Cerro Chato: agora é oficial!

Inauguração do primeiro complexo eólico da região ocorreu na manhã de sábado, com presenças do governador Tarso Genro, do presidente da Eletrosul, Eurides Mescollotto, entre outras autoridades das três esferas de poder

Pouco antes das 10h da manhã de ontem, a chuva insistia em marcar presença, enquanto os preparativos finais da estrutura de pirâmides de lona montadas sobre o Cerro Chato, junto a um dos aerogeradores, transcorria com o sopro forte dos ventos do Cerro Chato.

O frio, sentido por aqueles que aguardavam o início das atividades, não foi impedimento para a consolidação oficial dos ritos, a partir da inauguração oficial do complexo de geração de energia elétrica a partir da força eólica na Usina Eólica Cerro Chato, primeiro dos muitos esperados investimentos nesse segmento no município. Todos aguardavam a chegada do governador Tarso Genro para os atos inaugurais do complexo formado por 3 usinas, com 15 aerogeradores cada, o que distribuiu 45 torres, estruturadas em propriedades rurais que compreendem uma área de 8 mil hectares, com capacidade instalada para gerar 90 MW, sendo possível atender o consumo de aproximadamente 500 mil pessoas.

Eram mais de 300 pessoas, conversando, sorvendo chimarrão, procurando abrigar-se dos ventos frios da manhã de 16 de junho, data histórica para Livramento, pela inauguração oficial do parque – que já está gerando energia e colocando-a no sistema -, sendo o primeiro do País a começar a operar, após conclusão das obras com recursos do PAC II.

Harmonizados à característica paisagem pampeana da campanha riograndense, os aerogeradores distribuídos pelo cenário faziam o fundo para a solenidade, que teve uma agenda rápida e pontual. Às 11h40, depois de vir de Porto Alegre em um jatinho que pousou no aeroporto de Rivera, o primeiro mandatário estadual chegou à área da solenidade, quando foi iniciada a inauguração oficial.

O Complexo Eólico Cerro Chato foi inaugurado com as presenças, além do governador Tarso Genro, do presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto; prefeito de Sant’Ana do Livramento, Wainer Machado; João Batista Conceição, representando o Poder Legislativo; tenente coronel Rizzo Ribeiro, comandante o 7o RC Mec e Guarnição Federal; presidente do Conselho de Administração da Eletrosul e Diretor de Geração da Eletrobras, Valter Cardeal, representando o Presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho

Neto; secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque; secretário do Gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas, Afonso Motta; secretário de Estado de Saúde, Ciro Simoni; secretário Adjunto da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento no RS, José Antunes Junior (Junico); diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio; diretor administrativo e Financeiro da Eletrosul, Antonio Vituri; superintendente de Desenvolvimento de Negócios da Wobben, Carolina Preis, representando o Presidente da Wobben, Pedro Vial; presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo; Secretária Executiva do Codesul/BRDE, Emilia Fernandes; diretor-presidente da empresa Eólica Cerro Chato, João Nunes Ramis; diretor financeiro da empresa Eólica Cerro Chato, Wilton Pereira, bem como outros representantes setoriais.

Após os militares da Fanfarra do 7o Regimento de Cavalaria Mecanizado

terem executado o Hino Nacional Brasileiro e o Hino Riograndense, foi apresentado um filme sobre o complexo eólico e, a seguir, foram realizadas as manifestações, por parte das autoridades, na forma protocolar.

Depois da manifestação final, feita pelo governador Tarso Genro, foi levada uma estrutura para o palco central. Sobre ela, um tecido em azul cobria a placa inaugural da obra. O descerramento foi feito pelo presidente da Eletrosul e pelo governador, em conjunto com o prefeito e Ronaldo Custódio.

A solenidade foi concluída rapidamente, a fim de que o primeiro mandatário estadual pudesse dirigir-se à Santa Casa de Misericórdia, para inaugurar a UTI tipo 2 do hospital.

A concretização de um sonho

A primeira manifestação realizada foi do diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio, que fez um breve histórico sobre as usinas, enfatizando o investimento e a necessidade que virá de ampliar a potencialidade de transmissão para escoamento da energia produzida nas partes. “A ampliação das linhas de transmissão é nossa próxima luta” – referiu, lembrando que as usinas instaladas em Livramento têm uma concessão para geração de energia por um período de 35 anos e salientou o número de postos de trabalho abertos durante e após a realização da obra. “Durante o período de construção, que levou um ano, o empreendimento gerou 3,1 mil empregos. Hoje, são 50 empregos diretos e mais 200 indiretos”, recordou Custódio, destacando que esses dados, com os que já são de conhecimento público em relação à construção e uso de material, atestam a potencialidade de desenvolvimento gerada pela éolica.

Custódio definiu o momento como um sonho realizado e afirmou que o

sentimento era de uma missão cumprida. “É o momento de partir para outra, que é bem próxima e já está acontecendo, com a concretagem dos parques do entorno”- frisou.

O presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto, fez um retrospecto para afirmar que assim como a energia eólica e a Eletrosul entram na história de Livramento, o município entra na história da estatal de uma forma muito diferenciada.

“É uma marca de emoção, muito maior do que possam todos imaginar. Em anos passados, havia a possibilidade da onda privatista extinguir a perspectiva de força da Eletrosul. Governos anteriores fizeram com que a Eletrosul parasse de gerar. Hoje, Sant’Ana do Livramento entra na história da Eletrosul por ser o município onde a empresa volta a gerar energia” – disse, emocionado, confirmando que poderia ser em qualquer outro ponto do País, mas “as coisas não acontecem por acaso” – segundo afirmou. De acordo com o presidente, se o desenvolvimento é necessário, como contrapartida Livramento consolida essa retomada da Eletrosul. “E muitos outros empreendimentos para a região virão no longo prazo” – disse ele, confirmando acreditar nas parcerias com a iniciativa privada, estado e município, a fim de fazer vingar outros projetos.

O presidente do Conselho de Administração da Eletrosul e diretor de Geração da Eletrobras, Valter Cardeal, representando o Presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, manifestou a satisfação de presenciar um momento tão significativo para o desenvolvimento regional, afirmando que Sant’Ana do Livramento passa para a história do sistema elétrico nacional. Enfatizou que o governo brasileiro tem dado atenção estratégica para sustentar o desenvolvimento e, nesse sentido, o complexo de Livramento é um referencial positivo que fortalece a missão e os valores da estatal.

O prefeito de Sant’Ana do Livramento, Wainer Machado, fez alusão ao fato da Prefeitura ter condições de realizar licenciamentos de parques de até 10 MW, também considerando sobre os benefícios que o município conquistou e outros que virão, em função do investimento realizado. “Cerro Chato, a partir de 2014, dará impulso à economia da cidade, pois vai trazer um acréscimo de 50% no retorno de ICMS”, disse.

Tarso Genro fez alusão aos recursos disponibilizados pela presidente Dilma, após traçar uma análise sobre a realidade europeia e a economia – baseada em sistema privatista, segundo ele, nocivo: “Eles estão quebrando, nós estamos crescendo”. Para Tarso, Cerro Chato é um grande investimento para o Estado. “É uma fonte complementar fundamental para a estabilidade do sistema de distribuição de energia e, portanto, um elemento vital para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul” – disse. O governador também citou o encontro com a presidente Dilma Rousseff, enfatizando a importância dos recursos obtidos junto à União para investimentos. “A notícia da liberação de R$ 475 milhões para o Estado investir em infraestrutura reforça nosso padrão de investimento e acelera o crescimento econômico”, afirmou.

 

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