Sob o comando de Glauber

Glauber Lima e Edu Olivera assumem o desafio de administrar um município de mais de 80 mil habitantes, com problemas graves em áreas como saúde e educação, trânsito e transportes. Gerenciar dívidas públicas, conseguir dinheiro para investir e resolver essas mazelas e aumentar a eficiência da municipalidade para satisfazer a cidadania são alguns dos principais elementos que o novo governo terá que levar em consideração. E o detalhe: a população tem paciência curta, poucos serão os espaços para erros. O prefeito a ser empossado fala sobre algumas das principais questões que fazem do cotidiano da população um contexto de reclamações.

A Plateia – Como será a gestão Glauber-Edu?
Glauber – Participativa, pois queremos fortalecer os conselhos municipais e precisamos que a população participe ativamente, nos indicando o norte a seguir, priorizando suas necessidades. Estou preparado e assumo o desafio com propriedade, com rigor e responsabilidade. Teremos programas, projetos e ações. Logo nos primeiros dias, vou repassar a todos os secretários quais as metas que queremos ver cumpridas, com os respectivos prazos, pois não vamos tolerar não realizações. O Edu vai monitorar e cobrar a efetividade das realizações, mantendo o contato constante com as secretarias, com seus titulares e medindo os resultados, enquanto vamos buscar articular com toda a sociedade santanense, a comunidade em todas suas esferas, visando solucionar os problemas que existem, de uma forma que todos opinem. Sabemos da responsabilidade e também temos claro que Livramento não comporta mais paliativos, precisa de soluções definitivas. As que não tivermos, vamos buscar condições para que sejam criadas. Nossa gestão vai aliar as experiências positivas e vamos buscar recursos. Faço questão não apenas de dizer o nome de cada deputado que nos ajudar, não interessando o partido. Direi o nome publicamente e vai estar no palanque, pessoalmente, vendo a realização daquela ação ou obra para a qual destinou recurso. É um compromisso.

A Plateia – Vamos às questões pontuais. Qual a ideia da administração para o Batuva?
Glauber – Ninguém aposta em uma área sem uma infraestrutura mínima. É um local de concentração de centenas, talvez milhares de santanenses, já está consolidado. Mas falta infraestrutura básica, o que, gradativamente, seja com dinheiro público de projetos específicos, via ministério do Turismo, seja com parceria público-privada, vamos constituir. E pensamos em área de alimentação, equipamento de ginástica, quadra poliesportiva, iluminação, até para que tenha uma vida noturna, vigilância, calendário de eventos. Vamos traçar metas e trabalhar para dar as condições ao Batuva em termos de infraestrutura mínima. Vamos trabalhar também com interlocução entre as secretarias municipais com eventos, como turismo e cultura, por exemplo.

A Plateia – O trânsito de Livramento é caótico e as multas da Guarda Municipal são constantes. Como tratar essa relação?
Glauber – Primeiro, quero dizer que estou muito satisfeito com o Alencastro (Martins, nomeado Secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana). Tive várias conversas com ele em reuniões preliminares e percebo que tem conhecimento. Vou cobrar a orientação aos motoristas, a sinalização, as faixas de segurança e vamos também discutir a questão do trânsito na escala macro, sinaleiras, melhoria das vias públicas, estacionamentos. Vamos ouvir a população, saber que sugestões tem. Trataremos primeiro as questões emergenciais e depois vamos realizar uma ampla convocação pública, fazendo audiências com usuários das vias, comerciantes, comerciários, moradores, enfim, pessoas que usam o centro da cidade. A partir daí, vamos construir duas ou três alternativas para análise do governo e buscaremos a avaliação técnica de especialistas. Também vamos a Bagé, analisar que solução eles deram, pois tem estacionamento próprio pago, com reversão plena dos recursos para a prefeitura. Não temos posição fechada, opção por este ou aquele modelo. A exigência é pela ação no trânsito educativo, pois vamos avançar muito na formação continuada dos profissionais que trabalham como agentes municipais de trânsito. A Secretaria de Trânsito será interligada com a de Educação e outras pastas, pois vamos trabalhar os agentes, tornando-os, além de aplicadores da legislação vigente, educadores, e buscar também trabalhar os condutores. Teremos articulação, ainda, em torno do combate ao uso de álcool, pois todos somos parte desse manicômio que é o trânsito hoje, em que pensam que podem tudo. Articularemos uma proposta aos moldes do Balada Segura, por exemplo, trabalhando também na prevenção, a fim de evitarmos mortes.

