Tipos de relacionamentos na visão da especialista

Psicóloga fala, inclusive, dos relacionamentos virtuais, cada vez mais comuns

Psicóloga,Rosélli Ribeiro Ortiz

O Dia dos Namorados é uma data especial e comemorativa, na qual se celebra a união amorosa entre casais, sendo comum a troca de cartões e presentes, tais como as tradicionais caixas de bombons, ursinhos de pelúcia e buquês de rosas. Mas é claro que hoje em dia também há aqueles presentes mais ousados.

Em Portugal, assim como em muitos outros países, a data comemora-se no dia 14 de fevereiro. No Brasil, ela é comemorada no dia 12 de junho, véspera do dia de Santo Antonio, também conhecido pela fama de “casamenteiro”. Seguindo no tema, o jornal A Plateia entrevistou a psicóloga Rosélli Ribeiro Ortiz, que falou dos tipos de relações mais comuns nos dias atuais, dos benefícios e malefícios que algumas delas podem trazer, e também sobre o sentimento ‘amor’.

A Plateia: O que você tem a dizer, como especialista, a respeito do namoro virtual?
Rosélli: O namoro virtual, muito comum nos dias atuais, tem seus pontos positivos e negativos, dependendo da relação que cada um deseja para si. Enquanto profissional, acredito que seja mais negativo, porque as relações são baseadas mais em fantasias e expectativas, do que de fato na realidade. O namoro virtual é uma das denúncias mais exatas e chocantes da falta de investimento real e verdadeiro na questão amorosa.

A Plateia: O que pode acontecer com a pessoa que mantém um relacionamento virtual?
Rosélli: Manter um namoro virtual pode comprometer a saúde psicológica de uma pessoa e fazê-la sofrer. A internet pode ser um meio, mas não deve ser um fim. O relacionamento amoroso requer cumplicidade, convívio, segurança, afetividade, e isso só se mantém através de relações diárias de convivência. Pesquisas mostram que muitos jovens utilizam- se desses ambientes virtuais como uma forma de “namoro”, tendo um impacto direto em eventos essenciais da vida deles, como o começo e o fim de um relacionamento amoroso.

A Plateia: Por que algumas pessoas sentem medo de se envolver novamente?
Rosélli: Todo relacionamento demanda afetividades, sejam elas boas ou ruins, e ao término sempre acaba gerando um desconforto, dor, sofrimento, angústias, seja pelo sentimento de fracasso, pelas expectativas não cumpridas, sonhos não realizados, enfim… Quando existe ainda sentimentos envolvidos, é normal que a pessoa passe por um período de “luto”, mas sabemos que cada pessoa reage de maneira particular, especialmente, quando nossas atitudes envolvem sentimentos. Mas alguns pontos precisam ser observados para não levarmos para o outro relacionamento o sentimento de compensação ou carência, e passada a fase crítica, a fase da fossa, é hora de contabilizar os ganhos e as perdas de tudo isso.

A Plateia: O que você tem a dizer do “ficar”, esse relacionamento descompromissado dos jovens?
Rosélli: Dentre os vários tipos de relacionamento afetivo, o ‘ficar’, sem dúvida, é o mais expressivo da cultura adolescente na atualidade. A expressão é bastante utilizada e já ganhou notoriedade. Embora designe um tipo de relacionamento também presente em outras faixas etárias, consagrou-se como um relacionamento próprio dos jovens. Embora a palavra tenha o sentido genérico de parada e permanência, sugerindo certa fixação em algum lugar, seu uso pelos adolescentes, ao contrário, designa um relacionamento episódico e ocasional, na maioria das vezes com a duração de apenas algumas horas, ao longo de uma noitada de festa e diversão. Outra característica importante é que o ‘ficar’ não implica compromissos futuros, e é visto como um relacionamento passageiro, fortuito, superficial, sem maiores consequências ou envolvimentos profundos. Acabam vivenciando a condição de encurtamento e abreviação de seus relacionamentos amorosos.

A Plateia: Por que os valores do amor estão se perdendo?
Rosélli: Acredito que o amor perspassa todos os tempos, civilizações, culturas. O amor passageiro seria aquele com caráter aventureiro de “fogo de palha” e o “amor duradouro”, ao contrário, seria estável, permanente. O primeiro se refere ao curto tempo em que duas pessoas se relacionam, muitas vezes vivendo sentimentos enriquecedores para ambos, mas depois de certo período de descobertas e crescimento mútuo, seguem caminhos opostos. Isto porque o convívio, que teve um significado importante, agora passa a não ser tão valorizado, e existe então um desacordo de interesses e necessidades que justificam a separação. Já o amor duradouro, é aquele em que os parceiros permanecem longos anos juntos, por motivos diversos; estes poderão ou não trazer a gratificação.

A Plateia: Por que muitas pessoas têm vergonha de dizer “eu te amo”?
Roselli: Algumas pessoas talvez não digam “eu te amo”, pela dificuldade de externar seus sentimentos, por medo, vergonha, insegurança. Mas não dizer, não significa que essa pessoa não saiba amar!

