Prostituição, desabafo e flagrantes nas noites de Livramento

Durante uma semana, a equipe registrou imagens e tomou depoimentos chocantes sobre o comércio do sexo na Fronteira

 

O que leva um jovem a se prostituir? Como funciona a venda do sexo na Fronteira? Em relatos, quem trabalha com a prostituição conta que a escolha por essa vida se dá em busca de dinheiro rápido. No princípio seria uma oportunidade passageira, porém com o dinheiro cada vez maior e com um faturamento mensal muitas vezes mais alto do que em empregos formais, os profissionais do sexo acabam se espalhando pelas ruas da cidade. Eles sofrem e passam por situações violentas, mesmo assim seguem na busca diária pelos clientes. A reportagem especial buscou mostrar a realidade da noite nas principais ruas santanenses e conta com depoimentos de pessoas reais que aceitaram contar o lado pessoal, os detalhes da noite e a forma como trabalham.

Nossa equipe, durante uma semana, acompanhou o trabalho de diversos profissionais. No vídeo, a reportagem produzida para o conteúdo online de A Plateia, é possível ver com riqueza de detalhes os depoimentos inéditos, os flagrantes e a forma como funciona a prostituição na Fronteira.

 Abusos na vida noturna

Sob o apelido simbólico de Pâmela, um travesti contou sobre sua vida de prostituição. Foram mais de 15 anos na rua “Eu já fui estuprada oito vezes. Já fiz programa com quem eu não queria”, desabafou. Pâmela contou que a prostituição cresceu de anos para cá. As brigas e as disputas por espaço na rua, corriqueiras nos grandes centros, segundo ela, se dá de forma tranquila entre brasileiros e uruguaios.

Um rapaz de 20 anos de idade confessou que depois de sofrer um estupro entrou na vida de prostituição. Muitas vezes, após traumas sexuais, é assim que muitos seguem esse caminho.

O prazer circula entre as avenidas de Rivera e do Brasil, uma liberdade comum sofrida por vários deles.

Um rapaz de 21 anos que frequenta a noite do Parque Internacional, disse que entrou na prostituição depois de sofrer abusos do padrasto dentro de casa “Ele me disse: você é homem da vida, eu vou fazer isso com você e não vou pagar”.

 O aborto de um sonho

Na grande maioria, as ruas de Livramento são palco para garotos que se travestem de mulheres e desfilam à procura de programas. Três declararam ter um sonho: um almeja ser delegado de polícia, um rapaz paga o curso na área da saúde com o dinheiro que ganha nos programas, e outro pensa em estudar, fazer uma faculdade e sair do mundo da prostituição. 

O preço do prazer

Rapazes e moças relatam que um programa simples chega a custar R$ 30,00, outros R$ 50,00 e outros R$ 70,00. Alguns jovens, que são viciados em drogas, chegam a fazer programa por R$ 7,00 (o preço de uma pedra de crack). Rapazes que frequentam a noite disseram que chegam a ganhar quase um mil reais por mês, mas alguns conseguem faturar o dobro.

Onde são feitos os encontros?

A maioria dos profissionais afirmam que os programas acontecem nos próprios carros dos clientes, em motéis ou hotéis da cidade. Em um dos depoimentos mais chocantes, um travesti afirmou que alguns homens preferem fazer o programa na própria casa. “A gente entra no quarto deles e vê as fotos, crianças e a família, dá uma pena de ficar alí”. Os programas feitos em motéis custam mais caro a cabe ao cliente custear as horas de prazer. A maioria afirma que os clientes são homens, casados e com filhos. “enquanto as mulheres estão trabalhando, eles ficam com a gente”. Alguns ainda fazem encontros com casais, mas a maior procura é dos maridos. Alguns relatam que o encontro ultrapassa o comércio e se transforma em afetividade.

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