“A dança é aconselhável para todas as idades, para curar o homem.”

 

O balé clássico foi originado na Antiguidade

Maria Cristina Albornoz, professora de dança da renomada Academia Kika, que há 30 anos atua na Fronteira da Paz, conversou com o Variedades para passar um pouco de seu conhecimento sobre dança:“A dança sempre existiu. No início, o homem dançava por religiosidade, para adorar os deuses, por louvor. Depois, dançavam antes das guerras. O movimento sempre foi inato no ser humano, ele caminha, se mexe. Os índios também sempre dançaram, para pedir chuva, apesar de ser primitiva a batida dos pés, tudo é dança.”

Na Academia Kika são trabalhados todos os tipos de dança

“O balé clássico é uma técnica bem antiga, surgida na Europa, é uma técnica muito formal, rígida, que trabalha muito bem o corpo. Dependendo da escola e do professor, esta técnica pode apresentar algumas variantes, por exemplo, os cubanos têm algumas diferenças dos russos, mas a essência permanece a mesma.”, explica Kika.

Mas, o que é preciso para ser bailarino profissional? Kika responde: “Para ser bailarino profissional, é preciso se dedicar bastante, ser bem esforçado, com, no mínimo, oito anos de trabalho básico, para depois, dançar em uma companhia, como, por exemplo, aqui no Uruguai, para entrar no balé do Sodre e depois passar por provas para entrar na companhia do renomado dançarino JulioBocca, que é a companhia oficial do Uruguai.”

Além disso, há os balés famosos de repertório, como a Bela Adormecida e o Lago dos Cisnes, estes balés têm uma coreografia pronta, geralmente assinada por um bailarino famoso, que é apresentado pelas companhias.

A dança contemporânea surgiucom a bailarina Isadora Duncan. Sua proposta de dança era algo completamente diferente do usual, com movimentos improvisados, inspirados, também, nos movimentos da natureza: vento, plantas, entre outros. Os cabelos meio soltos e os pés descalços também faziam parte da personalidade profissional da dançarina. Sua vestimenta era leve, eram túnicas, assim como as das figuras dos vasos gregos. O cenário simples, era composto apenas por uma cortina azul. Outro ponto forte na dança de Isadora é que ela utilizava músicas até então tidas apenas como para apreciação auditiva. Ela dançava ao som de Chopin e Wagner e a expressividade pessoal e improvisação estavam sempre presentes no seu estilo.Foi aí que começaram a surgir as diferentes técnicas do balé contemporâneo, os professores surgiram e registraram suas novas técnicas.

Segundo Maria Cristina Albornoz, da Academia Kika, as companhias de dança começam a trabalhar balé com crianças a partir dos seis ou oito anos de idade, mas tem o pré-balé: “eu, pessoalmente, gosto de trabalhar com o pré-balé, a partir dos 3 aninhos, para fazer uma iniciação. A criança de hoje em dia já esta adiantada, começa a dançar cedo. Claro que tem que ser no nível dela, brincando, para que ela se sinta bem, sem forçar nada. Aos seis anos a criança já está apta a trabalhar melhor, assim como aos oito anos, que possivelmente, já estará trabalhando com mais seriedade.  O importante de ser ressaltado é que o balé exige concentração, trabalho, esforço, dores musculares, então tem que ter gosto específico.

Kika explica qual a idade mínima para se tornar profissional:“o bailarino precisa estudar, pelo menos, oito anos, independentemente da idade. Hoje em dia, eu tenho tido meninas que começaram mais tarde, mas trabalharam e conseguiram, ou seja, depende do que cada pessoa vai querer, além de seu biotipo e condições naturais para a dança. Depois disso, influencia o trabalho do aluno, a dedicação e também a ajuda do professor, que é fundamental para que ajude o aluno a chegar a uma meta, como ser professora, ou bailarina profissional.

Outros cuidados enumerados por Kika são: ter uma alimentação saudável e regrada, com uma quantidade de calorias e energia que o corpo precisa para se desenvolver, já que o balé trabalha muito a musculatura.

Quando perguntada sobre a diferença de trabalho entre os meninos e meninas, Kika responde que “a diferença do trabalho de menino para menina é que o do menino é mais forte, é um trabalho especial, já que ele precisa de mais força muscular, para dar sustento à bailarina.”“Mas as aulas de balé clássico em si já são superfortes, os exercícios de trabalho e de força são bem exigentes.”, complementa. Vale lembrar que todo esse trabalho deve ser feito por quem pretende seguir a carreira de bailarino. Porém, quem não pretende seguir carreira e dançar somente pelo prazer, logicamente que não será tão exigido.

“Depois disso iniciou o jazz, uma dança mais forte, mais marcada, com mais energia. Nessa época, a dança foi abrindo seu leque, nascendo também a dança de rua, o que resultou na amplitude que a dança possui hoje.” Então, o que é dança de salão?“Pode-se dizer que a dança de salão é toda aquela em que duas pessoas dançam juntas: cumbia, salsa, merengue, forró, valsa, tango, danças gaúchas, tudo que se dança com um par num salão, é chamado de dança de salão”, diz. “Já o hip hop e o street dance são danças de rua, que surgiram na rua, ai passaram pras academias, mas os dançarinos também dançam ou por prazer ou pra se apresentar”, completa.

Kika fala, ainda, de como se sente em relação à dança: “Eu, como professora, me sinto muito feliz em ver os rumos que a dança tomou, como, por exemplo, a dança de salão, que hoje é feita por várias pessoas, pessoas comuns que se aventuram nessa maravilha que é dançar. A dança de salão é maravilhosa, pois é feita entre duas pessoas, onde cada um tem que aprender a linguagem do seu parceiro, essa é a parte mais bonita, aprender a sentir o movimento, a conexão de um corpo com outro. É muito mais do que saber dançar um tango com coreografia pronta, é aprender a sentir o que o companheiro, ter os corpos em sintonia. É a parte mais benéfica da dança de salão, mais mágica. Hoje em dia, também, se abriu um leque para todas as idades, não tem aquela discriminação, as pessoas dançam porque gostam e se sentem bem em fazer aquilo, sem intuito profissional. Os homens também, vejo que estão procurando muito mais a dança, sem importar o preconceito.”

Com a depressão, a doença do século XXI, a dança tem sido um fator importante para a qualidade de vida do ser humano, pois com o movimento, nosso corpo libera endorfina, a substância da felicidade, que falta nos depressivos. “As pessoas, nesse momento que estamos vivendo, de violência, competitividade, os valores em baixa, estão procurando coisas que lhes façam bem e a dança é aconselhável para todas as idades, para curar o homem.”

Kika finaliza: “Cada pessoa pode escolher dançar o que gosta, desde o clássico até o mais contemporâneo. Tem que dançar, dançar sem medo, para aliviar o corpo, principalmente hoje quando o os profissionais trabalham parados, em frente a um computador, por exemplo, a energia fica trancada, precisando sair, porque nosso corpo precisa de movimento. O movimento é nato do ser humano, para que ele possa se manter saudável. Todo mundo pode dançar, desde que nasça até quando tem forças, o que todos devem saber é que não podem transgredir os limites do seu corpo, cada pessoa tem que sentir seu corpo, fazer o que pode. Independentemente da idade, quem dança melhor não é o que faz mais acrobacia, mas sim dançar, pode ser simples, coladinho e estar no ritmo, conectado com o parceiro.”

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