Claudio Coronel, uma visão de mundo

Infância pobre e de sacrifícios exigiu responsabilidade precoce e dedicação extrema

Uma infância pobre e marcada pelo trabalho desde cedo serviu para moldar o temperamento de Luiz Claudio Brum Coronel, na busca de conhecimento. Incessante, insatisfeita, essa busca é o mote, segundo ele, para desenvolver uma afinidade mais ampla com as ciências exatas. “Gosto muito de matemática, química, física” – revela. Ao contrário de uma boa parcela da coletividade brasileira, Claudio Coronel é um apaixonado pelos temas que empreendam desafios, lógica e, claro, números, mas não descarta outros dois elementos: história e política.

Casado com Cristina Fernandes Coronel, pai de Gabriela Fernandes Coronel e Nicolas Fernandes Coronel, o avô de Lucas Coronel Henquer tem traços muito fortes da filosofia humanista e aponta como finalidade buscar soluções para os problemas, em uma escala mais ampla, com conhecimento, preparo e criatividade, residindo aí sua base de trabalho política. Crítico, mas ao mesmo tempo ponderado, destaca ser daqueles que não esquece o passado, sobretudo a partir da capacidade de discernir entre dados e informações pontuais até as memórias do tempo em que vendia água na linha divisória junto de outro amigo, o conhecido Chico Camelô, em uma Livramento distante dos tempos atuais, mas presente e visível em muitos dos locais por onde Coronel passa.

Filho de uma família simples, com cinco irmãos, formada pela mãe Pradelina Brum Coronel e o pai Áureo Dubal Coronel, um elemento foi o primeiro a ser desenvolvido pelo guri de Fronteira chamado Luis Claudio. Ele perdeu o pai aos 11 anos, passando a dividir com a mãe a responsabilidade de cuidar dos irmãos, até assumir essa tarefa por completo. Quando piazito, aprendeu a gostar das coisas da terra, brincar com os animais e fazer brinquedos de osso, entre outros materiais simples que hoje fazem parte do passado. Aos 13 anos já estava empregado, por necessidade, no Curtume Ibarra, passando, algum tempo depois, para a Lavanderia Internacional. Aos 15 anos, já sustentava toda a família, sem medir esforços para conseguir, dia a dia, semana a semana, atingir esse objetivo. “Em certo momento, me vi com a necessidade de superar qualquer dificuldade e sustentar minha mãe, que era a chefe de família, e meus irmãos. Isso despertou um senso de responsabilidade, principalmente econômica, muito precoce para a época. Fez com que eu tivesse uma infância muito responsável” – conta. “Tinha minha carteira de trabalho assinada” – acrescenta. 

Tempos de lavanderia e a visão de mundo 

Claudio Coronel recorda dos tempos em que trabalhava comissionado pegando roupas das pessoas para levar à Lavanderia Internacional para a lavagem. “Ganhava uma comissão em cada peça de roupa e as famílias começaram a conhecer meu trabalho, reconhecer meu esforço e, gostando de mim e do serviço que eu prestava, aumentavam o número de peças de roupa para que minha comissão aumentasse. Sou muito grato a várias famílias santanenses, que, por não ter autorização, não cito o nome aqui, as quais me ajudaram muito dessa forma. Chegou a um ponto em que me propuseram trocar as comissões por um salário fixo. Mas, fiz as contas e vi que ganhava muito mais comissionado. Não aceitei” – recorda.

Coronel relata que tem uma visão de mundo bastante apurada e sua perseguição constante é estender melhor essa visão. “Aos 18 anos, depois de trabalhar na Estação Rodoviária, onde tive a vontade de conhecer grandes empresas, viajar, decidi ir para o Rio de Janeiro. Fui, e conheci grandes empresas, aprendi muito, especialmente a formatar o raciocínio rápido que é necessário para as pessoas que vivem em grandes metrópoles. Creio que foi justamente aí, nessa diversidade, que comecei a formar minha personalidade política, embora venha de uma família que registra vários agentes políticos nos municípios gaúchos” – opina, salientando que sua infância foi marcada pela pobreza e pelas pessoas pobres, dividida entre a rua Salgado Filho e o Cerro do Marco, jogando bola pelas ruas e nas praças, indo ao 14 de Julho e, inclusive, procurando ganhar um troco nos então espetáculos do Leão da Fronteira. “Cansei de vender laranjas no pavilhão do 14 e aproveitava para assistir ao futebol, um pouco pelo menos, porque tinha que vender” – conta. “Eu era bom de bola, gostava de esporte, mas não me fixei como atleta. Gremista pela trajetória do tricolor gaúcho e torcedor do Leão, era um dos assíduos jogadores de fim de tarde da antiga praça da Bandeira – hoje praça Oriovaldo Grecellér. 

