compartilhar comigo. Sim, porque cada um dos itens do Sermão do Monte é um aspecto da frase principal e iniciante: Felizes os Pobres em Espírito. Ricos e intelectuais também podem ser pobres em espírito? Leia mais o Evangelho e responda você mesmo, e não duvide, todos, em todos os níveis são uma multidão que se pode contar até cento e quatenta e quatro mil; depois, se perde a conta, não há no mundo esse matemático que consiga, mesmo usando o teorema de Pitágoras, calculando os decimais de Pi ou procurando todos os números primos no Crivo de Eratóstenes. Bem, reze de vez em quando, com imensa alegria o que São João, o mesmo do Apocalipse, deixou escrito na primeira Carta, capítulo três: Somos chamados filhos de Des; e nós o somos. Boa e feliz santidade para todos.

Agapito Prates Paulo

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.