Gerente aborda redução de juros no crédito e sentencia: “Nós vamos abalar o mercado”

Tiago Helgueira Nene, gerente da Caixa em Livramento

O gerente da Caixa em Livramento, Tiago Helgueira Nene, confirmou as diretrizes que a instituição estatal está aplicando após o anúncio da redução dos juros.

A redução chega até 88% e o foco é atrair clientes. No cheque especial, por exemplo, a taxa caiu 67% e, dependendo do perfil do cliente, será cobrado 1,35% ao mês.

O programa Caixa Melhor Crédito estabelece redução de juros em linhas de empréstimo para pessoas físicas e pequenas e médias empresas. Crédito consignado, financiamento de veículos, cartões, financiamento ao consumo e capital de giro para empresas tiveram cortes nas taxas que chegaram a 88%.

A instituição financeira quer atrair 2 milhões de novos clientes no país com a redução de taxas de juros.

Em nível nacional, as medidas impactam imediatamente 25 milhões de correntistas da Caixa que usam os produtos. No cheque especial, por exemplo, a taxa caiu 67% e, dependendo do relacionamento do cliente com o banco, foi para 1,35% ao mês. No financiamento de veículos, baixou para 0,98%. Na pessoa jurídica, a taxa para capital de giro caiu de 2,72% para 0,94% ao mês. Com o corte, a Caixa espera liberar R$ 10 bilhões em empréstimos a micros e pequenas empresas. Nas linhas em que os juros ficaram menores, o banco espera liberar R$ 71 bilhões de abril até o fim de dezembro. Ao todo, o banco prevê liberar R$ 300 bilhões em empréstimos durante todo este ano.

O cliente que tem cheque especial na Caixa já tem novo juro, reduzido. Mas, conforme Tiago Nene, cada contrato precisa ser verificado. Junto desse pacote tem um programa Crédito Azul Caixa, que visa atender a quem não é cliente da Caixa e tem endividamento em outra instituição e entende que esse juro é alto. “Temos como atender essas pessoas, tem linhas de crédito. Que elas nos procurem e verão que podem transformar aquele juro muito alto em um juro menor. Obviamente que o banco avalia questões de garantias, mas é questão de negociar. Muitas pessoas já nos procuram, a redução é bonita e drástica. Quando a gente é guri, tem vontade de fazer algo grande, para ajudar as pessoas. Estamos fazendo. Sinto orgulho disso” – afirma.

Para o pequeno empreendedor, o juro cai de 2,34% para 0,91%. Quem contratou, contratou mas quem for contratar agora, vai fazer com taxa menor. O pacote só não mexe na questão de habitação, que já tem regramento, 4,5% ao ano. “Vamos atuar para reduzir o endividamento das famílias ou se ela manter esse endividamento, coloque crédito para dentro, adquiriu bens ou reduziu o dispêndio mensal de dinheiro” – pondera.

ENTREVISTA

A Plateia – Essas medidas estão sendo qualificadas como drásticas, mas a que ponto?

Tiago Nene – Quando da crise de 2008-2009, em que os bancos, de modo geral, tiraram o dinheiro do mercado, o governo, tendo o braço do poder sobre as instituições públicas, entre elas a Caixa, determinou que colocassem dinheiro no mercado. Foi o que aconteceu. A Caixa cresceu muito de lá para cá e as demais instituições públicas também, em função da oferta do crédito em contraposição às instituições privadas, que viam um cenário de risco e tiraram o pé do acelerador. Entendo que, sabiamente, o governo federal disse: “Vamos reduzir os juros, vamos abalar o mercado”. Quando disse isso, foi uma ordem, que é o que o dono pode fazer na sua empresa. E o dono é o governo, portanto, redução drástica significa drástica mesmo.

A Plateia – O que muda?

Tiago Nene - Ontem pela manhã, fiz reunião com o pessoal na agência para passar essas informações. No cheque especial, em linha geral, até quinta passada, os juros eram de 8,25% ao mes – que é um juro alto, mas comparando com o mercado é baixo, pois tem gente praticando 11%. Na Caixa, cai de 8,25% para 4,27%. E para o que recebe salário na Caixa o juro do cheque especial é 3,25%. Isso não tem no mercado.

A Plateia – Qual a meta ou as metas a serem atingidas?

Tiago Nene – Nós temos a pretenção de abalar o mercado, executando essas políticas de taxas de juros, pretendemos que o mercado mude. O governo está fazendo algo que nunca foi feito, fiz 11 anos de instituição e nunca havia visto algo assim. Pode vir a acontecer num curto espaço de tempo. O juro para empresas, o crédito cartão da conta, o Giro Caixa Fácil até quinta tinha 2,39 de juro, hoje é 0,94, antes em 24 meses, agora em 40 meses. É o inverso da lógica do financista, a Caixa está olhando para o empresário. O banco está cortando na própria carne, abrindo mão de receita, proporcionando um crédito justo e acessível para o dono, que é a população. Há uma redução que não se percebia no sistema financeiro. Tomaram uma atitude forte.

A Plateia – Quais foram as outras mudanças?

Tiago Nene – O rotativo do cartão de crédito. Há instituições que cobram 18%. A Caixa oferece a 2, 85% para quem recebe salários via Caixa, que antes era de 12,86%, caiu 10 pontos percentuais. O cdc – no prazo até 36 meses, tinha 5,4% veio para 3,88%; o financiamento de veículos – olha o risco e diz o que vai financiar, 60%, 50%. Se comprar um veículo ecoeficiente, tem 60% do veículo a 1,34%. Valor pequeno do veículo a 0,91%. Aposta na atração de muitos clientes, aumentar a base. Fazer com que o cliente que recebe no banco A, B ou C sinta ciúme do cliente da Caixa.

A Plateia – Aumentou o fluxo de pessoas na agência na segunda-feira?

Tiago Nene - No mínimo, foram atendidos 600 clientes na segunda-feira, só que passaram pela porta giratória e não estou contando lotéricas ou correspondentes. Fez 2 anos que estou na agência, e apenas no caixa, passaram 328 clientes, fora outros setores.

Para os aposentados, nossa maior taxa de juros era de 2,14% agora passou a 1,8%.

A Plateia – A Caixa compra dívidas de pessoas devedoras de outros órgãos?

Tiago Nene – A caixa pode comprar dívidas, mas de outros órgãos públicos. Adquirimos sim, podem procurar os lotéricos que também fazem atendimento. Tem ainda a taxa mínima de financiamento de veículos a 0,98% e a do cheque especial é 1,35%. O cliente acaba pagando mais IOF do que taxa.

A Plateia – Qual a reação do mercado e como ficam os contratos já assinados?

Tiago Nene - Não sei como reagirá o mercado, estamos fazendo nossa parte. Nós estamos usando da informação, jogando todas as formas de mídia para propagar e levar isso ao mercado, a fim de que todos tenham as informações.

 

 

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