“Um povo corrompido não pode tolerar um governo que não seja corruptor”. Marquês de Marica (1773-1848)

SUCESSÃO DE ROUBALHEIRAS

A corrupção ministerial do dia foi dedicada ao Ministério do Turismo. Com o sugestivo nome de “Operação Voucher” – um documento expedido normalmente por uma agência de turismo para o pagamento de hotéis, aluguéis de veículos, etc. – a Polícia Federal fez uma varredura na pasta ministerial tendo nas mãos de seus agentes 38 mandatos de prisão preventiva (19) e prisão temporária (19), além de sete outros mandados de busca e apreensão.

As ações da PF ocorreram em Brasília, São Paulo e Macapá e como os presos na capital federal e na capital paulista foram transferidos de avião para a capital do Amapá, tudo indica que a roubalheira tem sua matriz lá no extremo norte brasileiro.

O miolo da rapinagem é o desvio de recursos públicos em convênios do Ministério de Turismo e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). Conforme as investigações eram convênios frios com pagamentos antecipados de serviços não-realizados, fraudes em documentação e falta de fiscalização.

A roubalheira flagrada pela PF junta-se a outras denuncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, via Dnit, e no Ministério da Agricultura, via Conab. O primeiro ministério estava sob o controle do PR que anda de cara feia com Dilma Rousseff, mas só de cara feia. Os ministérios mais recentes envolvidos em falcatruas (Agricultura e Turismo) são da cota do PMDB.

A falcatrua do dia no Turismo obrigou o senador José Sarney a defender o seu amigo Pedro Novais, titular da pasta – homem de reputação ilibada – mas o presidente do Senado negou que o ministro tenha sido uma indicação pessoal sua.

Sarney disse que no acordo com o PMDB, a indicação de Pedro Novais foi da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Para o Senado, a indicação foi a do titular do Ministério de Minas e Energia, Edson Lobão.

Sem querer (ou sem querer sabendo) José Sarney mostrou como se faz uma distribuição de cargos ministeriais onde a distribuição das fatias da pizza é organizada pelos interesses eleitorais e de apoio da base parlamentar partidária ao governo. Competência, ficha limpa, conhecimento técnico do cargo são atributos sem qualquer prioridade. O negócio é nomear os companheiros como se os ministérios fossem butins depois de uma batalha eleitoral vencida.

O que o país está vendo todos os dias, estarrecido diante de tantas irregularidades e falcatruas, é somente o resultado de acordos que o Planalto teve de fazer para poder governar o Brasil.

LOBISTA-TRAFICANTE (1)

Acredite! O lobista Julio César Froes Fialho, conhecido no prédio do Ministério da Agricultura, em Brasília, como “Dr. Júlio”, por ter um gabinete para despachos e elaboração de editais (segundo a revista Veja) teve outra biografia revelada nesta segunda-feira.

LOBISTA-TRAFICANTE (2)

O “Dr. Júlio” já cumpriu três anos de cadeia no Ceará e em Minas Gerais por tráfico de drogas e sua foto foi publicada no jornal O Povo, de Fortaleza (abril de 1992). Sua prisão se deu em 1992, no aeroporto da capital cearense, com meio quilo de cocaína na bagagem. As informações foram divulgadas com exclusividade pelo colunista Cláudio Humberto.

MISTÉRIO

Como o “Dr. Júlio” tinha tal privilégio é um mistério, mas, seguramente, depois do noticiário com a foto do lobista dando entrevista em 1992 como traficante preso pela Polícia Federal , o ministro Wagner Rossi está a perigo.

POLÍCIA FEDERAL

Em entrevista coletiva, o delegado Paulo de Tarso Teixeira, o segundo homem na hierarquia da instituição, disse que as prisões no âmbito do Ministério do Turismo mostraram apenas que a Polícia Federal é apartidária. Em resumo: é uma Polícia do Estado e não do Governo.

 

Você pode gostar também de:

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.