Vendendo água na Linha 

Quando tinha seus 9, 10 anos, Claudio Coronel, nascido na rua Julio de Castilhos, 776, já residia na rua Salgado Filho, proximidades da Santa Casa de Misericórdia. “Livramento não tinha sequer água encanada naquele tempo. A água era retirada de poços artesianos, das bicas ou dos aguadouros. “Junto com um amigo da época, Chico Camelô, tirávamos água da bica ali em Rivera, parávamos numa sombra e vendíamos água fresca para as pessoas durante o tempo de sol mais abrasador. Passávamos carregando aqueles baldes de 20 litros, um de cada lado, equilibrando em uma madeira de guia que se assentava sobre os ombros.

Anos difíceis, de sacrifício, mas ao mesmo tempo de convicção de que a realidade iria se modificar para a melhor. “Sou, sempre fui e serei um otimista”- conta, revelando outro traço de sua personalidade.

Depois dessa trajetória de trabalho constante, conhecendo as pessoas e buscando crescimento através do conhecimento pessoal e das experiências, foi e voltou ao Rio de Janeiro. Ao chegar em Livramento, concentrou-se na retomada dos estudos até realizar concurso público para o Estado, passando a integrar o funcionalismo estadual como agente de colocação no mercado de trabalho, responsável por encaminhar as pessoas para vagas de emprego. A atividade foi reformulada e Claudio promovido, passando a exercer a função de agente do seguro desemprego, permanecendo nos quadros da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social até hoje. 

Qualificação como foco de busca 

Coronel foi aluno da escola General Neto no primário e, depois, cursou o Técnico em Contabilidade no Instituto Livramento, passando a frequentar a Associação Santanense Pró-Ensino Superior (Aspes), onde obteve graduação como contador e, mais adiante, fez uma pós-graduação na Universidade de Caxias do Sul (UCS), em orçamento e finanças específicas para a área pública. Hoje, acadêmico do quarto semestre do curso de Direito da Urcamp, também buscou a preparação específica para atuar no setor público, com o curso de Responsabilidade Fiscal, da Exame Fiscal, em Porto Alegre.

Já como agente da FGTAS, Claudio Coronel realizou quatro cursos de qualificação em Brasília, passando, ao perceber a necessidade, a atuar junto às comunidades. “Fundei, em 1982, o movimento Comunidade Unida, como líder do movimento comunitário, congregando 38 associações de moradores, colhendo as demandas da comunidade e fazendo com que elas chegassem às autoridades do município e do Estado. Tenho orgulho desse trabalho” – refere, lembrando que foi o fundador da primeira associação de moradores do meio rural, a da Vila Santa Rita.

“A partir dali, uma trajetória foi composta e seguimos um caminho, sempre com o apoio da nossa família, que culminou com a conquista do primeiro mandato de vereador, no ano 2000. Dali, sempre fui o vereador mais votado do Planalto, bairro onde tenho orgulho de morar há 28 anos. Estive presente e dei minha colaboração para todas as lutas da comunidade, como a vinda da Uergs, a vinda da Unipampa, as cooperativas que se formaram. Presidi a única CPI da Saúde na Câmara, que conseguiu apurar e relatar as condições reais do sistema. Conseguimos, durante o mandato parlamentar, reduzir o preço das passagens do transporte coletivo urbano, bloquear aumentos, como o da água, que acabou se confirmando em nova tentativa, quando fomos contrários na votação, enfim… São, na verdade, muitas ações e atividades” – conta. 

Ligação com a campanha 

Coronel revela que a forma que tem para descansar, aliviar as tensões e meditar é justamente o meio rural. Ele gosta de percorrer as vias rurais e, mesmo que seja fisicamente cansativo, afirma retornar revigorado para a cidade. “Trabalhar na zona rural é gratificante demais. As pessoas são extremamente cordiais, amigas, gentis e bem diferentes das pessoas da cidade. Conheço todos os assentamentos e as 3.012 propriedades rurais, já andei corredor por corredor, buscando entender, conhecer e ajudar as pessoas, ouvindo suas demandas. Foi uma etapa agradável da minha preparação” – conta Coronel. Essa ligação com a campanha transformou, segundo revela, em um bom churrasqueiro, embora seu outro prato predileto seja traíra frita. Coronel diz que “defende-se” bem nas panelas, mas prefere apostar no que destaca realmente saber como preparar: um churrasco campeiro.

“Se tem um objetivo que quero realizar é o de ser prefeito” – conta, fazendo alusão ao fato de ter buscado a preparação necessária para cumprir com essa finalidade. Na leitura, está um elemento importante, mas ela não repele a vivência prática, a busca por informações qualificadas. “Leio três livros por mês, aproximadamente, porque gosto desse exercício mental que é a leitura, e busco me fixar em duas paixões, que são a astronomia e a paleontologia” – refere, destacando que procura não deixar de lado outros temas, especialmente inerentes às funções que desempenha e às atividades que exerce.

 

 

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