A Plateia – E os guardadores de veículos, assim como aqueles que cobram pelas vagas de estacionamento de ônibus nas imediações do parque Internacional, entre outros locais?
Glauber – Será uma discussão que precisaremos fazer. A primeira alternativa é propor a formação profissional dessas pessoas, a fim de que possamos construir possibilidades de que elas trabalhem sem lesar, amedrontar ou ameaçar os usuários dessas áreas de estacionamento. Temos a sensibilidade de que precisam trabalhar, mas também podem ser treinados para recepção e orientação. São possibilidades. Vamos debater com a comunidade e os interessados, obviamente.

A Plateia – Com relação aos camelôs na avenida João Pessoa, qual a solução?
Glauber – Temos alguns indicativos, mas sem questão fechada. Por decisão do judiciário, teremos até fevereiro para promover uma solução que, uma vez apontada, deverá ter prazo de execução. Vejo, a priori, dois caminhos. O primeiro é deixar onde eles estão, mas com algumas diferenças: fechar a rua, construindo uma estrutura definitiva com energia e condições de uso, em 10 metros, o que tem que ser estudado em função do trânsito, circulação de pessoas e comércio daquele trecho entre Rivadávia e Andradas. O segundo é iniciar um projeto na área do estacionamento do cinema Internacional, o que tem um custo de R$ 650 mil, segundo se sabe. O fato é que temos urgência em resolver e eles precisam de uma solução, assim como a comunidade também. Trocamos informações com Rivera, mas vamos vincular ações à Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio também, pois é uma área de turismo.

A Plateia – E quanto à praça General José Antonio Flores da Cunha, a praça dos Cachorros, qual a solução?
Glauber – Não dá mais para continuar assim, isso é certo, mas precisamos captar recursos para uma reestruturação, mantendo a fidelidade e a originalidade do conteúdo da praça. Entretanto, é possível, sim, realizar uma limpeza da área, até mesmo uma lavagem. Vamos verificar se há condições para tanto e, enquanto buscamos dinheiro e expertise para investir na praça, a manteremos limpa.

A Plateia – De tempos para cá, praças, parque, áreas próximas à rodoviária, entre outras regiões da cidade são pontos de concentração de alcoolistas, drogados e moradores de rua. O que o governo pretende fazer a respeito dessas pessoas?
Glauber – Primeiro, vamos trabalhar com uma rede de assistência social muito forte, buscando identificar quem é e a origem do morador de rua. Uma ação integrada posterior pode gerar boa resposta, com a interação entre o setor de psquiatria, drogas e alcoolemia. Queremos, por um lado, resgatar as praças, para que os cidadãos possam se apropriar delas para lazer e entretenimento e, por outro, resgatar esses cidadãos e isso só pode ser feito com a criação de um espaço específico de tratamento, como um sítio, para o trabalho psicossocial, onde o camarada possa ser internado, vai morar e trabalhar, até que, com acompanhamento profissional, possa se livrar da doença e retornar ao convívio da sociedade, com o exercício de uma função produtiva, ou ainda, voltar para sua família, se tiver.

A Plateia – Qual a solução para a iluminação pública?
Glauber – Isso é compromisso nosso. Firmado na campanha. O atual prefeito renovou o contrato com a empresa que presta serviços de manutenção, com duas equipes, me parece. Logo que assumir, vou chamar o representante da empresa e acertar as metas para restabelecer todos, sim, todos, os pontos de iluminação e ampliá-los. Disso eu não abro mão. Quero resolver definitivamente essa questão e deixar disponível um sistema de manutenção, que funcione pelo telefone, com um 0800 em que o usuário, o cidadão, que será nosso maior fiscal, telefone, apresente a demanda, e seja atendido com um tempo resposta aceitável, não dias ou meses depois. Vamos exigir a ampliação da iluminação pública, fazendo com que ela chegue em locais onde não há. É um plano ousado, mas tem que ser assim para ampliar.

A Plateia – Como pretende resolver a intrafegabilidade das vias públicas?
Glauber – Primeiro, temos que trabalhar no emergencial. Uma ampla operação tapa-buracos, tendo como foco a manutenção das vias, seja com camadas asfálticas ou pedra irregular. Depois, em um segundo momento, vamos buscar os recursos financeiros junto ao Ministério das Cidades, a fim de que tenhamos condições de realizar pavimentações ou cobertura com pedra irregular, principalmente naquelas ruas dos bairros que nunca tiveram qualquer tratamento. Claro, vamos ter uma hierarquia, uma priorização em função de fluxo, trafegabilidade, enfim. Vamos manter o que existe e está bom, e já planejamos a colocação de asfalto direto sobre o chão batido. Fica bem e tem durabilidade, segundo algumas outras experiências que já vimos em outras regiões.

