Um cão-guia para Isabel

“Alemão”, cachorro da raça labrador, passa a ser os olhos da menina que já nasceu com deficiência visual

Isabel e seu cão-guia Alemão, uma dupla que se afina para andar a passos largos pelas ruas de Sant’Ana do Livramento

“Sempre tivemos o sonho de ter um cão-guia que pudesse acompanhar e dar mais segurança aos passos da Isabel. No passado, ela viajou para a casa de uma tia em Viamão, e lá uma amiga descobriu uma família que havia recebido o Alemão, que estava sendo criado como cão normal e não como guia. Entramos em contato e conseguimos trazer o cachorro para Livramento. Estamos nos adaptando a ele, e ele a nós”, contou Mara Lúcia da Rosa Canabarro, 38 anos, mãe de Isabel da Rosa Canabarro, 15 anos, e Erminea Rosa Canabarro, 15 anos. Das duas irmãs, apenas Isabel nasceu com deficiência visual e precisa de apoio. Com idade entre 10 e 11 anos, Alemão mostra, em poucos segundos, todo o seu preparo para lidar com pessoas que carecem dos seus cuidados, e basta apenas um comando para que o cão deite aos pés de Isabela e ali permaneça vigilante. Calmo, de movimentos bem pensados, fruto do seu treinamento, Alemão sabe que não pode sair muito rápido porque tem uma enorme responsabilidade. “Ele é tão bem treinado que quando ouve o latido dos outros cães, e sabe que está na iminência de ser atacado, apenas senta e fica imóvel, pois sabe que se sair correndo poderia arrastar a pessoa a quem conduz. Isso é fantástico”, revela a mãe de Isabel, ao dizer que não conseguia acreditar quando soube que o cachorro viria se instalar na sua casa 

Rotina

Alemão mudou a rotina da casa, que agora precisou alterar horários em função da presença do mais novo e ilustre morador. “Ele fica toda a manhã sozinho em casa. Quando chego, vou logo com ele para a rua, para passear, e não ficar estressado para quando a Isabel chegar de tarde da escola”, conta a irmã gêmea Ermínia, que durante muito tempo foi os olhos de Isabel. 

Um novo amigo

“É bom saber que ele está perto de mim. Sinto-me muito mais segura e tenho vontade de passear pelo centro da cidade. Agora tenho que esperar que ele se recupere de um pequeno problema de saúde e depois vamos passear”, conta Isabel. Tímida, de fala mansa e atenta, ela sabe que tem ao seu lado um novo aliado para enfrentar os desafios que irão se apresentar nas travessias diárias pelas ruas santanenses. Preparado, Alemão reconhece o exato momento de começar a trabalhar, tão logo recebe sob os ombros o seu equipamento. Dessa forma, cão e dona passam a ser apenas um e assim será por um longo tempo, a partir de agora. 

Os cães-guia

Os cães que fazem o trabalho de guias de cegos são treinados por, no mínimo, um ano antes de serem entregues, e por mais um mês junto com o deficiente que o receberá, para adaptá-lo ao seu novo parceiro. No Brasil, há poucos cães treinados para essa finalidade. Normalmente, o cão é entregue sem custos para quem o recebe. Durante a condução dos deficientes visuais, o cão deve ter a capacidade de discernir eventuais perigos devido a obstáculos suspensos, até desobedecendo a uma ordem dada pelo condutor, se esta o puser em risco, o que requer cães bem selecionados e com treinamento avançado. Os cães não são capazes de distinguir cores como verde e vermelho, presentes no semáforo. Eles são treinados para observarem o fluxo da área a ser percorrida e realizar a ação desejada com segurança. Os cães-guia aproveitam imensamente seu trabalho e ficam muito satisfeitos com um serviço bem feito. Porém, não há espaço para a diversão durante o dia de trabalho. Claro que o cão-guia brinca, se distrai e recebe elogios do seu acompanhante por realizar os percursos. Mesmo quando o acompanhante não precisa de assistência, um cão-guia dedicado ao serviço é treinado para ignorar distrações e não se mexer. Isto porque ele deve ser capaz de entrar no ambiente de trabalho do acompanhante ou ficar em locais públicos sem perturbar.

CLEIZER MACIEL
cleizermaciel@jornalaplateia.com

 

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