Cancun é Cancun, até debaixo d’água

Chuva torrencial na noite de sábado não impediu que mais de 2.500 pessoas fossem até a sede campestre do Caixeiral

Passada a chuva, público compareceu em significativo número à sede campestre do Caixeiral

Eram 21h30 de sábado, 1º de fevereiro. No palco, a cerca de 40 metros da área coberta, eram realizados os testes finais com o sistema de iluminação. Sob o abrigo parcial da cobertura, um contingente de seguranças, equipes de apoio, de bar e alguns diretores. Somaram-se a esses, cerca de 30 pessoas, as primeiras a chegar, sob chuva tênue, que, logo depois, se transformaria em um verdadeiro dilúvio.

A RCC FM, ao vivo, com Luis Fernando Martins e Henrique Bachio na sede campestre, contando com o serviço técnico de Marcelo Pinto e a ancoragem de Sérgio D’Ávila no estúdio central, confirmou com o presidente do Clube CaixeiraL, Luiz Carlos da Silva: não haveria suspensão do evento. Eram 22h01 quando isso ocorreu. A chuva se intensificava e a diretoria realizava consultas constantes aos portais de meteorologia e à Estação Meteorológica de Rivera. Minutos depois, Luiz Carlos da Silva transmitia a informação de que, em 40 minutos, a chuva passaria.

Não deu outra. Às 22h36, já era possível visualizar pelo menos uma estrela no céu. Estava solucionada a questão tempo e, às 23h, a santanense El Dos Banda subiu ao palco, anunciada pelo radialista José Erni de Almeida Jobim, com a missão de abrir a noite e fazer a preliminar do show do Pixote.

Show Pixotesco

No palco, pagode para quem gosta de música e irreverência a toda prova


Antes do show, os integrantes do Pixote: Tiola Chocolate, Du, Dodô, Mineirinho e Thiaguinho, em pose especial para A Plateia

O dicionário da Língua Portuguesa terá que arrumar um espaço para um novo verbete. Se admitiu quixotesco (em uma alusão a D. Quixote de La Mancha) figurativamente para definir o que, ou quem, é generosamente impulsivo; sonhador, romântico, nobre, mas um pouco desligado da realidade; deverá estabelecer Pixotesco como divertido, irreverente, descontraído, em alusão direta ao Grupo Pixote, atração nacional de Uma Noite em Cancun, já na madrugada de domingo. Se lá em 1993, surgiu como Revelação do Samba, o atual Pixote, paulista, mantém sucesso pelo carisma, além da qualidade musical, e capacidade de transmitir essa musicalidade. Dodô, aliás, Douglas Fernando Monteiro, o vocalista da banda, é um showman, intercalando as músicas com tiradas bem humoradas e frases do cotidiano. Conta com Thiago Carvalho Santana, o Thiaguinho, nos teclados; Clayson Rangel Batista, o Mineirinho, no violão; Agnaldo Nascimento Apolinário (Tiola Chocolate) no tantan; e Eduardo Pereira Pacheco (Du), no pandeiro. Brilho de Cristal, Saudade de Nós, Beijo Doce, Uma Simples Carta, Para de Pirraça, Dilema, Meu Amor, entre outras tantas músicas que constituem um pouco da trajetória do Pixote, integraram o repertório.

Temporal de talento

El Dos Banda surpreendeu com excelente repertório e performance de alta qualidade

Após a chuva, um temporal de talento tomou conta do palco de Uma Noite em Cancun, com os integrantes da El Dos Banda: Edinho, Giuliana, Claudio, Giovanna e João Ambrósio. Repertório de nível internacional, além do rock nacional, qualidade vocal e instrumental que, segundo alguns dos expectadores que já conheciam a banda, vem em um crescendo, conquistando espaços. Precedendo o show do Pixote, os santanenses da El Dos apresentaram um compromisso com a musicalidade, indo da Rádio Pirata, do RPM (típica dos anos 80), passando por Toda Forma de Amor, de Lulu Santos (também clássica do período 80/90), Come Together, dos Beatles (indispensável), What’s up?, de 4 Non Blondes (sucesso dos anos 90) e Loosing my Religion, do R.E.M., entre diversos outros sucessos musicais de todos os tempos, como Erva Venenosa, de Rita Lee. A El Dos Banda não apenas agradou o público presente, mas demarcou seu território com a leveza dos grandes, chancelando a escolha da diretoria caixeiralista, quando decidiu escalar o conjunto de músicos para abrir o Cancun 2014. El Dos Banda, mais do que isso, efetivamente deu a prova de que Sant’Ana e Rivera produzem, com seus talentos jovens, qualidade e sensibilidade musical a ponto de cativar.

