Queixas ao bispo!
O bispo de Bagé e região, dom Gilio Felício, visitou ontem as instalações de A Plateia e RCC FM. Ele é assíduo na comunidade santanense, especialmente durante a Semana Farroupilha e, desta feita, veio realizar visita ao padre Felipe, pároco da Igreja do Rosário, que se recupera de um entre os tantos motivos que teria a cidadania de Livramento para se queixar ao bispo, para recordar a popular expressão.
Aliás, a expressão “vá se queixar ao bispo”, como é sabido, significa ir se queixar de algum problema a outra pessoa, tendo, pelo hábito político, adquirido o sentido irônico, ou seja, de que não adianta reclamar, pois não haverá solução.
Vá se queixar ao bispo é uma expressão que tem origem na época do Brasil colonial.
Nessa época, eram os bispos que tinham a função de ouvidores da coroa, o que deu origem à expressão popular vá se queixar ao bispo.
Dada a necessidade de povoar as novas terras, a fertilidade da mulher era um predicado fundamental. Em função disso, elas eram autorizadas pela igreja a ter relações sexuais antes do casamento, única maneira de o noivo verificar se elas eram realmente férteis. Acontece que muitos noivinhos fugiam depois do negócio feito. As mulheres, então, iam queixar-se ao bispo, que mandava homens atrás do fujão.
Há também a versão de que era função do vigário cuidar dos pobres de sua paróquia, visto que recebiam o dízimo dos paroquianos. Quando o vigário não cuidava bem de seus pobres eles tinham o direito de se queixar ao bispo. Essa expressão significava: você tem direito de comer por conta do vigário; se o vigário não der, registre queixa para o bispo.
Bom, o gentil e sempre bem-vindo dom Gilio não merece as tantas queixas que Sant’Ana tem sobre a falta de iluminação, os buracos nas ruas, a precariedade no atendimento à saúde, a falta de segurança pública – pois em plena região central, do parque Internacional, não fortuitamente, padre Felipe foi assaltado e baleado -, entre outros.
A autoridade eclesiástica, no 18 de outubro, mais uma vez abençoou Livramento, terra de Santa Ana, mas as pessoas de fé (independente da religião que professem), em todos – mas principalmente nos setores essenciais – precisam também fazer suas respectivas partes, na prática, na política, na cidadania, vertendo em ações as ideias.