A Plateia: Qual a sua opinião sobre os relacionamentos abertos?
Rosélli: Um relacionamento aberto é um tipo de relacionamento onde duas pessoas estão envolvidas, mas estão “abertas” ao possível envolvimento físico com outras pessoas. Em um relacionamento aberto, não há sentido de exclusividade, e as duas pessoas concordam que podem se relacionar com outras pessoas, sem que isso seja considerado como uma traição ou infidelidade. Naturalmente, existem pessoas a favor e outras contra os relacionamentos abertos, e cada um deve avaliar o que é bom para si, se sente-se bem ou não em relacionamentos abertos.

A Plateia: Namorar faz bem?
Rosélli: Namorar faz bem para o corpo e a alma, e para uma vida psíquica saudável.
Para mim, o amor é muito bem explicado no belo poema de Luis de Camões:
“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer…”

Eles X Elas

Meninas e rapazes culpam uns aos outros por existirem tantos solteiros

Quando chegam datas como Dia dos Namorados, homens e mulheres, rapazes e moças, dizem que permanecem solteiros, pois não há quem queira relacionar-se seriamente. E muitas pessoas que permanecem sem seu o seu par, acabam apelando, seja para as redes sociais, amigos dos amigos, e até para as famosas simpatias. Então é uma de simpatia para arrumar namorado, casar, descobrir quem gosta de você, aproximar o ser amado, entre muitas outras. “Quem nunca colocou o santo de cabeça pra baixo, tomou banho de flores, escreveu nomes em papel e os colocou na água pra ver qual abria?”, relatou de forma descontraída Leticia Munhoz Marques, de 24 anos, que hoje tem um namoro que já dura bastante tempo. Ela brincou dizendo que quem sabe não foi justamente uma dessas simpatias que funcionou, completando que sabe que está muito difícil encontrar uma pessoa para um compromisso mais sério hoje em dia.

 

O Jornal A Plateia foi às ruas saber o motivo de tantos jovens estarem solteiros, e encontrou muitas meninas que dizem que os rapazes não querem relacionamentos sérios. No entanto, eles dizem o mesmo, que elas é que não estão nem aí para namoro. Tainara Pereira, 16 anos, falou que está madura o suficiente para ter uma relação mais estável com alguém, porém acredita que está solteira ainda porque não gosta de “ficar” – nome dado pelos jovens aos relacionamentos, muitas vezes, sem afeto, sem compromisso e sem cobranças. A jovem diz esperar por uma pessoa especial, com a qual possa dividir momentos bons, não só por alguns instantes.

 

Há também alguns jovens que além da dificuldade em se relacionar com o sexo oposto, ainda enfrentam a barreira que os pais impõem. Foi esse o relato da jovem Evelin Natalia Rodrigues dos Santos, que enfatizou a resistência dos pais em permitir que ela namorasse. Ela contou que hoje está namorando há 3 meses, mas antes teve uma certa dificuldade, pois, realmente, os rapazes não querem relacionamentos que demandem regras, como horários, fidelidade, respeito, enfim, aspectos normais de uma relação tradicional.

 

 

“Vai fazer um mês que estou solteiro”, destacou Lucas Candido Porto de 19 anos, que estava casado há um ano e cinco meses. A relação não deu certo, e ele resolveu terminar a relação. Lucas falou que as meninas não estão dispostas a namorar, contudo, como terminou uma relação recentemente, não faz questão de envolver-se tão rapidamente. “Prefiro aproveitar mais um pouco antes de me relacionar sério de novo, por enquanto, só ficar”, frisou ele. Estar solteiro para os meninos é um momento para aproveitar a vida, mas para as meninas não, elas esperam todos os dias por um “príncipe encantado”.

 

 

O facebook tem aproximado e separado casais, as duas partes cobram o status, as postagens, ou, “Por que você curtiu o status dela?”, e vários são os motivos para brigas que tenham a ver com as redes sociais. Junior Santos da Costa, 26 anos, falou que muitas pessoas, hoje em dia, preferem os relacionamentos abertos, namoram, no entanto podem ficar com outras pessoas para que não haja tanta cobrança. “Para mim, esse tipo de relacionamento não serve, sou ciumento”, acrescentou Junior. Ele falou ainda que se é para ter um envolvimento aberto com uma pessoa, prefere não ter, prefere ficar solteiro, até que as meninas se decidam por relacionamentos sérios. “Ficar eu fico, mas se quiser seguir comigo, então namoramos sério”, assegurou.

 

Já Leslei Obraian, de 16 anos, disse estar tranquilo com relação a esse assunto. “No momento, prefiro não me envolver emocionalmente com ninguém, prefiro focar nos meus estudos”. Ele relatou que fica com algumas meninas, mas relacionamento sério está difícil de encontrar. “Tive uma decepção amorosa no passado e quem sabe por isso eu prefira não me prender a ninguém”, finalizou o adolescente.

 

 

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