O Mercado da Maconha e das drogas na Fronteira

As fronteiras da erva entre brasileiros e uruguaios

Em dezembro do ano passado, foi aprovada no Uruguai a lei que criava o mercado legal da maconha. Na última segunda-feira, 5, o presidente uruguaio José Mujica assinou a lei que regulamenta esse mercado. A partir de agora, os cidadãos do país poderão plantar a erva em casa, para consumo próprio. Após o início da produção, algumas farmácias autorizadas deverão vendê-la. A Plateia esclarece os detalhes da regulamentação, composta de 104 artigos e de possíveis situações típicas das fronteiras secas, envolvendo a erva.

A compra da maconha poderá ser realizada somente por cidadãos uruguaios, previamente cadastrados, porém, mesmo antes desse procedimento se iniciar no país, diversos jovens já exibem o consumo da droga em público. A escadaria localizada no Cerro Marconi, em Rivera, chama a atenção pela incrível vista panorâmica da cidade, mas é conhecida também por ser palco de encontros de jovens e adultos usuários da erva. O local, que recentemente foi reformado pelo governo uruguaio, já foi alvo de pichações mostrando o orgulho de alguns cidadãos pela regulamentação do cultivo da maconha. Um desses desenhos traz a frase “My Planta Crece En Tierra Uruguaya”. Nos locais visitados pela reportagem no país vizinho, o consumo se dá mesmo à luz do dia, em um ambiente tranquilo, formado pelos usuários.

As plantações ainda não cresceram e as vendas também não iniciaram, mesmo assim muitos usuários conseguem a droga e se reúnem para usá-la em diversos pontos da cidade. A reportagem encontrou um grupo de jovens usando a erva na escadaria do Cerro Marconi. Um rapaz de 25 anos, que preferiu não se identificar, vibrou com a regulamentação da erva. “Agora nós vamos começar a consumir algo de qualidade e controlado pelo Estado.” O jovem ainda demonstrou interesse em que se elimine as formas ilegais de obtenção da maconha. “Espero que a consciência das pessoas mude em relação ao contrabando e ao narcotráfico”, destacou o usuário.

Já no Brasil, a lei antidrogas proíbe desde o consumo, até a venda da erva no país. De qualquer forma, a maconha é muito utilizada por jovens. Em alguns bairros da cidade, moradores relatam que grupos se formam para consumir a droga. Eles contam que do lado de cá, o consumo geralmente acontece durante a noite, já que não é permitido.

 A Fronteira da Droga

Na divisa entre Livramento e Rivera, uma das mais curtas do mundo, os possíveis contratempos gerados pela regulamentação deverão ser muito peculiares. Por exemplo, se um usuário registrado legalmente para consumir a erva no Uruguai, estiver transportando-a em um veículo e passar para o lado santanense, a atitude pode ser considerada pela lei brasileira como tráfico internacional de drogas. O cidadão pode responder com pena de reclusão de 5 a 15 anos e ter o veículo apreendido, é o que destaca o delegado Eduardo Santana Finn.

Para parte da população santanense, a regulamentação do lado uruguaio não afetará a convivência do lado brasileiro. Já outra parte pensa que o uso em Rivera pode ocasionar situações indesejáveis, principalmente em ambientes binacionais, não raros em nossa Fronteira. 

Livramento: A droga e a Lei

Em universos paralelos, a venda e o consumo da droga no Brasil ultrapassam qualquer legalização e criminalização. Jovens não se intimidam e o consumo é feito em ruas e praças. A Plateia conheceu pessoas e lugares onde o consumo é feito abertamente e em convívio com a comunidade, e o depoimento de um jovem choca pela frieza e detalhes desse mercado. Confira no site a reportagem especial sobre o consumo da droga no Brasil e Rivera, histórias de jovens que desde cedo conheceram o prazer proibido.

Maconha no Uruguai: 65% estão contra a liberação

Uma pesquisa de opinião pública feita por um instituto uruguaio mostra que 65% da população estão contra a lei que liberou a maconha no país, mesmo sob o controle do Estado, contra 25% a favor, 9% de indiferentes e 1% sem opinião.

O resultado foi publicado nos principais jornais de Montevidéu e indica que as posições são as mesmas da última pesquisa feita em fevereiro de 2013, quando a lei ainda não havia sido votada no Congresso.

Regulamentação da maconha no Uruguai

Compra e Consumo

Poderão consumir a droga cidadãos uruguaios residentes e permanentes no país, maiores de 18 anos. Para as compra nas farmácias, haverá um registro. Turistas e estrangeiros não poderão comprá-la.

Plantio

Para o consumo próprio, haverá o limite de seis plantas por residência ou o cultivo de 480 gramas anuais. Isso será autorizado somente a maiores de 18 anos.

Publicidade

Não poderão existir comerciais de TV, rádio, anúncios e qualquer forma de publicidade que estimule o consumo da maconha.

Preço da Maconha

A previsão do governo é de que um grama da erva seja vendida a 1 dólar. O nível máximo da principal substância psicoativa presente na erva será de 15%. 

Punição

Quem plantar, armazenar ou comercializar de forma ilegal a erva, poderá ser preso. A pena pode chegar a 10 anos. A revenda da maconha não é permitida e tampouco a venda por empresas não registradas.

Venda

A maconha será vendida exclusivamente em farmácias licenciadas. O consumo mensal máximo será de 40 gramas, 10 por semana.

Locais permitidos

A maconha não poderá ser consumida em ambientes fechados, centros de saúde e educativos e em transportes públicos e escolares.

 

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