O Conto

Nixivan havia reunido seus amigos para jantar, e estava cozinhando um suculento pedaço de carne. De repente, percebeu que o sal havia terminado.
Nixivan chamou o seu filho:
- Vai até a aldeia, e compre o sal. Mas pague um preço justo por ele: nem mais caro, nem mais barato.
O filho ficou surpreso:
- Compreendo que não deva pagar mais caro, papai. Mas, se puder barganhar um pouco, por que não economizar algum dinheiro?
- Numa cidade grande, isto é aconselhável. Mas, numa cidade pequena como a nossa, toda a aldeia perecerá.
Quando os convidados, que tinham assistido a conversa, quiseram saber porque não se devia comprar o sal mais barato, Nixivan respondeu:
- Quem vender o sal abaixo do preço, deve estar agindo assim porque precisa desesperadamente de dinheiro. Quem se aproveitar desta situação, estará mostrando desrespeito pelo suor e pela luta de um homem que trabalhou para produzir algo.
- Mas isso é muito pouco para que uma aldeia seja destruída.
- Também, no início do mundo, a injustiça era pequena. Mas cada um que veio depois terminou acrescentando algo, sempre achando que não tinha muita importância, e vejam onde terminamos chegando hoje.

O Fato

Durante uma viagem, recebi um fax de minha secretária.
“Ficou faltando um tijolo de vidro para a reforma da cozinha”, dizia ela. “Envio o projeto original, e o que o pedreiro fará para compensar a falta”.
De um lado, havia o desenho que minha mulher fizera: fileiras harmoniosas, com uma abertura para a ventilação. Do outro lado, o projeto que resolvia a falta do tijolo: um verdadeiro quebra-cabeça, onde os quadrados de vidro eram colocados sem qualquer estética.
“Comprem o tijolo que falta”, escreveu minha mulher. Assim foi feito, e o desenho original foi mantido.
Naquela tarde fiquei pensando por muito tempo no ocorrido: quantas vezes, pela falta de um simples tijolo, deturpamos completamente o projeto original de nossas vidas!

A Reflexão

Epictetus (A.D. 55 – A.D. 135) nasceu escravo, e se tornou um dos grandes filósofos de Roma. Foi expulso da cidade no ano 94, e criou – no exílio – uma maneira de ensinar a seus discípulos. Comentava a respeito dos encontros com outras pessoas:
“Duas coisas podem acontecer quando nos encontramos com alguém: ou nos tornamos amigos, ou tentamos convencer esta pessoa a aceitar nossas convicções. O mesmo acontece quando a brasa encontra outro pedaço de carvão: ou compartilha seu fogo com ele, ou é sufocada por seu tamanho, e termina se extinguindo”.
“Como, geralmente, somos inseguros num primeiro contacto, tentamos a indiferença, a arrogância, ou a excessiva humildade. O resultado é que deixamos de ser quem somos, e as coisas passam a se dirigir para um estranho mundo que não nos pertence”.
“Para evitar que isto aconteça, permita que seus bons sentimentos sejam logo notados. A arrogância geralmente é uma máscara banal da covardia, e termina impedindo que coisas importantes floresçam na sua vida”.

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