Almoços beneficentes e o bem que fizeram às entidades assistenciais

Há alguns anos, rotina da sociedade santanense é prestigiar, aos sábados, os encontros cuja renda é revertida em favor de instituições de assistência social

No refeitório novo, construído com os recursos oriundos dos almoços beneficentes, crianças da Creche Santa Elvira agradecem a colaboração da sociedade

Ser solidário faz parte da alma fronteiriça. Talvez seja a própria linha divisória que mais une do que limita. Ou o sentimento de que todos são iguais, irmãos, falam a mesma língua e se entendem de forma única. O fato é que Sant’Ana do Livramento e seus quase 90 mil habitantes contam com as mais diversas iniciativas de solidariedade. São grupos, entidades, sociedades e propostas diferenciadas.

Pelo menos uma delas exige o envolvimento de empresários, voluntários e da comunidade de forma geral. São os almoços beneficentes, promovidos em três sábados do mês – um dedicado a cada entidade. No primeiro, é a vez do Lar de Meninas. No segundo, a Creche Santa Elvira. No terceiro, a Sociedade Internacional de Auxílio aos Idosos (Sian), gestora do Lar da Velhice Mario Motta e da Casa do Idoso Sebastião Peres Filho.

Por cerca de R$ 15,00, o cardápio serve carnes, massas, saladas, sobremesas e refrigerante. O número médio de participantes está em 120 pessoas por encontro. Como os gêneros são patrocinados, o lucro de quase R$ 2 mil fica todo com a instituição. “Além do incremento do almoço – com o qual reequipamos cozinhas e refeitórios, compramos mesas, cadeiras, pratos, talheres e copos e hoje ajudamos a manter os trabalhos – há mais participação da comunidade nas atividades da Sian. Os almoços deram mais visibilidade às entidades”, explica o presidente da Sian, Lauro Binsfeld.

Pela terceira vez à frente da instituição, Binsfeld testemunhou o processo de transformação provocado pelos almoços. “A ajuda foi muito maior quando as pessoas começaram a conhecer as entidades, passamos a receber ajuda e doações de todos os tipos – a própria carne consumida pelos idosos nos é doada por um fazendeiro, por exemplo”, assinala. Na Sian, são atendidos 75 idosos, entre as duas casas – o Lar dos Velhinhos Mario Motta fica no centro da cidade, enquanto a Casa do Idoso Sebastião Peres Filho está localizada na zona rural. O almoço é tradicional e o menu preferido pelos assíduos frequentadores, conforme Binsfeld, é o galeto com massa.

Início

A ideia de promover almoços beneficentes partiu do empresariado local. A partir de uma reunião, ficou decidido: fariam algo para garantir o bom funcionamento das entidades locais. Assim, eles mesmos providenciavam o patrocinador do mês para cada almoço. “Hoje é muito mais fácil, os patrocinadores se oferecem. É uma corrente, em cima de um trabalho sério e da repercussão junto à comunidade. As pessoas não colaboram com o que não conhecem”, analisa Binsfeld.

Das outras duas beneficiárias, somente a Creche Santa Elvira faz os almoços fora de sua sede – mas tem ansiedade em mudar essa situação. “Só faltam as mesas. Em setembro não faremos o almoço por causa dos festejos farroupilhas, mas em outubro queremos receber a comunidade em nossa casa”, manifesta a presidente, Anna Maria Raffoni de Oliveira, mais conhecida pela alcunha “tia Anita”. “Queremos que as pessoas venham conhecer a nossa realidade, o nosso trabalho, para que possam ajudar também”, complementa.

Na Creche, são recebidas crianças de pais trabalhadores. Em duas turmas de Maternal, duas de Jardim A e B e uma classe de apoio que funciona no contraturno escolar – essa destinada os maiores de 6 anos – a instituição atende, gratuitamente, 150 meninos e meninas de 1 a 12 anos, de forma integral, no horário das 7h30 às 18h. “Iremos, agora, implantar o Berçário”, anuncia tia Anita.

Segundo a presidente da Creche Santa Elvira, os recursos originados nos almoços permitem maiores realizações. “Como os subsídios governamentais são especificamente destinados, isso nos dá maleabilidade e nos permite investir em áreas que precisamos – reformamos a sala para transformá-la em refeitório, desse modo. Agora, as crianças terão um lugar melhor para refeições e poderemos receber a sociedade aqui”, aponta.

No Lar de Meninas, onde vivem em regime de internato 22 meninas – são crianças envolvidas em questões judiciais, muitas afastadas da família por medidas cautelares -, os R$ 2 mil mensais dos almoços também fazem a diferença. “Esse aporte de recursos nos deu a chance de ter mais condições de realizar o nosso trabalho. Sabemos que podemos contar com esse dinheiro, pois sempre há público”, registra a presidente do Lar, Olga Maria da Silva Albornoz.

Para manter as meninas com alimentação, roupas e estudo, o Lar precisa de todos os tipos de doações. Portanto, não fica só nos almoços. “Tivemos também o chá beneficente, que o pessoal gostou muito”, conta Olga, revelando um acordo: os eventos são agendados de forma que não tire o público da outra instituição. Ela também relata uma maior participação da comunidade após o início dos almoços, inclusive nos eventos e festinhas de aniversário que o local promove para as meninas.

Visitas e doações são bem vindas

Tanto o Lar de Meninas, a Creche Santa Elvira, o Lar da Velhice Mario Motta ou a Casa do Idoso Sebastião Peres Filho estão abertos à visitação – e recebem todos os tipos de doações. Para ajudar, patrocinar um dos almoços ou participar da equipe de voluntários, os interessados podem entrar em contato com o jornal A Plateia (3242.2939) ou com as entidades, cujos telefones são:  3242. 2859 – Lar de Meninas, 3244.4260 – Creche Santa Elvira e  3242.2052 – Sian. Há, ainda, outras tantas iniciativas que, igualmente, buscam a sua atenção.

Por: Letícia Gloria
leticiagloria@jornalaplateia.com

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