A Plateia – Como será a relação entre o gabinete e as secretarias?
Glauber – Já fizemos algumas reuniões com o futuro secretariado e dispusemos nossos objetivos na escala macro. Bom, após a posse, faremos a primeira reunião do secretariado. Aliás, esses encontros serão frequentes, para atualizações. O nosso vice-prefeito, o Edu, além das demais atribuições de gestão, será o responsável pelo monitoramento das atividades de todas as secretarias, recebendo informações, fazendo a interlocução cotidiana com os secretários. Já disse em outras entrevistas e repito: independente de quem seja, pode ser meu amigo de 30 anos, pode ser do meu partido, da coligação, de partido aliado, pode ser qualquer coisa, mas há três situações em que não vou tolerar a permanência: se estiver envolvido em qualquer ilícito ou irregularidade; se não cumprir com as metas estabelecidas ou se for infiel com os objetivos do governo. É sumário. Está fora. Como já expliquei, cada secretaria terá sua metodologia de trabalho supervisionada pelo Edu, terá que cumprir, resolver as demandas, prover o atendimento necessário dentro de suas competências. Os titulares e os executivos, diretores, terão que ter comprometimento pleno com as metas e os focos para dar as respostas necessárias.

A Plateia – Haverá corte de pessoal ou redução de secretarias?
Glauber – Vamos cumprir o que estabelecemos no nosso plano de governo apresentado durante a campanha eleitora à comunidade. Faremos um corte de 30% nos cargos em comissão, cargos de confiança. A avaliação para isso já iniciou e teremos uma definição logo nos primeiros dias. Não vamos extinguir secretarias a priori, pois sabemos que algumas delas são chave para a captação de recursos. Não deveremos ocupar todos os cargos de governo disponíveis em um primeiro momento. A pasta do Desenvolvimento ficará vaga até que nós encontremos o perfil de pessoa que seja de acordo com o que desejamos para operacionalizá-la. Vamos extinguir apenas a Secretaria Geral de Governo.

A Plateia – Está vista a falta de recursos humanos em todas as esferas da Prefeitura e, diante disso, haverá concurso público?
Glauber – Concurso público é um compromisso de campanha nosso. Mas será realizado dentro do tempo específico, cumpridas todas as necessidades legais. Já estamos acompanhando essa situação e é natural que, com as aposentadorias, licenças e a não reposição nos últimos anos, teremos que acelerar o processo de ingresso na Prefeitura. Concurso público é, em nossa opinião, fundamental, desde que sejam cumpridos todos os ritos necessários. Tão logo se tenha uma visão ampla da realidade do governo e se estude aprofundadamente o impacto financeiro que a necessidade de pessoal implica, vamos fazer. Também em relação às contratações, vamos analisar questão a questão, pois o foco central é prestar um serviço de qualidade para a população. Alguns contratos foram renovados recentemente, por exigência de funcionamento, especialmente na área de saúde e, a partir daí, vamos avaliar o trabalho e, então, tomar uma posição.

A Plateia – Qual a primeira ação do prefeito Glauber Lima, uma vez com a caneta na mão?
Glauber – Vamos ver. Entendo que é necessário, logo após a posse, verificar as prioridades e elencar aquilo que vamos realizar agora. Sabemos que será um ano muito difícil financeiramente, pois o orçamento de 2013 foi realizado na gestão do prefeito Wainer, fizemos alguns incrementos, mas não construímos sua totalidade. Já conseguimos recursos. Ainda antes de tomar posse, realizamos articulações com Brasília. Logo após as eleições de outubro, fomos a Porto Alegre, onde estive com o governador Tarso Genro, e à Brasília, quando visitei vários Ministérios, ciceroneado pelo deputado federal Elvino Bohn Gass (PT), que utilizou toda a sua influência política para assegurar a liberação de recursos ainda no orçamento deste ano. Como resultado disso, o MDA encaminhou autorização para a Caixa Econômica Federal empenhar recursos para a aquisição de uma Escavadeira Hidráulica, no valor de R$ 545 mil, e um caminhão tanque, no valor de R$ 302 mil, totalizando R$ 847 mil liberados. Quero agradecer. Obrigado ao Deputado Bohn Gass e à toda a sua equipe pelo monumental esforço que realizaram em Brasília. Sem eles, esses recursos não teriam sido liberados ainda neste ano. Também é preciso destacar a ação célere do secretário Robson Cabral e demais servidores das Secretarias Municipais da Agricultura e Planejamento, que não mediram esforços para elaborar, em tempo recorde, os projetos e cadastrá-los no Sistema de Convênios do Governo federal. A escavadeira hidráulica será utilizada para a recuperação de estradas rurais e o caminhão será disponibilizado à Associação dos Pequenos Produtores de Leite de Livramento – APPLESA. Após a posse, em breve, serão abertos os editais de licitação para a compra da escavadeira e do caminhão tanque.

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