CRISTINA NA ARGENTINA

CRISTINA KIRCHNER, a viúva, como agora é identificada por todos os Argentinos venceu com facilidade as eleições e vai continuar governando o País. Diferentemente do que aconteceu aqui no Brasil com a eleição da Presidenta Dilma, não ficou devendo favores ou compromissos, tão grande foi a diferença com relação à oposição. Não precisou fazer concessões a partidos, aliados ou desconcentrar o poder da “Casa Rosada”. A oposição não ofereceu alternativas e se apresentou dividida, razão pela qual teve votação insignificante. Muitos governantes de províncias e parlamentares tidos como oposicionalistas aderiram, tal a fragilidade do programa e as futuras necessidades de estarem reconciliados com o governo central. E o incrível é que o governo de Cristina apresentou alto índice de desaprovação e a situação econômica e social da Argentina é muito ruim.

Nenhuma candidatura de oposição, portanto conseguiu captar este sentimento de indisposição com relação ao governo. Mais uma vez na Argentina prevaleceu na escolha da mandatária maior um forte sentimento de emoção, que passa pela viuvez da atual Presidenta e o fato de ser mulher, característica muito presente na trajetória política daquele País. Usou permanentemente a imagem de Nestor, ex-presidente, o marido falecido durante o seu governo e a campanha, tratando a sua imagem como se sempre estivesse presente. Na prática porém, foi o combate a inflação que ainda está alta, a recuperação do nível de emprego, apesar do grande número de desempregados, a redução da pobreza e os investimentos nos programas sociais que asseguraram a vitória e a reeleição.

Chamam atenção as informações oficiais sobre os dados de inflação e emprego que são permanentemente questionáveis pela sociedade. Foi um pleito em que realmente prevaleceu a emoção e que a oposição não conseguiu empolgar pela falta de propostas e alternativas de poder. Logo após as eleições, são esperadas medidas de impacto pelo novo governo de Cristina, desde ajustes na política internacional relacionada ao comércio que refere o Brasil, até a consolidação da dívida do País, muito elevada e que por falta de acordo com os credores não permite a Argentina obter novos programas financeiros no mercado internacional. É bom refletir sobre esta situação Argentina para verificar como é diferente e positiva a realização do Brasil e do governo Dilma que se inicia. Com efeito, mesmo com sinais de crescimento inflacionário a nossa política macroeconômica é sólida e vem inclusive apostando na redução da taxa de juros. Os nossos índices econômicos não estão em questionamento. De outra parte, os programas sociais do governo brasileiro e o combate a pobreza estão em um estágio mais elevado de maturidade. São estruturados e menos populistas. O que se espera entretanto é que os Argentinos avancem economicamente e socialmente e superem as suas dificuldades.

Assim, poderemos também priorizar nas graves questões políticas e regulatórias que envolvem o Mercosul e que tanto tem impedido o nosso desenvolvimento regional. O que vale para o nosso contexto federativo, uma articulação conjunta para a conquista da política pública e de investimentos pelos Estados, também vale para a perspectiva de formação de blocos de países. Unidos e articulados Brasil e Argentina poderão ter conquistas mais expressivas no cenário global. Sucesso a nova Presidenta da Argentina.

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