João de Barro: a casa do estudante

Conheça o projeto, as ideias e as expectativas dos jovens que vieram estudar na Fronteira

A Casa do Estudante João de Barro faz parte de um programa de permanência do aluno da UNIPAMPA, com o objetivo de incentivar estudantes em situação de baixa renda, provenientes de outras cidades, a se estabilizarem em Livramento, conseguindo exercer o processo de graduação com uma maior qualidade de vida. Hoje, ela acolhe 21 moradores, 3 gaúchos, 2 mineiros, 2 cariocas e 14 paulistas.

Sandro Burgos, Tec. Administrativo de Educação, estudante do 5º semestre de Gestão Pública e coordenador da Casa do Estudante; e Adriele Martins, assistente social da Universidade.

Segundo Adriele Martins, assistente social da universidade, e Sandro Burgos, Técnico Administrativo de Educação, estudante de Gestão Pública, e coordenador da moradia João de Barro, dos dez campi da UNIPAMPA dispostos pelo Estado, o de Livramento é o único que possui uma moradia para seus alunos. Os outros nove disponibilizam um auxílio em dinheiro, no valor de R$ 230,00. Nessas outras cidades, já estão nascendo os projetos de construção, em terrenos adquiridos ou doados pelo governo. As casas João de Barro nessas cidades serão próprias da universidade, a de Livramento é alugada. “A locação de um imóvel adequado e bem ao lado da universidade foi a maneira mais eficiente de possibilitar aos estudantes uma qualidade de moradia, mas existe a luta da direção do campus e uma cobrança dos alunos para que tenhamos um terreno próprio, para a construção de uma nova casa, padronizada”, relata Burgos. Dentro da moradia, ainda há reserva de vagas para alojamento e intercâmbio internacional entre universidades, serviço de segurança 24 horas, com vigilantes na portaria, serviço de limpeza das áreas comuns do ambiente e está em processo de elaboração o estatuto da casa.

Família

Diego, Josiane e Débora contam que, quando chegaram, foi muito difícil a adaptação. Um dos principais motivos foi a saudade de casa e da família, o que, com o tempo, foi tornando-se habitual: eles foram se acostumando com a distância, mas sempre que podem, nas férias, vão visitar os parentes e amigos.

Lazer na Fronteira

Os estudantes, sempre acostumados com a vida agitada de uma metrópole, recheada de opções de lazer e diversão, aos poucos foram se adaptando com o interior. Hoje, eles desfrutam do Lago Batuva, Gran Brethaña e sorveterias. Débora conta que a principal opção é reunir os amigos para assistir a filmes e fazer um jantar em casa. “A gente sente falta de mais opções, mais agito, mas é uma cidade pequena, tem vantagens e desvantagens. Em São Paulo, tem um leque de opções, mas aqui a locomoção é muito fácil, moramos praticamente dentro da universidade, o centro é muito próximo, tudo é perto, e o táxi é muito barato”, relatam os universitários.

Expectativas para o futuro

Sobre os planos após terminar a graduação, os alunos foram questionados se pretendiam continuar na cidade, e a resposta foi rápida e clara: Não! Segundo eles, Livramento oferece poucas oportunidades, e existe uma cultura mais fechada dos empresários. “Falta muita capacidade empreendedora no setor privado, faltam abrir a cabeça, é difícil encontrar emprego. Pode-se investir nas vinícolas, turismo rural. A Ferradura dos Vinhedos, por exemplo, tem tudo para dar certo, mas os empresários não podem ter uma visão fechada. Os turistas vêm para Rivera, domingo, e lotam as ruas da cidade uruguaia, mas quando se atravessa a Fronteira, não tem ninguém do lado de cá, esta é uma cidade refém de Rivera.

Internet

Uma das reivindicações dos alunos é pela falta de internet na casa. A direção do campus alega que já enviou para a coordenação acadêmica um ofício, reforçando o pedido a eles. Os alunos relatam que é muito complicado não ter o acesso, principalmente para quem trabalha durante todo o dia e usa a noite para estudar. A UNIPAMPA oferece aos seus alunos acesso gratuito à internet em dois laboratórios de informática, localizados na sede do campus.

Inscrições para a moradia

Quem quiser morar na casa do estudante, deve ter vindo de outra cidade e atender aos requisitos disponibilizados nos editais a serem publicados no site da universidade: www.unipampa.edu.br.

Os Moradores

Débora Faria, estudante do 7º semestre de Relações Internacionais; Diego Araujo, estudante do 6º semestre de Relações Internacionais; e Josiane de Lima, estudante de Relações Internacionais, todos moradores da Casa do Estudante

Débora Faria, vinda de Araraquara, São Paulo, morou um ano e meio nos Estados Unidos e está no 7º Semestre de Relações Internacionais. Ela conta que, no início, vir para a Fronteira foi um susto. “No início, me assustei. Quando eu vim, ainda não existia a moradia, eu residia em uma pensão, onde a dona passava a perna na gente, por a gente ser de fora. Achava que como eu era de São Paulo, eu tinha dinheiro e passava a perna mesmo. Eu e mais duas meninas de São Paulo pagávamos R$ 180,00 cada uma, além das contas, apenas pelos quartos em uma casa velha. A moradia caiu do céu para nós. Livramento não é uma cidade estruturalmente receptiva, achei o pessoal muito fechado no início, mas agora já me adaptei”, contou a estudante.

Diego Araujo, vindo de São Paulo, SP, é da segunda turma do SISU na Universidade, e está cursando o 6º semestre do curso Relações Internacionais. Segundo ele, tudo aconteceu de repente, e quando percebeu, já estava na cidade. “Cheguei aqui em março de 2011, foi muito louco, porque eu me inscrevi no SISU para a UNIPAMPA, mas não sabia que tinha passado. Uma amiga fez a inscrição comigo e depois viajou para fora do País, quando ela voltou, falou: ‘Como você me inscreve numa faculdade no Rio Grande do Sul?’. Então eu disse: ‘Eu inscrevi para onde deu’. Ela não veio, mas eu fiz a matrícula por uma procuração, e vim para cá. Alguns dias antes, pesquisei sobre Livramento, achei que era perto de Porto Alegre, mas quando eu vi fronteira, me assustei. Mas vim igual”.

Josiane de Lima, vinda de São Paulo, SP, já morou nos Estados Unidos, Holanda e Espanha, é aluna do curso de Relações Internacionais na UNIPAMPA e conta que se adaptou bem à cidade. “Na hora de escolher para onde iria estudar, pela minha nota no ENEM dava para Livramento e João pessoa. Eu escolhi vir para o Sul, porque era mais frio e tal. Então comecei a pesquisar, vi umas fotos daqui e achei legal, mas quando cheguei, não tinha moradia, eu dividia uma casa. Acho muito bom morar na Casa do Estudante – antes achava que seria ruim, no fim, eu gostei bem mais do que imaginava. O pessoal é bem legal, quer muito estudar”.

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