CONTRA TUDO

É um movimento apartidário, sem líderes, apenas facilitadores, com a participação de funcionários públicos, professores, desempregados, ambientalistas e especialmente jovens estudantes. São cidadãos comuns. Por convocação exclusivamente através da internet eles vão chegando ao local combinado e montando uma espécie de acampamento com colchões e pequenas barracas improvisadas. Dali, desenvolvem o seu ativismo, com uma marcha diária pela cidade, assembléias gerais intensas e refrões contra a manipulação do poder político e o sistema econômico, que consideram corrupto e superado. Este fenômeno político e social que vêm acontecendo nas ruas e nas praças de várias partes do planeta, alcançando o mundo Árabe, se espalhando pela Europa, em especial Espanha, Grécia, Inglaterra e agora nos Estados Unidos, com o denominado “ocupem Wall Street”, começa a se manifestar no Brasil, com passeatas em várias Capitais e em Brasília. O movimento, também conhecido como “da internet” não tem caráter ideológico, nada a ver com direita ou esquerda, embora alguns articulistas políticos já estejam qualificando o protesto como populismo esquerdista. Neste contexto, a juventude, identificada por alguns setores como alienada, está utilizando as mídias sociais e os espaços de relacionamento para ampliar o número de participantes. A rede funciona e mobiliza. O fato é que as recentes manifestações desta natureza conjugadas com outras circunstâncias, tem sido o estopim para derrubar governos, influenciar as políticas públicas e determinar o debate sobre temas de grande significado para a sociedade. Com efeito, embora o chamamento seja “contra tudo” é algo novo expressando a preocupação com a instabilidade econômica, o sistema político, direitos das minorias, desemprego e questões ambientais. “Contra Tudo” é de forma simplificada, segundo os participantes, apontar o que está errado e como fazer a consertação. Embora as demandas não sejam definidas e a organização não tenha estrutura vertical todos querem que o sistema financeiro internacional faça seus ajustes por conta própria, via regulação, sem recursos públicos. Mais do que isto, é a compreensão de que o problema da dívida soberana dos países agora em crise se originou em 2008 quando os governos em nome do interesse público emitiram recursos para resolver os problemas de setores privados, especialmente os bancos. A população sofre com as conseqüências do desemprego, redução de salários, falta de recursos para as atividades essenciais e por isso fazem sentido os protestos que vem acontecendo mundo afora. Como dizem é o transbordamento das insatisfações que está nas ruas querendo mudanças. Desejam reformas e ética na política. Não se conformam com soluções simplistas que para resolver a crise se crie mais impostos com o contribuinte pagando uma conta para a qual não colaborou. Enfim, almejam que os reais interesses da maioria da população sejam a prioridade no momento em que os governos tenham de fazer suas escolhas e definir a política pública. “Contra tudo” na verdade é a ampliação de um debate imprescindível sobre o papel estado e a importância da democracia e da política para o futuro da sociedade.

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