Os loco lá da Fronteira

Rogério Mello, Cesar Oliveira e Edilbeto Bérgamo, na gaita, iniciando o segundo show

O grito de “ibiiiiiiiiihihihihihihihihihiuuuhuhuhuhuhu”, para alguns, é simplesmente o grito de fronteira. Para outros, na metade norte gaúcha, é o Sapucay, ou no abrasileirado Sapucai. Sapucai, sem acento no “i”, vem da cultura gaúcha, um brado saído do fundo da alma de um povo forjado nas lutas, com sangue de índios bugres, italianos, portugueses e espanhóis, entre outros. Entender essas definições é entender César Oliveira e Rogério Mello. Amigos desde piazitos, criados juntos na Terra dos Marechais – São Gabriel -, rapidamente ascenderam com um estilo musical típico de fronteira, com a evidência do gauchismo puro, campeiro.

Público foi até pouco antes das 5h prestigiando o show da dupla regionalista

No Cancun de sábado/domingo, dispensando apresentações, Cesar e Rogério foram recebidos a gritos dos fronteiriços, em uma saudação telúrica, evocando a essência terrunha que, inexplicavelmente, faz eclodir um sentimento de afetividade pelo que é gaúcho. Abriram com A Minha Voz, para, como disseram, a “Sant’Ana, velha de guerra”, seguindo com o Recuerdo, que guarda saudade de um tempo que hoje é ausência, confirmando Como é Lindo Meu Rio Grande, entre outras consagradas da dupla, Apaysando; Pica-pau do Bico Amarelo; Prego na Bota; Regional; Prá Bailar de Cola Atada; chegando a Lá na Fronteira; Os loco lá da Fronteira; encerrando com Velório do Juca Torto (letra do santanense Anomar Danúbio Vieira).

*Em tempo: Sapucay, no dialeto mbya-guarani, proveniente da língua tupi, significa grito. O termo surgiu nas tribos guaranis, e os gritos simbolizavam emoções e momentos vividos pelos índios.

 

O trabalho da RCC FM

O estreante Luiz Fernando Martins; Dodô, do Pixote; e Marcelo Pinto

A rádio RCC FM – com Henrique Bachio e Luis Fernando Martins (estudante de jornalismo no IPA e colaborador eventual de A Plateia e da emissora), contando com a técnica de Marcelo Pinto, transmitiu ao vivo, na íntegra, Uma Noite Cancun. Ouvindo as impressões do público, levando informações prévias e durante o transcurso da festa, entrevistando as celebridades presentes, a emissora cumpriu com um papel importante, ainda durante o período de chuva, antes das 22h30, confirmando para toda a fronteira oeste a realização do Cancun. Luis Fernando Martins fez sua estreia como repórter em transmissão continuada, aproveitando para conversar, nos bastidores, com as rainhas do Carnaval do Clube Caixeiral, Georgia Souto (adulta) e Júlia Soares (infantil) e os integrantes da banda Pixote.

Público qualificado 

Georgia e Julia, raihas do Carnaval do clube, com os integrantes do Pixote, no palco da sede campestre


Rainha adulta do Carnaval, Geórgia; o casal presidente, Sandra Badra e Luiz Carlos da Silva; e a rainha infantil, Julia

Ontem, no início da tarde, o presidente do Clube Caixeiral, Luiz Carlos da Silva, fez uma avaliação positiva do evento. “Apesar do mau tempo registrado logo após a abertura dos portões, que até desestimulou algumas pessoas, podemos destacar esta edição como um evento ímpar, pois tivemos um público qualificado, que realmente gosta de atrações diferenciadas” – disse, salientando que a diretoria trouxe o Pixote, investindo em uma atração nacional, e Cesar Oliveira e Rogério Mello, atração regional, como forma de corresponder as demandas do público. “Esse público respondeu positivamente, tão logo foi informado que não choveria mais” – disse ele, avaliando positivamente a realização, especialmente em função da qualidade dos shows.

Durante o evento, a RCC FM ouviu pessoas de Dom Pedrito, São Gabriel, Rosário do Sul, Alegrete, Rivera, entre outros departamentos uruguaios e municípios circunvizinhos.

Patrulhando a vida

Nas rodovias federais e no acesso à sede campestre do Caixeiral, a Polícia Rodoviária Federal estruturou um dispositivo com a finalidade de fiscalizar o consumo de bebida alcoólica e o uso do volante. Segundo Régis Limana, um dos comandantes operacionais da ação, a blitze teve como finalidade evitar a circulação de pessoas que não tivessem condições de dirigir, em função do consumo do álcool, assim como os demais aspectos de segurança para a comunidade.

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