Emater desenvolveu encontro durante a feira de gado leiteiro na semana passada 

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Juventude das várias localidades rurais assistindo a palestra, na sede do Movimento Nativo Coxilha de Santanna

No Ano Internacional da Agricultura Familiar, jovens rurais de Santana do Livramento reuniram-se, na última sexta-feira, para discutir os desafios e as oportunidades para a juventude no campo.

O tema foi debatido no 3º Encontro de Jovens Rurais, realizado no Movimento Nativo Coxilha de Sant’Ana, durante a programação da 26ª Expo-Feira do Gado Leiteiro, em Santana do Livramento.

A primeira palestra do evento, com o título “Desafios e dilemas das Juventudes Rurais”, foi ministrada pelo sociólogo da Embrapa Pecuária Sul, Jorge Sant’ Anna.

O pesquisador explica que a juventude rural comporta múltiplas perspectivas. Há os jovens que são empresários rurais, empregados rurais e os jovens que trabalham na propriedade da família. “A produção da agricultura familiar é importante para produzir alimentos para a sociedade. Se não houver o trabalho das famílias, não haverá abastecimento para a sociedade”, considerou Sant’Anna.

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Público composto de jovens e pré-adolescentes atentos às explanações

“As pessoas pensam na atividade rural como algo atrasado. A atividade agropecuária mudou muito com o uso de conhecimento, técnicas e tecnologias que melhoram o rendimento, o que contribui também para a melhoria da renda e da condição de vida das famílias rurais”, completa Sant’ Anna.

Na sequência, a jovem Vanessa Lutke, de 27 anos, oriunda de Santa Rosa, falou das dificuldades que ela e a família encontraram no campo e, também, das oportunidades que este mesmo campo pode trazer para os jovens.

A família Lutke chegou a Santana do Livramento em 1998. Vanessa conta que, nos primeiros anos, encontraram muitos obstáculos. “Tivemos dificuldades financeiras, de transporte, de estiagem”, explicou. Emocionada, Vanessa falou de tudo que enfrentou para não desistir de estudar, já que as dificuldades eram muitas.

Desestimulada e pensando em ter um futuro melhor, Vanessa resolveu ir para a cidade, onde trabalhou cinco anos no comércio local. Durante este período, viu que aquele não era seu universo. Ela gostava era do campo e decidiu voltar para o meio rural. Após um ano na propriedade, resolveu fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovada. Hoje, Vanessa é acadêmica do curso de Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). A estudante afirma que a opção pelo curso é uma forma de colaborar com as pessoas que vivem no campo, para que o trabalho destas possa ser menos penoso.

A família de Vanessa continua na propriedade. A irmã, juntamente com a mãe, está em processo de formalização de uma agroindústria de panificados. O irmão, Eduardo Lutke, de 12 anos, quer continuar no campo. Questionado sobre o motivo de continuar, Lutke afirma que gosta da natureza e dos animais. Vanessa afirma que quer ajudar no processo de desenvolvimento, para que as pessoas possam continuar no campo e não passar trabalho. Quanto à cidade, a jovem afirma que o trabalho não é reconhecido, que há exposição à violência e às drogas.

“A zona rural abre portas. O futuro no campo pode ser muito melhor do que na cidade, mas aproveitaremos muito mais a propriedade se estudarmos”, finaliza.

Após, os coordenadores Felipe Monteblanco, Fabricio Ferreira e Luciana Nogueira e os acadêmicos Diego Elesbão e Priscila Mello, do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, falaram sobre os cursos disponíveis no campus de Santana do Livramento e as formas de ingresso. Por fim, o coordenador municipal da Juventude, Rogério Holtz, falou sobre as ações desenvolvidas na Coordenadoria e a importância de os jovens estarem empenhados na elaboração de políticas públicas.

Já o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Luis Fernando Fabricio, que acompanhou o Encontro, destacou a mobilização e a organização dos jovens em grupos para criar e acessar políticas públicas. “Encontros como este são importantes para refletir sobre a permanência do jovem no campo e as condições para isso”, afirma.

O evento foi promovido pela Emater/RS-Ascar, Associação de Criadores de Gado Leiteiro e Produtores de Leite de Santana do Livramento, Coordenadoria Municipal da Juventude e Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

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Maquete: um dos trabalhos que participaram do concurso

À tarde, os jovens participaram da Gincana de Conhecimentos, em que foram abordadas questões ligadas à agricultura familiar e ao gado leiteiro.

As escolas vencedoras foram a Escola Municipal de Ensino Fundamental Rafael Vieira da Cunha (1º lugar), Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Comas (2º lugar) e Escola Estadual de Ensino Fundamental Coxilha de Santo Inácio (3º lugar).

Já no 3º Concurso de Maquetes, em que cada uma representava uma propriedade rural, as ganhadoras foram a E.E.E. Fundamental Pedro Comas (1º lugar), E.E.E. Fundamental Coxilha de Santo Inácio (2º lugar) e E.M.E. Fundamental Rafael Vieira da Cunha.

Conforme a diretora da Escola Pedro Comas, vencedora do concurso pelo terceiro ano consecutivo, Gisela Arteche, “buscamos pontos relevantes do tema dado para explorarmos na maquete, juntamente com os alunos. Após definirmos o que vamos fazer, saímos a garimpar material para a confecção da mesma”. Gisela afirma que a escola já está se preparando para a próxima edição, “em busca do tetra”. Segundo a diretora, “os alunos mais entusiasmados são os do segundo ciclo, com faixa etária entre 11 e 13 anos. É um trabalho gratificante, pois também aprendemos muito com eles”, afirma.

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