Saudade para um Bem ausente

… De um poema da poetisa santanense Eloah Oliveira Puggina

“Saudade que a gente sente

De um bem que ficou ausente

E pode ainda voltar

Não é saudade, é lembrança

Saudade mesmo, saudade

É aquela que a gente sente

De um bem que ficou ausente

Para nunca mais voltar”…

E machuca, arrasa, dói, parte o coração feito para ser vida em plenitude. Agradecer e aceitar os desígnios do Pai Eterno seria encontrar os limites naturais humanos. Mas, quero sorrir e volto a chorar. Quero compreender e volto a não entender. Quero seguir e volto a ficar. Preciso vencer e volto a fracassar. São os entulhos do caminho que obstruem os espaços pelos quais devo seguir. O silêncio eterno desses espaços infinitos me assustam. A fé que conforta, vacila. A saudade persiste e só o tempo na sua finitude será capaz de diluir. O único recurso é buscar na esperança, na reflexão, na solidão interior a sabedoria dos crentes para saciar a sede do esclarecimento, quando a crise emocional teima em voar pela janela deixando-me á sós.

E, quando considero a brevidade da vida engolida pela eternidade preciso enxergar a pequenez que permanece em minha mente para aceitar que nada sou além de um ser humano. E como tal, devo ter a capacidade de fingir se não houver como aceitar, pois há lágrimas que rolam pela face, outras pelo coração. Superar e crer que a existência ainda me oferece condições de ser ternos e eterna na medida em que for capaz de construir exemplos de fé, de amor, de crença, de esperança, de visibilidade para olhar bem mais além daquilo que me faz refém de uma saudade.

Afinal, preciso agradecer pelos 58 anos que vivemos unidos pelo juramento ante o altar: “Até que a morte nos separe”. Tiveste pressa em cumprir. A família maravilhosa que juntos construímos, as lutas que vencemos, as alegrias que nos foram concedidas, foram dádivas de Deus. Só o amor constrói. Por isso e por muito mais devo renascer, qual fênix das cinzas para ser a guardiã dos nossos valores morais, hoje empalidecidos pela modernidade para continuar a transmiti-los aos nossos netos. Serei força e alegria para que eles e os nossos filhos possam sorrir.

Ajuda-me com o teu olhar distante a ser presença de paz e união, convivendo com as tuas histórias de vida cobertas de humor e sabedoria popular, velhos causos curiosos onde extravasavam as risadas gostosas e que nada mais se explica por ser uma identidade do povo fronteiriço a contar-se nas dobras do tempo. Estas permanecerão para sempre. E tenhas a certeza de que hoje mais do que nunca, estás perto de nós.

Nylza Jorgens Bertoldi.

 

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