Cidadão do mundo, com passagem pela Fronteira

Renato Borghetti fez show na noite de ontem à noite em Sant’Ana do Livramento

Da equipe de Reportagem, Marcelo Pinto e Cleizer Maciel estiveram com Renato Borghetti na tarde de ontem

Simplicidade, conhecimento, plena atenção, dedicação ao instrumento que aperta ao peito e, dom. Esses são os ingredientes que completam a carreira de um dos mais premiados músicos do Brasil, referência para acordeonistas de várias gerações, e que na noite de ontem voltou a se apresentar em Sant’Ana do Livramento, depois de muitos anos de ausência.

Renato Borghetti, homem que conseguiu a maior façanha entre os instrumentistas, ganhar o primeiro disco de ouro da história da música brasileira com um disco de música instrumental, concedeu entrevista exclusiva ao jornal A Plateia, no início da tarde de ontem, em Rivera, onde almoçou com amigos, tão logo desembarcou na Fronteira. Tranquilo e atencioso, o músico falou da carreira, dos projetos, da emoção de subir ao palco para cada novo show e da satisfação em poder voltar a Sant’Ana do Livramento para se apresentar e rever amigos.

Grande público acompanhou o show, ontem, no Centro de Eventos do Verde Plaza Hotel, no centro da cidade, que teve ainda a presença de um dos maiores violonistas do Estado, Luis Cardoso, lançando seu novo CD.

Entrevista

A Plateia: Como fica a responsabilidade sendo um dos precursores da abertura do mercado da música instrumental, e regional, para o restante do Brasil?

Renato Borghetti: Acho que tem a identidade da música e a identidade geográfica, que acabam criando uma coisa muito particular, única. Acho que isso é um dos diferenciais do trabalho, não apenas meu, mas de muitos gaúchos. Em um primeiro momento, isso pode parecer que limite, porque a música de uma determinada região poderia ser consumida apenas por pessoas do local. É importante que qualquer pessoa no mundo que faça música, possa situá–la. O importante é poder dizer que há uma música, uma história da nossa terra. Tenho certeza que tudo o que acontece relacionada a minha carreira, está diretamente relacionado com o fato de eu ser gaúcho e levar para o restante do planeta as coisas do meu rincão.

A Plateia: É cada vez mais difícil ser Renato Borghetti e ter que apresentar sempre o seu melhor em cada espetáculo em função da expectativa das pessoas?

Renato Borghetti: É muito do gaúcho achar que tem que ter alguém melhor. Sempre escutei na minha carreira as pessoas dizerem que este ou aquele é melhor que alguém. Isso não existe, pelo menos comigo. Só tenho um orgulho e um prazer, que é viver do meu trabalho, da minha música, e procuro fazer da maneira mais digna possível, seja com orquestra, com trio ou quarteto.

A Plateia: Quais são as novidades da carreira?

Renato Borghetti: Os trabalhos sempre fluem naturalmente. Os shows em que trabalho mais são os do quarteto, esse é o trabalho âncora e que mais viaja. De vez em quando tenho algumas variações, como aqui em Livramento, ou em duo com o Artur Bonilla. Procuro dosar a forma de tocar. Na semana que vem, dia 11, o governo do Estado se desloca para Piratini e lá vou estar com a orquestra sinfônica. Tem shows muito variados, mas projeto mesmo é o novo DVD, que no fim do ano será distribuído e que tem quatro programas para televisão, e que terá um formato mais musical. Outro projeto em que estou trabalhando muito é na Fábrica de Gaiteiros, fabricando gaitas, e com esses instrumentos sendo disponibilizados para crianças nas escolas.

A Plateia: Todo menino sonha em ser Renato Borghetti. Como tu enxerga essa relação com as crianças?

Renato Borghetti: Isso sempre houve, desde o meu primeiro disco com a Milonga para as Missões, uma música que nuca teve uma proposta infantil. Isso é muito bom. Se tem algo que é espontâneo e é verdadeiro é o reconhecimento de crianças. Procuro fazer com que isso reverbere. Sinto-me muito mais recompensado em saber que novos músicos toquem. Hoje eu quero que isso se torne uma realidade com uma escola, com acesso a instrumento e desenvolvendo métodos para que outros possam tocar.

A Plateia: Milonga para as Missões é a grande marca da tua carreira, ou é uma das marcas da carreira?

Renato Borghetti: A Milonga Para as Missões, do mestre Gilberto Monteiro, é uma música que faz parte, é fundamental como marco da minha carreira e que não posso deixar de reconhecer, que é o meu primeiro disco. Toco essa música com muita tranquilidade ainda hoje, também pela admiração pelo Gilberto, que é um grande músico. Conheci muitos músicos, mas para mim, tão importante quanto tocar, é a forma de se comportar, as ideias, e o Gilberto Monteiro tem um coração imenso.

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