Da areia e da pedra

Malba Tahan conta que dois amigos, Salim e Fahid, viajavam numa caravana para a Pérsia. Ao cruzarem um rio, Salim foi pego na correnteza, e teria morrido se o amigo não o ajudasse.
Agradecido, pediu que seus empregados gravassem numa rocha que ficava na margem do rio: “Aqui, Fahid salvou a vida de seu amigo”.
Quando voltavam da Pérsia, depois de atravessarem o mesmo rio, uma discussão tola fez com que os dois brigassem. Fahid puxou uma espada, e quase mata o amigo a quem havia salvo meses antes.
Depois que os ânimos serenaram, Salim chamou de novo seus empregados e pediu que escrevessem na areia: “Aqui, Fahid tentou matar seu amigo”.
“Quando o salvei, você gravou meu gesto numa rocha. Agora que quase o matei, você escreve na areia. Não vê que o vento logo apagará?”, perguntou Fahid.
“Esta é a sabedoria”, respondeu Salim, “Escrever as boas coisas na rocha, e as coisas negativas na areia”.

Administrando as plantas (anônimo)

Um homem, que se orgulhava muito do seu jardim, viu – com desconsolo – que ele havia sido afetado por uma praga de dentes-de-leão.
Por mais que tentasse, não conseguia livrar-se deles.
Desesperado, escreveu para o Departamento de Agricultura local.
“O que devo fazer?”
Depois de um longo tempo, recebeu a resposta:
“Sugerimos que aprenda a amá-los.”

A ordem natural

Um homem muito rico pediu a um mestre zen um texto que o fizesse sempre lembrar o quanto era feliz com a sua família.
O mestre zen pegou um pergaminho e, com uma linda caligrafia, escreveu:
- O pai morre. O filho morre. O neto morre.
- Como? – disse furioso, o homem rico. – Eu lhe pedi alguma coisa que me inspirasse, um ensinamento que fosse sempre contemplado com respeito pelas minhas próximas gerações, e o senhor me dá algo tão depressivo e deprimente como estas palavras?
- O senhor me pediu algo que sempre lhe fizesse lembrar a felicidade de viver junto à sua família. Se o seu filho morrer antes, todos serão devastados pela dor. Se o seu neto morrer, será uma experiência insuportável. Entretanto, se sua família for desaparecendo na ordem em que coloquei no papel, isso trata-se do curso natural da vida. Assim, embora todos passem por momentos de dor, as gerações continuarão, e seu legado demorará muito.

Duvidando da existência de Deus

Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que – por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados – o barbeiro afirmou:
“Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe”.
“Como?”
“O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento”.
O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou, e saiu.
Entretanto, a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou para a pessoa que o atendera:
“Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem”.
“Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro”.
“Não existem!”, insistiu o homem. “Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina”.
“Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui”.
“Exatamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que as pessoas não vão até Ele. Se o buscassem, seriam mais solidários, e não haveria tanta miséria no mundo”.

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